Vale a pena investir nas ações de MILS3?
O setor de locação de veículos sempre atraiu investidores. Seja pela tese de consolidação do mercado de aluguel de carros ou pelas novas tendências de mobilidade, o setor sempre chamou a atenção pelo seu potencial.
Mas todo esse potencial já não parece ser como foi no passado.
Um dos principais fatores nas teses das locadoras de automóveis era o potencial com a consolidação do mercado, entretanto, com o crescimento, as fusões e aquisições de Localiza (RENT3), Unidas e Movida (MOVI3) nos últimos anos, o mercado já não é tão pulverizado como foi no passado.
Pelos dados de 2021 e 2022, após a aquisição da Unidas, a Localiza possui cerca de 40% do mercado e a Movida aproximadamente 15%.
O crescimento para Localiza e Movida ainda parece interessante, mas já não é o mesmo de antes.
Agora, o grande potencial de crescimento é em um outro tipo de locadora.
“Uberização” de equipamentos
A moda agora é ser asset light (estratégia das empresas em manter a menor quantidade de bens e ativos). Essa é a realidade das empresas da “nova” economia.
Mas na “velha” economia isso também já é realidade. Empresas do agronegócio, construção, mineração, indústrias de óleo e gás perceberam que podem ser mais asset light.
Por que comprar se você pode alugar?
Esse é o questionamento que a Mills (MILS3), Vamos (VAMO3) e Armac (ARML3) fazem para conquistar o seus clientes.
Não, não alugamos carros
O foco da Mils, Vamos e Armac é o aluguel de máquinas e equipamentos da linha amarela (tratores, escavadeiras, pás carregadeiras, retroescavadeiras), da linha verde (colheitadeiras, plantadeiras, tratores, pulverizadores), plataformas elevatórias, caminhões e ônibus etc.
Mas existem algumas diferenças entre elas. A Mills, por exemplo, na divisão Rental, é líder em aluguel de plataformas elevatórias, compressores e geradores, e iniciou, no ano passado, os serviços de locação de equipamentos da linha amarela.
Na divisão de Formas e Escoramentos, na qual também é líder no mercado, a Mills aluga painéis, formas, estruturas, torres e escoras para grandes obras de engenharia e infraestrutura.
Por outro lado, a Vamos, controlada pela Simpar (SIMH3), com 20 anos de mercado, possui uma atuação maior no aluguel de caminhões, mas também possui, no seu portfólio, equipamentos da linha verde e amarela, ônibus e implementos para caminhões.
Já a Armac, com 28 anos de atuação, tem um foco maior em linha amarela, mas também faz a locação de caminhões, tratores, plataformas elevatórias, geradores e empilhadeiras.
Em um mercado de aproximadamente R$ 43 bilhões em receita, as três companhias juntas possuem apenas 10% desse total.
Ou seja, o potencial é imenso.
Oportunidade na “velha” economia
Assim como era o mercado de locadoras de carros no passado, o setor de aluguel de caminhões, máquinas e equipamentos é bastante pulverizado e pouco penetrado.
Como tamanho é documento para as empresas de aluguel, um mercado ainda bastante pulverizado é uma ótima oportunidade para as três grandes se consolidarem.
É como a seleção natural de Charles Darwin: sem conseguir tomar dívidas baratas e ter bons descontos para comprar máquinas e equipamentos, as pequenas e médias locadoras vão sendo absorvidas pelas grandes ao longo do tempo.
Mas o potencial do mercado de aluguel de máquinas e equipamentos não fica só pela consolidação. O setor conta com um mercado pouco explorado e ainda estamos longe de atingir a penetração de maduros, a exemplo do norte-americano.
As oportunidades desse mercado crescem à medida que empresas e indústrias entendem as vantagens na locação de ativos. Para acelerar esse entendimento, a Mills, Vamos e Armac também fazem trabalho educacional por meio dos times comerciais.
O potencial de crescimento do mercado de locação de máquinas e equipamentos é inquestionável, mas será que é um bom negócio?
Com certeza alugar máquinas e equipamentos é um negócio tão bom quanto alugar carros, mas me arrisco a dizer que seja até melhor.
Grandes empresas & grandes negócios
A lucratividade e a rentabilidade são características que as locadoras de carros e de máquinas e equipamentos têm em comum.
Com margens elevadas, Vamos, Mills e Armac reportaram resultados excepcionais nos últimos trimestres.
Além de lucrativas, essas empresas são rentáveis, como vemos no gráfico abaixo.
Um dos diferenciais delas em relação às locadoras de carros são os contratos longos, que variam de 1 ano até 6 anos, proporcionando uma boa previsibilidade de resultados.
Outro diferencial é a capacidade de diversificação das receitas, reduzindo a dependência em poucos clientes e setores. Os clientes são de todos os tamanhos e atuam em diversos setores que vão desde a construção, agronegócio, mineração, petróleo, gás até companhias de saneamento e energia.
