Dívida pública e juros: entenda a economia brasileira e o risco de dominância fiscal

Saiba mais sobre a situação da dívida pública no Brasil, os impactos dos juros elevados e a possibilidade de dominância fiscal. Confira análises e dados atualizados

Marilia Fontes 09/12/2024 18:15 4 min

A dívida pública e os juros altos têm sido temas centrais no debate sobre a economia brasileira. 

Com a inflação pressionada, aumento do déficit fiscal e revisões de metas fiscais, o mercado começa a questionar a sustentabilidade das contas públicas. Além disso, cresce a preocupação sobre o Brasil entrar em um cenário de dominância fiscal, onde políticas monetárias se tornam ineficazes. 

Entenda os principais pontos desse debate, incluindo o aumento da dívida pública, o impacto dos juros e as medidas fiscais anunciadas.

A dívida pública brasileira: o cenário atual

A dívida pública no Brasil alcançou 78,6% do PIB, sendo uma das maiores entre mercados emergentes. 

Esse percentual, que exclui o pico registrado durante a pandemia, é acompanhado de um déficit primário crescente.

Em 2024, o déficit primário já alcança 272 bilhões de reais, e a revisão das metas fiscais tem preocupado o mercado. A combinação de despesas elevadas e receitas insuficientes para cobrir esses gastos levou o governo a rever as projeções de déficit, piorando ainda mais o cenário de confiança.

Déficit nominal e o impacto dos juros elevados

Quando se inclui os juros da dívida pública, o déficit nominal alcança valores recordes, ultrapassando 1 trilhão de reais. Os juros elevados — atualmente acima de 14% — têm agravado esse cenário. Em 2024, o Brasil já gastou 855 bilhões de reais apenas em juros da dívida, um montante que poderia ser direcionado para investimentos em infraestrutura, educação e saneamento básico.

Quer entender como aproveitar oportunidades em renda fixa mesmo em momentos desafiadores? Baixe nosso Ebook Grátis agora e descubra!

A gestão da dívida também enfrenta desafios. A maior parte dos títulos emitidos recentemente está atrelada à taxa Selic, com uma proporção de pós-fixados que pode alcançar quase 50% da dívida total. Isso significa que, caso os juros continuem subindo, os custos da dívida pública crescerão ainda mais rapidamente, pressionando as contas públicas.

O conceito de dominância fiscal e seus riscos

Dominância fiscal ocorre quando o aumento da taxa de juros, em vez de reduzir a inflação, gera desconfiança nos mercados sobre a capacidade do governo de honrar suas dívidas. Isso resulta em desvalorização da moeda, aumento da inflação e saída de capital estrangeiro.

Embora o Brasil ainda não esteja oficialmente em um cenário de dominância fiscal, os sinais de alerta estão presentes. A credibilidade do Banco Central depende de uma coordenação com o governo para controlar gastos. Sem equilíbrio fiscal, o aumento dos juros pode perder eficácia e agravar a situação econômica.

Medidas fiscais anunciadas pelo governo são suficientes?

O governo federal anunciou recentemente medidas fiscais para tentar conter o déficit. Entre elas, estão cortes estimados em 35 bilhões de reais em 2025 e 2026. No entanto, especialistas do Instituto Fiscal Independente (IFI) alertam que esse esforço está longe do necessário para estabilizar a dívida pública.

Estima-se que o Brasil precisaria de um superávit primário de 1,5% do PIB para estabilizar a relação dívida/PIB. Isso equivale a um corte de gastos de 270 bilhões de reais, muito acima do que foi anunciado até agora. Sem medidas mais contundentes, a dívida pública continuará crescendo, e o problema será empurrado para o próximo governo.

O impacto nos investimentos e a visão de mercado

O cenário atual de juros elevados, câmbio pressionado e desconfiança fiscal tem impacto direto nos investimentos. Muitos investidores estão se afastando dos títulos públicos, preferindo alocar seus recursos em ativos menos arriscados ou no exterior. O próprio governo tem enfrentado dificuldades para vender títulos em leilões, o que pode levar ao uso do caixa do Tesouro Nacional, reduzindo ainda mais a liquidez disponível.

Por outro lado, a expectativa de uma possível troca de governo em 2026 pode trazer otimismo ao mercado, especialmente se o novo governo adotar políticas fiscais mais rígidas e comprometidas com o equilíbrio das contas públicas.

A dívida pública brasileira está em uma trajetória preocupante, com déficits elevados e aumento dos custos da dívida devido aos juros altos. Embora o Brasil ainda não esteja em um cenário de dominância fiscal, os riscos são reais e demandam atenção. Sem medidas fiscais mais robustas e cortes significativos de gastos, a sustentabilidade das contas públicas continuará sendo questionada pelo mercado.

Se você deseja navegar nesse cenário econômico desafiador, é essencial buscar orientação profissional. Realize uma análise gratuita da sua carteira e alinhe seus investimentos ao cenário econômico atual.

QUERO MINHA ANÁLISE GRATUITA 

Compartilhar

Background Page