Usiminas e Cogna ficam entre as maiores quedas do Ibovespa em julho

Usiminas foi o maior destaque negativo após o resultado vir abaixo do esperado; confira as quedas do mês

Hugo Cabral 02/08/2024 18:10 4 min
Usiminas e Cogna ficam entre as maiores quedas do Ibovespa em julho

Julho foi mais um mês positivo para a Bolsa brasileira (junho já havia fechado com ganhos), mas isso não quer dizer que estamos navegando em mares tranquilos. 

Mesmo com o mercado repercutindo possíveis cortes nos juros dos Estados Unidos a partir de setembro, as incertezas quanto ao risco fiscal no Brasil seguem pressionando os ativos de risco da nossa bolsa. Além disso, o dólar voltou a subir e a operar em patamares elevados.

Desempenho do Ibovespa em julho

Mesmo com o risco fiscal ainda no radar, todos os principais índices acionários encerraram o mês subindo. O IBOV encerrou em alta de +2,4%, enquanto o SMLL subiu +1,6% e o IDIV, +1,5%.

Fonte: Bloomberg

Das 86 ações que compõem o IBOV, 52 registraram uma alta no período, enquanto as outras 34 fecharam em baixa. 

O principal destaque negativo foi a Usiminas (USIM5), com queda de -21,4%, enquanto a maior alta foi da Embraer (EMBR3), com valorização de +21,2%.

Veja a lista das cinco maiores quedas do mês.

Empresa TickerVar. (%)
UsiminasUSIM5-21,4
CognaCOGN3-14,1
São MartinhoSMTO3-9,9
TotvsTOTS3-8,8
MarfrigMRFG3-8,5

1. Usiminas (USIM5) -21,4%

A Usiminas liderou as maiores quedas do Ibovespa em julho. A principal razão para a desvalorização de suas ações foi a divulgação de péssimos resultados no segundo trimestre de 2024. No pregão subsequente à divulgação, as ações caíram -23%. 

Os números ficaram abaixo das expectativas do mercado, com uma receita líquida de R$ 6,3 bilhões no 2T24, representando uma queda anual de -8%. O Ebitda foi de R$ 247 milhões, uma redução de -33%, e a empresa registrou um prejuízo de R$ 100 milhões, revertendo o lucro de R$ 287 milhões obtido no 2T23.

Pela visibilidade ruim de resultados e negociando a 13x lucro e 10x Ebitda, recomendamos ficar de fora de USIM5. Para se expor ao preço do minério de ferro, preferimos VALE3, com elevados rendimentos (dividend yield de 10% para 2024) e negociando a menos de 4x Ebitda.

2. Cogna (COGN3) -14,1%

Às vésperas da divulgação de seus resultados do 2T24, as ações da Cogna continuam sendo pressionadas, já que o setor educacional continua sofrendo com os juros altos, a diminuição das matrículas em razão da desaceleração econômica e das alterações na política de financiamento estudantil. Além disso, o aumento da concorrência reduziu ainda mais as margens dessas empresas.

Apesar de estar sendo negociada a 6x Ebitda, abaixo da média histórica da bolsa, a dependência macroeconômica é um grande fator a ser levado em consideração. Assim, reiteramos que não temos recomendação de compra para YDUQ3.

3. São Martinho (SMTO3) -9,9%

A São Martinho foi mais um destaque negativo do mês, devido às incertezas significativas no mercado global de açúcar. Apesar do início promissor da safra 24/25 de cana-de-açúcar, com produção acima das expectativas, o mix de açúcar está abaixo do previsto. Além disso, as previsões apontam para uma queda acentuada na moagem, com a entressafra começando mais cedo. Ainda, os preços do açúcar, tanto à vista quanto no mercado futuro, estão em queda, devido a um excedente global aparentemente inevitável.

Mesmo negociando a múltiplos atrativos, 7x lucro e 4x Ebitda, atualmente não temos recomendação de compra para SMTO3.

4. Totvs (TOTS3) -8,8%

A Totvs é uma das empresas que apresentarão seus resultados na próxima semana. Para o segundo trimestre de 2024, projeta-se uma estabilidade nos resultados, com uma pequena queda na receita em comparação ao trimestre anterior. Essa redução é atribuída, principalmente, ao crescimento mais modesto na divisão de gestão e à menor originação na operação da sua divisão de serviços financeiros.

Apesar das boas perspectivas sobre a estrutura da empresa de software, as ações parecem estar corretamente precificadas, já que negocia a 31x lucro e 16x Ebitda.

5. Marfrig (MRFG3) -8,5%

As ações da Marfrig sofreram no mês de julho devido às preocupações com um surto de doença de Newcastle em uma granja comercial de aves situada em Anta Gorda, no Rio Grande do Sul. Esse surto poderia impactar as exportações de frango, já que a doença é uma infecção viral que afeta tanto aves domésticas quanto silvestres. No entanto, poucos dias depois, o Brasil anunciou a erradicação do foco da doença, proporcionando alívio para o setor.

Sendo negociada a múltiplos em linha com a média histórica da Bolsa brasileira, não vemos grandes oportunidades para MRFG3 no momento.

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