Lucro da Tupy (TUPY3) cai -23,1%, para R$ 111 milhões no 1T24

Os resultados da Tupy foram afetados devido ao ambiente ainda desafiador, com menor volume de vendas e câmbio desfavorável. Veja a recomendação para TUPY3

Danielle Lopes 15/05/2024 10:47 8 min
Lucro da Tupy (TUPY3) cai -23,1%, para R$ 111 milhões no 1T24

A Tupy (TUPY3) reportou resultados em linha com o consenso do mercado, com uma receita líquida de R$ 2,6 bilhões no 1T24, o que representa uma queda de -7% em relação ao mesmo período do ano anterior.

Já o Ebitda ajustado foi de R$ 308 milhões no período, -2,3% menor na comparação anual, enquanto o lucro líquido totalizou R$ 111 milhões, uma queda de -23,1% comparado ao 1T23. 

No 1T24, as receitas da companhia foram impactadas por um desempenho mais fraco na América do Norte (-12%) e Europa (-17%), porém a América do Sul e Central (+3%) se sobresaiu.

Fonte: Tupy RI

Cerca de 44% das receitas tiveram origem na América do Norte, 37% nas América do Sul e Central, 17% na Europa e 2% nas demais regiões (Ásia, África e Oceania).

Fonte: Tupy RI

Esses resultados foram alcançados num cenário ainda difícil, com menor volume de vendas e câmbio desfavorável, com uma valorização de 5% do Real e de 9% do Peso Mexicano em relação ao Dólar, em comparação com o mesmo período do ano anterior. 

Outros destaques

Do lado positivo, a receita no mercado interno subiu +4,9% no trimestre, com destaque para o crescimento de +13,7% no consolidado em componentes estruturais e contratos de manufatura, devido ao aumento da receita nas vendas de veículos comerciais e carros de passeio.

Fonte: Tupy RI

Do lado negativo, a receita no mercado externo (mais representativa) teve uma queda de -13,1%. Apesar da estabilidade do segmento mais participativo (veículos comerciais e carros de passeio), a companhia apresentou queda em todos os outros setores.

No consolidado, a receita da unidade de componentes estruturais e contratos de manufatura apresentou crescimento de +20% em relação ao 1T23, devido à melhoria das operações no mercado interno, sendo 44% da receita do segmento em usinagem e montagem de motores para terceiros.

A demanda oriunda das aplicações off-road foi afetada, principalmente, pela queda expressiva dos preços globais das commodities agrícolas e pelo desempenho das vendas de máquinas voltadas ao mercado de construção residencial. 

Em energia e descarbonização, as receitas caíram -18% diante da redução de vendas de motores próprios, usados principalmente no agronegócio, pelo menor volume de exportações e por um mix de geradores com menor preço médio.

Em distribuição, as receitas caíram -15%. O negócio de reposição (After Market) foi afetado devido à paradas decorrentes da implementação de um novo software de gestão de armazéns no Centro de Distribuição de Jundiaí-SP, com um impacto de aproximadamente R$ 20 milhões no faturamento nos primeiros meses do ano, que serão compensados ao longo de 2024. 

O negócio de produtos hidráulicos, por sua vez, foi afetado pelo menor volume de construção industrial e pela queda nas exportações.

No 1T24, os custos totalizaram R$ 2,1 bilhões, uma queda de -7%, e as despesas operacionais caíram -12,6% em relação ao 1T23.

Com a melhoria nos custos e despesas, somada à queda de receita, tivemos um Ebitda ajustado de R$ 308 milhões, relativamente estável na comparação anual (-2,3%).

O Ebitda foi ajustado por outras despesas e receitas operacionais (constituição/atualização de provisões, resultado de vendas do ativo imobilizado, despesas com reestruturação e recebimento de valores de perdas incorridas) e alcançou R$ 308 milhões, com uma margem de 11,9%, contra margem 11,2% no mesmo período do ano anterior.

Com um perfil de endividamento muito comedido (1,87x dívida líquida/Ebitda), a companhia se mantém saudável do ponto de vista de alavancagem, o que permitiu a queda do resultado financeiro na comparação anual (-21,5%).

O lucro líquido da companhia foi de R$ 112 milhões, uma queda de 23% em relação ao ano anterior. O resultado é, sobretudo, devido ao menor desempenho operacional, decorrente da queda nas receitas, e ao impacto dos efeitos cambiais sobre a base tributária. Sem o efeito cambial, o lucro líquido foi de R$ 140 milhões, uma queda de -6,7% na comparação anual.

Por fim, a Tupy gerou R$ 121 milhões de caixa operacional no 1T24 e encerrou o trimestre com uma posição de R$1,8 bilhões de caixa. 

O que esperar de TUPY3?

A Tupy tem um papel relevante como consolidador e impulsionador da indústria. Nos últimos anos, realizou aquisições relevantes e ainda opera com uma estrutura que apresenta capacidade ociosa e sobreposição de áreas.

Em um cenário de volumes modestos, o movimento de integração, com custos e despesas associados, interfere no desempenho da companhia. 

Dessa forma, Tupy tem implementado diversas ações de gestão e espera obter resultados adicionais nos próximos trimestres, com ajustes na estrutura e maior flexibilização da produção, o que permitirá a realocação para as linhas com menor custo de caixa, redução de custos fixos e variáveis e aumento das margens. 

