Vittia (VITT3): “small cap” de fertilizantes libera ações ao investidor de varejo
O valor de mercado da Vittia (VITT3) fechou em torno de R$ 1,50 bilhão na sexta-feira, 3, acumulando uma valorização de 26,4% desde a sua estreia no mercado acionário brasileiro no início de setembro de 2021.
A empresa realizou a abertura de capital (IPO) em um modelo de lock-up, mecanismo que restringe a venda do papel por um determinado período após a oferta inicial.
Lock-up Vittia
O lock-up é um tipo de restrição que impede a venda de ações de um IPO durante um prazo estabelecido.
O objetivo principal do lock-up é mitigar especulações com o papel nas primeiras semanas ou mesmo meses de negociação.
É também uma forma de atrair investidores de maior porte, como gestores e controladores, comprometidos com o longo prazo.
No caso da Vittia, a carência foi de 18 meses. Após o IPO, as negociações ficaram restritas aos investidores de varejo.
Com o vencimento da carência, todo investidor da B3 consegue comprar as ações da companhia.
A liberação ocorreu na última sexta-feira, 3 de março.
A empresa
Para quem não conhece, a Vittia fabrica produtos para proteção e nutrição vegetal, dois processos fundamentais para as lavouras.
O foco dos produtores rurais é produtividade, ou seja, elevar ao máximo a sua produção por hectare. Além de um bom solo e boas sementes, os agricultores utilizam fertilizantes (nutrientes) para impulsionar a produtividade da plantação.
Com 51 anos de existência, a Vittia atua em ambos os segmentos, nutrição e proteção vegetal, mas ela não é uma empresa qualquer de fertilizantes e defensivos agrícolas.
O forte investimento em pesquisa e desenvolvimento desses produtos para a produção em escala nas últimas décadas tornou a companhia altamente eficaz e competitiva em termos de custos.
Oportunidade
A joia da coroa da Vittia, e também seu maior foco para alavancar o crescimento, é o mercado de proteção vegetal (defensivos biológicos).
O mercado está dando os primeiros passos, os defensivos biológicos representam apenas 2% do mercado total de defensivos no Brasil, girando em torno de R$ 81 bilhões.
Em um mundo ESG, em que a segurança alimentar e o meio ambiente são cada dia mais relevantes, o potencial de crescimento desse mercado é grande.
A participação dos produtos biológicos nos resultados da companhia vem em uma crescente; entre 2020 até hoje, a participação desses produtos passou de 16% para 21%.
Além disso, os custos dos produtos biológicos são bem mais baixos, a margem bruta de biológicos é de cerca de 77% contra 35% dos fertilizantes.
O fator-chave do segmento de biológicos é a capacidade de pesquisa e desenvolvimento de produtos, tecnologia e mostrar as vantagens dos produtos para os consumidores.
Riscos
Além do risco de execução, outro risco relevante para a Vittia é a competição. As ótimas margens e o crescimento potencial de biológicos vão continuar atraindo concorrentes para a companhia.
Para continuar aproveitando todo o potencial de mercado, a Vittia precisa continuar investindo em P&D, profissionais, tecnologia e capacidade produtiva.
Para reduzir esse risco, os investimentos em P&D e de capacidade de produção são crescentes. A expansão da produção de biológicos está em andamento, com o foco em triplicar sua capacidade no próximo ano (2024).
Guerra na Ucrânia
O conflito entre russos e ucranianos já dura mais de um ano e muitos investidores se questionam sobre os benefícios para as empresas ligadas a fertilizantes e defensivos agrícolas.
A Rússia, por exemplo, é grande exportadora de fertilizantes. Como resultado do conflito no Leste Europeu, o preço global de adubos e fertilizantes subiu.
Embora as soluções em fertilidade da Vittia foquem em micronutrientes, não sendo substitutas dos fertilizantes macro (NPK, MAP, DAP, Ureia, KCl), vemos que o mercado tem procurado soluções alternativas para substituir a quantidade de insumos que antes importava dos russos.
Nesse sentido, pode aumentar o interesse por bioinsumos, favorecendo a Vittia e demais players do setor.
Otimismo para 2023
Além de o 4T ser sazonalmente mais fraco, no último trimestre do ano passado, tivemos incertezas sobre o cenário político e atrasos na safra, o que deve refletir em um trimestre mais fraco. Mesmo assim, a expectativa é de crescimento no segmento de biológicos.
Para 2023, a safra recorde no Brasil e o crescimento biológico devem impulsionar o crescimento dos resultados.
Além do crescimento orgânico, a companhia tem buscado M&A para impulsionar seu crescimento e posicionamento nos segmentos de defensivos e fertilizantes.
Vemos com bons olhos o efeito dessa estratégia e, a nosso ver, a Vittia pode ser a nova “queridinha” do setor.