Tesouro IPCA: O que é, como investir e riscos envolvidos

Descubra como investir no Tesouro IPCA, uma das opções mais seguras e rentáveis de renda fixa, e entenda os riscos e vantagens desse título público.

Nord Research 30/07/2024 11:54 8 min Atualizado em: 13/08/2024 18:36
Tesouro IPCA: O que é, como investir e riscos envolvidos

O Tesouro IPCA é amplamente reconhecido entre os investidores como uma das opções mais seguras e rentáveis da renda fixa no Brasil. Ele oferece uma combinação de segurança e rentabilidade, sendo ajustado pela inflação. 

Isso significa que o investidor garante um retorno real, o que é atraente especialmente para o longo prazo ou para períodos com expectativa de alta da inflação. 

Vamos explorar os pontos essenciais sobre o Tesouro IPCA e como ele pode ser uma alternativa interessante para diversificar sua carteira de investimentos.

O que é o Tesouro IPCA?

O Tesouro IPCA é um título público, emitido pelo governo brasileiro, que paga ao investidor uma taxa de juros fixa, o chamado juro real, mais a variação da inflação no período da aplicação medida pelo Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA).

Esse tipo de investimento é considerado seguro, ao ser garantido pelo Tesouro Nacional e contar com liquidez diária. 

Vantagens de investir no Tesouro IPCA

Uma das principais vantagens do Tesouro IPCA é a proteção contra a inflação, uma característica que o diferencia de outros produtos de renda fixa.

Como ele ajusta os rendimentos conforme o IPCA, o investidor garante um ganho real, contratado no momento da compra, independentemente do aumento dos preços na economia.

Além disso, por ser um título público, ele é considerado de baixo risco, já que a chance de calote do governo é muito menor em comparação a outras instituições. 

O investidor também tem a opção de escolher o Tesouro IPCA com juros semestrais, que proporciona uma renda periódica ao invés de acumular os rendimentos apenas até o vencimento do título, o que é ideal para quem busca uma fonte de renda regular.

Outra vantagem deste título é a possibilidade de ganhos com a marcação a mercado. Diariamente o preço deste título é atualizado conforme as taxas de juros e condições do mercado. Isto quer dizer que há janelas nas quais o preço de venda do título poderá ser superior ao valor de compra, significando que o investidor poderá optar por uma venda antecipada e embolsar esse ganho.

Essas janelas ocorrem em cenários de redução das taxas de juros do mercado, pois o preço do título aumenta e, caso o investidor deseje vender antecipadamente o seu título, ele receberá um valor maior do que o preço pago. A venda antecipada é facilitada neste título por possui liquidez diária.

Quando comprar Tesouro IPCA?

Para decidir o momento ideal de comprar Tesouro IPCA, é importante considerar fatores como as expectativas econômicas e a rentabilidade oferecida.

Comprar o título em momentos de alta na expectativa de inflação ou quando a taxa de juros real está atrativa pode ser vantajoso, como em torno de 5% ao ano, pois garante uma boa rentabilidade futura.

Como investir no Tesouro IPCA?

Para investir no Tesouro IPCA, é necessário ter uma conta em uma corretora de valores que tenha acesso ao Tesouro Direto, plataforma online do governo para venda de títulos públicos. O processo de compra é simples e pode ser feito pela internet via site do Tesouro Direto. 

É importante lembrar que há taxas envolvidas, como a taxa de custódia da B3, que é de 0,20% ao ano sobre o valor dos títulos e o Imposto de Renda que será cobrado no resgate, conforme a alíquota regressiva da renda fixa. 

Riscos do Tesouro IPCA

Embora seja um investimento seguro, ele não é livre de riscos. Um dos principais é a marcação a mercado, que pode resultar em perdas caso o investidor precise vender o título antes do vencimento, especialmente em períodos de alta nas taxas de juros.

Citamos a marcação a mercado como uma vantagem por trazer um potencial de ganhos relevantes em momentos de queda das taxas de juros do mercado. No entanto, o cenário inverso também é verdadeiro. Em caso de elevação das taxas de juros do mercado, o preço do título é reduzido e, caso o investidor solicite o resgate antecipado neste período, ele terá uma perda com a marcação.

