TORD11: FII perde R$ 200 milhões ao vender resorts e acumular perdas; entenda
O fundo imobiliário Tordesilhas EI (TORD11) está no centro de uma polêmica que gerou revolta entre os cotistas após uma série de eventos que culminaram em perdas milionárias.
Os investidores do TORD11, conhecido por sua atuação no mercado de recebíveis imobiliários (fundo de papel) e em ativos de risco, têm expressado insatisfação e feito reclamações formais à Comissão de Valores Mobiliários (CVM) e à B3, destacando problemas de gestão e a falta de transparência.
Continue a leitura para entender o imbróglio envolvendo o TORD11.
Sobre o FII TORD11
O Fundo é do segmento híbrido e tem um perfil que conhecemos como High Yield, ou seja, um Fundo com um perfil bastante arriscado e uma tese mais direcionada para ativos estressados. Hoje, o TORD11 possui um PL de R$ 233,38 milhões e conta com 77.553 mil cotistas.
Portfólio do TORD11
O portfólio do Fundo está distribuído da seguinte forma: 20% em equity, 38,8% em FIIs, 38,8% em CRIs, 0,6% em caixa e 2,26% em imóvel. Quanto à concentração setorial, 54,7% está alocado no segmento de hotelaria, 34% no setor residencial e 8,3% em comércio.
Conforme mencionado, o Fundo possui um perfil mais arriscado e conta com três CRIs de série subordinada. Esses títulos apresentam maior exposição a riscos, especialmente devido à sua maior sensibilidade a fatores como inadimplências, distratos, pré-pagamentos ou, em um cenário mais extremo — como ocorreu —, o risco de default, dado o risco de crédito envolvido.
TORD11 registra prejuízo milionário com venda de ativos
Desde setembro, os investidores do Tordesilhas EI (TORD11) cobram explicações da gestora R.Capital sobre a venda dos ativos Resort do Lago e Kawana Residence por R$ 4,6 milhões e R$ 5,4 milhões, respectivamente.
De acordo com informações do portal Estadão E-Investidor, muitos desses investidores alegam que o fundo adotou uma estratégia de risco excessiva, que acabou se revelando prejudicial em um cenário de alta volatilidade.
A falta de comunicação adequada e a gestão aparentemente descuidada dos ativos também são pontos levantados nas reclamações dos cotistas.
Valor patrimonial
Com todos os desafios que o Fundo enfrenta em sua carteira de CRIs, incluindo defaults (inadimplências) e waivers (renúncias de condições contratuais), é possível observar claramente o impacto desses eventos em seu valor patrimonial, demonstrando o quanto ele foi deteriorado.
Além disso, é importante destacar uma mensagem relevante sobre o Fundo em relação ao seu preço. Atualmente, ele negocia a um P/VPA de 0,15, o que, à primeira vista, pode sugerir que está barato, indicando uma oportunidade. No entanto, considerando os diversos problemas que o Fundo enfrenta, esse valor negociado reflete claramente que o preço não representa uma oportunidade real.
Portanto, um P/VPA baixo nem sempre indica uma oportunidade de aporte em um Fundo, reforçando a importância de analisar o ativo como um todo antes de considerar sua aquisição.
TORD11 suspende dividendos
Desde março do ano passado, os cotistas do TORD11 estão sem receber o pagamento mensal de dividendos, consequência da inadimplência dos CRIs da carteira e dos projetos imobiliários que compõem o portfólio do fundo.
Cotas do TORD11 derretem na Bolsa
Os desdobramentos dessa crise têm causado um impacto significativo no valor das cotas, que vêm sendo negociadas a preços bem abaixo das expectativas dos cotistas, levando a questionamentos sobre a solidez do Tordesilhas EI e a eficácia de sua administração.
Em 12 meses, as cotas do FII desvalorizaram 52,8%, negociadas atualmente a R$ 0,99. Para se ter uma ideia, em seu IPO em 2020, a cota veio a mercado em R$ 10,00.
Assim, a performance acumulada do Fundo desde sua criação é de -84,12%.
TORD11 está barato, mas não vale a pena
Conforme destacado, o FII adota uma tese de investimento arriscada, focada em ativos de alta volatilidade e CRIs subordinados, que apresentam um perfil mais agressivo.
A falta de transparência nas informações, evidenciada pela não divulgação recorrente de relatórios gerenciais, serve como um alerta significativo para os cotistas, que precisam estar cientes dos riscos associados a esse tipo de investimento.
Além disso, as recentes perdas milionárias, a suspensão dos dividendos e a acentuada desvalorização das cotas enfatizam a importância de uma análise cuidadosa e crítica ao Fundo.
Assim, é essencial que os investidores se mantenham informados e cautelosos ao considerar o TORD11 em suas carteiras, reconhecendo os riscos que o acompanham.
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