XPBR31 vale a pena após pagar dividendo de US$ 0,58 por ação?
As ações da XP (XPBR31) já renderam quase +50% neste ano, despertando o interesse dos investidores pelo ativo.
Apesar da alta dos papéis, o BDR da XP negocia -51% abaixo do preço do IPO, no patamar de R$ 107.
Na abertura de capital, em dezembro de 2019, a empresa levantou US$ 2,25 bilhões, em uma operação que precificou o papel a US$ 27,00, ou R$ 113,4/ação no câmbio de R$ 4,20.
O que aconteceu? Vamos descobrir.
O que é XPBR31?
Os BDRs são certificados de depósitos de ações do exterior que são negociados na bolsa brasileira – como a XP é listada na Nasdaq, os BDRs são a forma de negociar papéis da companhia por aqui.
Na prática, 1 ação XPBR31 representa 1 ação classe A da XP negociada nos EUA.
A derrocada
Além da pressão vendedora do Itaú e Itaúsa, que juntos chegaram a somar mais de 20% de participação na corretora, as ações também refletiram o ciclo de alta dos juros a partir de 2021.
O ciclo de alta dos juros a partir de 2021 provocou melhores oportunidades em produtos de renda fixa, que são menos rentáveis para a XP comparados com a renda variável. Esse efeito desacelerou o crescimento da corretora e, consequentemente, as suas ações.
Os sinais de recuperação
O principal fator para a melhora no desempenho dos papéis da XP é a queda dos juros no Brasil. Juro mais baixo proporciona uma perspectiva melhor para a renda variável, na qual a corretora tem uma grande exposição. O varejo continua sendo o principal negócio da XP.
Para se ter uma ideia, dentro do segmento de varejo da XP, que representa mais de 70% da receita bruta total, a renda variável é responsável por cerca de 40% da receita.
No início de 2023, os juros e a economia ruim pegaram em cheio o lucro e a captação da XP, que registraram queda.
Apesar de as novas linhas de crescimento (cartões, crédito, previdência e seguros) começarem a reduzir a dependência da XP em renda variável, a companhia ainda depende de um cenário favorável para a renda variável.
Com o início do ciclo de queda da Selic e a queda dos juros longos, o cenário começa a ficar mais favorável para a bolsa e consequentemente para a principal linha de receita da XP.
As dores do crescimento
Antes do IPO, em dezembro de 2019, a XP tinha uma operação mais simples. A estratégia em abrir novas verticais de crescimento e reduzir a dependência em renda variável foi acertada, mas o momento não ajudou.
Em meio aos juros elevados e ao crescimento baixo, a alta dos custos e as despesas com as novas verticais pressionaram as margens da XP, que precisou revisar sua estratégia.
A companhia agora está focada em continuar crescendo as novas verticais, mas sem comprometer sua rentabilidade.
XPBR31 dividendos
A companhia tem retornado capital aos acionistas em forma de recompras ou dividendos, inclusive distribuiu proventos em setembro deste ano. O pagamento foi o primeiro desde o IPO.
Foram distribuídos US$ 320 milhões em dividendos, ou US$ 0,58 por ação. Pela cotação atual, a distribuição representou um dividend yield de 2,6%. Em 2022, a companhia lançou um programa de recompra de aproximadamente R$ 900 milhões de ações classe A para realizar essa distribuição.
Sem uma política de pagamento de dividendos, a distribuição de parte dos lucros faz parte da estratégia da companhia em aperfeiçoar sua estrutura de capital.
Para 2024, a expectativa é um yield semelhante ao atual, entretanto, no longo prazo, à medida que a corretora retomar o seu crescimento e reforçar sua resiliência, o pagamento de dividendos pode ser mais frequente nos próximos anos.
Comprar ou vender ações da XP?
Para além dos resultados razoáveis apresentados no 2T23, existem ainda muitos desafios pela frente. Em nossa leitura, as novas verticais de negócios da XP seguem apresentando um bom crescimento, mas não conseguem compensar a queda nas receitas de varejo.
Com isso, acreditamos que o resultado deve continuar aquém do passado.
Nossa recomendação para os investidores é MANTER, visando aproveitar o ciclo de queda de juros, que vai impulsionar o resultado, e uma eventual melhora de fluxo para Bolsa no curto/médio prazo.
Nossa preferência no setor está para BTG Pactual (BPAC11), pautada na maior resiliência do negócio. A companhia tem apresentado ótimo crescimento mesmo com mercado ruim e tem feito novas aquisições — a mais recente foi a compra da Órama por R$ 500 milhões.
Existe boa perspectiva de continuar crescendo e hoje não são tão dependentes de renda variável como no passado.
Estamos mais confiantes com a recomendação de COMPRA em BPAC11.