Tesouro Nacional capta US$ 2,5 bi: nova emissão de títulos no exterior
Tesouro Nacional emite títulos em dólares no mercado internacional, vencendo em 2035, com taxa de 6,75% ao ano
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O Tesouro Nacional anunciou nesta terça-feira (18) a emissão de títulos em dólares no mercado internacional com prazo de 10 anos, vencendo em 2035.
A operação visa promover a liquidez da curva de juros soberana em dólar, fornecer uma referência para o setor corporativo e antecipar o financiamento de vencimentos em moeda estrangeira.
Captação de US$ 2,5 bilhões e grande interesse do mercado
A emissão captou US$ 2,5 bilhões, com um rendimento de 6,75% ao ano, representando um diferencial de 2,20 pontos percentuais acima da taxa dos títulos do Tesouro dos EUA.
O volume ofertado teve uma demanda expressiva, atingindo um pico de US$ 6,5 bilhões.
Objetivo da emissão e impacto no mercado
A equipe econômica enfatiza que as emissões de títulos públicos brasileiros no mercado internacional têm como principal propósito fornecer um referencial para o mercado privado de dívida, sem que o governo dependa diretamente desse financiamento externo.
Atualmente, os títulos públicos atrelados ao câmbio representam uma fatia menor da dívida do país, encerrando 2024 em 4,76% do estoque total. A meta para 2025, conforme o Plano Anual de Financiamento (PAF) do Tesouro Nacional, é manter essa participação entre 3% e 7%.
Bancos e estrutura da emissão
A operação foi liderada pelos bancos Bradesco, JP Morgan e Morgan Stanley. O "initial price talk", referência inicial de preços para medir o interesse dos investidores, foi fixado em 7,05%, conforme o serviço IFR, e posteriormente confirmado por uma fonte ligada à operação.
Expansão da emissão de títulos no exterior
Em maio de 2024, o governo solicitou ao Senado uma ampliação do limite máximo de emissão de títulos da dívida pública no exterior, elevando-o de US$ 75 bilhões para US$ 125 bilhões. Segundo o secretário do Tesouro, Rogério Ceron, essa ampliação deve ser utilizada ao longo de 10 a 15 anos.
A emissão anterior do governo brasileiro ocorreu em junho de 2024, com títulos vinculados a compromissos sustentáveis, levantando US$ 2 bilhões.
Melhora no risco-país e cenário econômico
A emissão ocorre em um momento em que o Credit Default Swap (CDS) de cinco anos do Brasil, um indicador de risco-país, apresentou uma queda superior a 20% no acumulado do ano. Esse movimento contrasta com a deterioração observada em dezembro de 2024, quando incertezas fiscais e a eleição presidencial nos Estados Unidos impactaram negativamente os ativos brasileiros.
O presidente do Banco Central, Gabriel Galípolo, destacou recentemente que os mercados demonstraram alívio ao perceber que as tarifas ameaçadas pelo presidente Donald Trump não foram imediatamente impostas, dissipando temores inflacionários iniciais.
Política cambial e posição do Tesouro Nacional
O subsecretário da Dívida Pública do Tesouro Nacional, Daniel Leal, reforçou que o governo não pretende influenciar o câmbio por meio de emissões externas de títulos públicos, destacando que a política cambial e monetária segue sob responsabilidade do Banco Central.
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