TSMC (TSMC34) propõe parceria com Nvidia, AMD e Broadcom para operar fábricas da Intel​

Intel teve prejuízo líquido de US$ 18,8 bilhões em 2024; joint venture liderada pela TSMC pode ajudar a companhia a reencontrar seu caminho

Henrique Vasconcellos 12/03/2025 11:11 4 min
TSMC (TSMC34) propõe parceria com Nvidia, AMD e Broadcom para operar fábricas da Intel​

A TSMC (TSMC34) propôs uma joint venture com gigantes de chips, como Nvidia, AMD e Broadcom, para operar as fábricas da divisão de fabricação de chips da Intel, segundo a Reuters. Essa iniciativa visa revitalizar as operações da Intel no setor de semicondutores, diante dos desafios financeiros recentes enfrentados pela empresa.

As conversas, que estão em estágios iniciais, indicam que a TSMC ficaria responsável pela operação das unidades de produção de chips sob demanda na nova empresa, mas não teria mais de 50% de participação no empreendimento, garantindo que empresas americanas mantenham uma parcela significativa de controle sobre as operações da Intel Foundry Services (IFS).

Apesar da proposta de joint venture estar sendo anunciada pela mídia agora, a apresentação foi feita aos possíveis parceiros antes do dia 3 de março de 2025, quando a TSMC anunciou um investimento adicional nos EUA no valor de U$ 100 bilhões.

Esse investimento, já anunciado, pode frear as iniciativas de uma parceria entre a gigante taiwanesa e as gigantes americanas para restaurar a IFS. 

O que está acontecendo com a Intel?

A Intel teve um ano tumultuado em 2024, marcado por desafios financeiros significativos e mudanças na liderança. A companhia registrou um prejuízo líquido de US$ 18,8 bilhões em 2024, o primeiro da icônica indústria americana desde 1986. 

Esses resultados negativos foram atribuídos a investimentos em novas fábricas de chips da Intel Foundry, que não obtiveram os contratos esperados. Para conter as perdas, a empresa demitiu 15 mil funcionários em agosto, visando economizar US$ 10 bilhões no ano seguinte.

Mudanças na liderança: saída de Pat Gelsinger

Em dezembro de 2024, o CEO Pat Gelsinger se aposentou após divergências com o conselho sobre a estratégia para competir com a Nvidia. Gelsinger, que havia retornado à Intel em 2021, enfrentou dificuldades em reverter a crise financeira da empresa.

Durante sua gestão, a Intel perdeu participação de mercado para concorrentes como Nvidia e TSMC, especialmente no segmento de chips para inteligência artificial.

Intel recebe reforço de peso da TSMC

Com prejuízos bilionários e a perda de liderança no mercado global de chips, o governo dos Estados Unidos decidiu intervir e solicitou à TSMC, líder mundial na fabricação de chips por contrato, que auxiliasse na recuperação da Intel. 

Além da Nvidia, AMD e Broadcom, a Qualcomm também foi abordada pela TSMC para participar da joint venture. A intenção é reunir empresas que já são clientes avançados de manufatura da Intel, garantindo uma sinergia na operação das fábricas e atendendo às necessidades específicas de cada companhia. ​

Mercado precifica divisão da DesignCo/IFS 

O que está cada vez mais claro para o mercado é que a separação da Intel é praticamente certa, resultando na divisão da DesignCo da IFS (DesignCo desenvolve chips, IFS fabrica). 

A Intel não seria a primeira empresa do setor de chips a fazer essa separação. Nos anos 2000, a AMD estava prestes a quebrar quando fizeram este movimento, mantendo a AMD apenas como desenvolvedora, separando a Global Foundries em fabricação — e deu certo.

As recentes movimentações da Intel sugerem que a empresa está trilhando essa mesma direção. Enfrentando dificuldades tanto financeiras quanto operacionais, a companhia registrou a renúncia de seu CEO. A nova gestão, por sua vez, tem enfatizado a estratégia de “maximizar o valor ao acionista”.

Desafios e perspectivas da parceria

Embora a proposta de joint venture apresente uma solução potencial para os problemas enfrentados pela Intel, a integração das operações entre a TSMC e a Intel pode enfrentar desafios significativos. 

É evidente para mim que a TSMC não concederá licença de sua tecnologia à Intel. Essa tecnologia possui um valor significativamente superior ao da própria Intel e representa a maior vantagem competitiva da TSMC no setor de semicondutores. Não vislumbro um cenário em que a TSMC não mantenha o controle sobre suas operações e atue apenas como fornecedora de tecnologia.

As duas empresas utilizam processos de fabricação distintos, o que exigiria ajustes complexos para harmonizar as operações. Não vejo um cenário no qual a TSMC compraria as fábricas da Intel meramente para aumentar sua capacidade. A TSMC já tem uma estratégia clara de expansão e padronização tecnológica, e comprar fábricas da Intel seria um custo desnecessário, uma vez que teriam que reformar praticamente tudo e trocar toda a tecnologia. 

É mais vantajoso construir uma fábrica do zero, como a TSMC tem feito no Arizona. Serão US$ 165 bilhões investidos pela empresa nos EUA ao longo dos próximos anos. 

Além disso, qualquer acordo final precisaria da aprovação do governo dos EUA, que busca evitar a propriedade estrangeira total das divisões estratégicas da Intel. ​

As negociações estão em estágio inicial e o desfecho dessa proposta pode redefinir o futuro da indústria de semicondutores, fortalecendo parcerias estratégicas e garantindo a competitividade das empresas envolvidas no mercado global.

Compartilhar

Receba conteúdos e recomendações de investimento gratuitamente

Obrigado pelo seu cadastro!

Acompanhe nossos conteúdos por e-mail para ficar por dentro das novidades.