O potencial de crescimento e o bom negócio de Mills, Vamos e Armac é inquestionável, mas entre as três, tenho a minha preferida.
Muito prazer, Mills
Antes de ser líder em aluguel de plataformas elevatórias, o foco da Mills era a divisão de formas e escoramentos, que representava cerca de 80% da receita total na época e viveu seus tempos áureos com o boom das commodities dos anos 2000.
Com o cofre cheio, o Brasil virou um canteiro de grandes obras. Entre 2007 e 2013, tivemos dois PAC (Programas de Aceleração do Crescimento), Copa do Mundo e Olimpíadas.
Onde havia grandes obras, a Mills estava. O seu crescimento nesse período foi espetacular, mas a política econômica não era sustentável e o país entrou na pior crise da sua história.
Os investimentos foram paralisados, o Brasil entrava em recessão e a Lava Jato investigava as grandes empreiteiras, as principais clientes da Mills.
A Mills passou ilesa pela Lava Jato, mas não pela crise.
A grande virada de Mills
A empresa não podia mais depender de grandes obras e de poucos clientes e a divisão de Formas e Escoramentos não poderia ser mais a sua principal divisão.
Por isso, a Mills decidiu mudar o foco vendo o potencial da sua divisão Rental (locação de plataformas elevatórias), que era um negócio pequeno dentro da empresa.
Com um plano definido, a Mills iniciou sua reestruturação em meados de 2015, comprou a sua principal concorrente, expandiu a frota, ganhou escala e se consolidou como a maior locadora de plataformas do país, com 30% do mercado.
O interessante é que mesmo não dependendo mais da divisão Formas e Escoramentos, que hoje representa apenas 14% da receita total, a Mills é líder com 50% de market share.
Mas a Mills não para, agora ela quer dobrar de tamanho nos próximos anos.
A “Mills” por hora
Vendo o potencial do mercado, a estratégia é expandir seu portfólio e ela já deu o primeiro passo nesse sentido.
Em julho de 2022, a Mills anunciou a aquisição da empresa Triengel, marcando a entrada no segmento de Linha Amarela (tratores, escavadeiras, carregadeiras, retroescavadeiras etc.).
Um passo importante na estratégia da Nova Mills. O mercado de linha amarela e caminhões gira em torno de R$ 40 bilhões, 13 vezes maior que o mercado de plataformas.
A aquisição pode parecer pequena, mas foi apenas o primeiro passo da Nova Mills, que está aproveitando toda a sua experiência, escala, presença nacional e carteira de clientes das plataformas elevatórias no seu novo segmento de linha amarela.
Com a aquisição e os investimentos no aumento da frota, a Mills, com apenas 9 meses de atuação no segmento de linha amarela, já possui cerca de 0,2% de market share.
Mills está preparada para dobrar de tamanho.
Os riscos
Para nós, o principal risco é o de execução, principalmente em estratégias de crescimento via M&A (fusões e aquisições). No entanto, a Mills possui um bom histórico de M&A e foca em aquisições de empresas menores.
As locadoras dependem da atividade econômica, por isso um longo período de recessão pode impactar os resultados e a diversificação da receita contribui para reduzir o risco.
Outro risco para as locadoras são os juros. Como elas precisam investir em renovação e no aumento da frota de forma recorrente, elas precisam se alavancar.
Existem muitos riscos em investir em qualquer empresa, seja na bolsa ou fora dela. Por esse motivo, buscamos reduzir os riscos comprando empresas boas e baratas.
Troque sua locadora de carros por MILS
Mills, Vamos e Armac são ótimas empresas, com bons negócios e atuando em um mercado com grande potencial.
Um ponto de destaque para a Mills é a alavancagem, que atualmente está em 0,8 vezes Ebitda, bem mais baixa que Vamos, com 3 vezes, e Armac com 2,7 vezes.
A alavancagem mais baixa, além de reduzir os impactos nos resultados em cenários de juros altos, deixa a companhia em vantagem para se financiar e fazer aquisições.
A Mills é a típica smallcap que teve tempos áureos de crescimento, sofreu muito na crise, se reestruturou, mudou seu negócio e agora quer dobrar de tamanho com um novo segmento.
A estratégia é que, nos próximos anos, o segmento de linha amarela alcance o mesmo tamanho do que o de plataformas elevatórias atualmente.
Ou seja, Mills vai dobrar de tamanho nos próximos anos.
Em termos de visibilidade de crescimento dos resultados, as três não são diferentes, todas elas devem dobrar de tamanho nos próximos anos.
Se elas crescem igual, nossa preferência será a mais barata, mais uma vantagem para Mills, que negocia a 6 vezes Ebitda e 10 vezes lucro histórico.
Com ótima visibilidade de crescimento, Mills (MILS3) é uma ótima oportunidade de investimento.
Mesmo subindo +63% desde a minha recomendação no Nord Deep Value, a MILS3 continua barata.
Foi por tudo isso que a Danielle Lopes se convenceu e também recomendou MILS3 recentemente para os assinantes do Nord Ações.