O progresso dessas ações também contribuirá para uma melhor alocação de capital, priorizando as plantas mais eficientes, o que permitirá uma maior racionalização e produtividade nas operações do negócio tradicional.

Apesar disso, a empresa continua focada em gerar caixa e, por isso, realizou ajustes na produção em resposta às flutuações do mercado, resultando em uma redução nos volumes produzidos. Efeitos que, quando combinados, impactaram o EBITDA em aproximadamente R$ 130 milhões no 1T24.

O resultado não nos assusta e não altera a nossa posição em relação a Tupy. A companhia atua de forma bastante conservadora em termos de caixa, alavancagem e ajustes na produção fabril, o que nos torna bastante seguros em manter recomendação de compra nas ações da companhia.

Sobre a Tupy

A Tupy é uma multinacional brasileira do setor de metalurgia e produz componentes estruturais em ferro fundido de elevada complexidade geométrica e metalúrgica. 

Essas soluções de engenharia são aplicadas nos setores de transporte de carga, infraestrutura, agronegócio e geração de energia e contribuem com a qualidade de vida das pessoas, promovendo o acesso à saúde, ao saneamento básico, à água potável, à produção e distribuição de alimentos e ao comércio global.

Sua produção se concentra nas fábricas brasileiras, em Joinville–SC, São Paulo–SP e Betim–MG, e no exterior, nas cidades de Saltillo e Ramos Arizpe, no México, e em Aveiro, em Portugal. Além disso, possui escritórios comerciais na Alemanha, Brasil, EUA, Holanda e Itália.

Das linhas de negócio da Tupy, a companhia possui:

Componentes Estruturais e Contratos de Manufatura: componentes estruturais de alta tecnologia e ferro fundido voltados, principalmente, ao segmento de veículos pesados, máquinas e equipamentos – por exemplo, sistema de freio, transmissão, direção e suspensão de veículos e blocos e cabeçotes. Estes, aliás, como dito antes, são os “carros-chefe” da companhia. 

Esse grupo representou 87% das receitas totais nos nove primeiros meses de 2023. E 89% desses componentes são para veículos comerciais (caminhões leves e pesados) e off-road (máquinas agrícolas, equipamentos de construção e infraestrutura); os outros 11% são para veículos leves – principalmente SUVs e veículos de luxo. Os produtos desta divisão são vendidos diretamente a OEMs (Original Equipment Manufacturers).

Distribuição: Divisão que ganhou corpo com a MWM e será a marca de entrada da Tupy no segmento de reposição (aftermarket), com mais de 1.300 pontos de venda que distribuem peças utilizadas em motores MWM e de outras marcas. Esse segmento, que também inclui conexões de ferro maleável e perfis fundidos distribuídos por mais de 3.000 revendedores no Brasil e no exterior, representou 7% das receitas da Companhia nos 9 primeiros meses do ano de 2023. Apesar da baixa participação na receita atualmente, esse segmento apresenta diversas oportunidades de crescimento, através do aumento de capilaridade e lançamento de novos produtos e serviços.

Energia & Descarbonização: Outro negócio oriundo da aquisição da MWM. A empresa é líder no mercado de grupo-geradores (atividade iniciada em 2019), e lançou recentemente outros equipamentos voltados à energia, como torre de iluminação e motobombas. Inclui soluções completas para descarbonização do agronegócio, como biogás e biometano, através do aproveitamento de dejetos e resíduos agropecuários, de lixo e saneamento (esgoto), e em transformação veicular. É nessa divisão que se poderá fazer avanços na cadeia do hidrogênio e biocombustíveis, permitindo à Tupy dar um grande salto em seu crescimento.

Atualmente, 67% das receitas vêm do exterior (antes de Teksid e MWM, essa fatia era de 85%), fazendo da companhia uma das grandes favorecidas em ambientes nos quais o dólar se valoriza frente ao real. Embora cerca de 45% das receitas venham dos Estados Unidos, muitas das peças vendidas para lá são exportadas para diversos locais após a montagem do veículo, como China, Europa e Ásia. Muitas até mesmo voltam para o Brasil. 

Os contratos com os clientes são de longo prazo – e, em alguns casos, o produto fabricado será fornecido apenas pela Tupy. Eles contemplam o repasse da variação de custos de diversos insumos e matérias-primas, contribuindo para a resiliência do modelo de negócios. 

A Tupy atende os principais fabricantes de veículos comerciais, máquinas e equipamentos off-road do Ocidente, além de exportar para a Ásia. Dada a natureza do negócio, baseado em Pesquisa & Desenvolvimento, e a confiança construída em décadas de relacionamento, a Tupy desenvolve produtos que estarão nas ruas nos próximos 5 ou 10 anos.

TUPY3  dividendos

A Tupy não anunciou novos dividendos no 4T23, contudo, considerando os pagamentos dos últimos 12 meses (cerca de R$ 1 por ação), seu dividend yield (rendimento anual) está em 3,59%.

Como faço para comprar ações da Tupy?

Para investir nas ações da Tupy, é necessário ter uma conta em uma corretora de valores. A empresa é negociada na B3 sob o ticker TUPY3.

No momento, temos recomendação de Compra para as ações da companhia, de 7% do total da carteira, até o preço teto de R$ 30,00 na carteira do Nord Ações.

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