Desta forma, para evitar este risco é importante aportar no Tesouro IPCA investimentos de médio/longo prazo, em que seja possível aguardar momentos de resgate com ganhos ou aguardar o vencimento para que os prejuízos de marcação não sejam realizados.  

Quando resgatar o Tesouro IPCA?

O ideal é que o investidor mantenha o Tesouro IPCA até a data de vencimento para garantir o retorno total contratado na compra do investimento. No entanto, também é possível utilizar uma estratégia de gestão ativa com títulos IPCA+ e resgatar o título antecipadamente em momentos de marcação a mercado positiva. 

O momento de resgate antecipado seria quando as taxas de juros do mercado apresentarem queda e as perspectivas são de que a Selic voltará a subir. Neste momento, o juro real disponibilizado no site do Tesouro Direto deverá ser menor do que o juro real contratado pelo investidor na compra. 

Dessa forma, com o juro menor e o preço maior, o investidor recebe a remuneração da marcação a mercado positiva e pode reinvestir em ativos que performam melhor em perspectivas de alta dos juros como os pós-fixados. 

Comparação com outros Títulos de Renda Fixa

Quando comparado a outros títulos de renda fixa, como CDBs, LCIs e LCAs, o Tesouro IPCA se destaca por oferecer uma combinação única de segurança e rentabilidade atrelada à inflação.

Enquanto essas outras alternativas também podem estar vinculadas à inflação, elas não são submetidas à marcação a mercado e, em geral, não possuem liquidez diária.

Há também opções atreladas à inflação que passam pela marcação a mercado na classe de ativos dos créditos privados, como os CRIs/CRAs e Debêntures Incentivadas.

Essas opções são isentas de Imposto de Renda, mas o investidor estará sujeito ao risco de crédito das empresas devedoras e ao risco de liquidez, pois para realizar uma venda antecipada será necessário recorrer ao mercado secundário. 

Esses títulos costumam ter um investimento mínimo de R$ 1 mil e serem voltados para investidores qualificados, enquanto o Tesouro IPCA possui investimento mínimo ao redor de R$ 40 reais e está disponível para todos os investidores pessoa física.

Portanto, dada as diferentes características dos títulos, é importante que o investidor avalie suas metas e perfil de risco antes de escolher o título para investir.

Qual o rendimento do Tesouro IPCA?

O rendimento do Tesouro IPCA, caso o investidor carregue o título até o vencimento, dependerá da taxa de inflação acumulada no período investido e da taxa de juros real contratada no momento da compra.

Já para vendas antecipadas, o rendimento será conforme a relação entre o preço de compra e de venda do título. 

Qual a rentabilidade do Tesouro IPCA+ 6,5%?

Simulando uma compra de R$ 1.000.000,00 de um IPCA+ 6,5% com vencimento em 2035 e sem o pagamento de juros, ao vencimento do título, o resultado será:

  • R$ 2.767.293,10 se a inflação média do período for 3%, igual à meta. 
  • R$ 3.419.227,30 se a inflação média do período for 5%, mais parecida com o histórico. 
  • R$ 5.703.812,30 se a inflação média do período subir para 10%. 

O rendimento real de 6,5%, descontando a inflação, faz dobrar o investimento após onze anos.

O que faz o Tesouro IPCA subir?

O juro real atrelado ao título Tesouro IPCA oscila conforme as condições de mercado. Podem influenciar em uma elevação do juro real:

  • política monetária restritiva (elevação da
  • aumento das expectativas de inflação;
  • risco fiscal;
  • condições de oferta e demanda pelo título;
  • incertezas econômicas.

O que faz o IPCA cair?

O Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA) pode cair (ou registrar uma variação menor) em função de diversos fatores macroeconômicos, como:

  • redução na demanda agregada: quando há uma diminuição na demanda por bens e serviços, os preços tendem a se estabilizar ou até cair;
  • política monetária restritiva: a elevação da taxa Selic pelo Banco Central tende a conter o consumo e os investimentos, diminuindo a pressão inflacionária;
  • apreciação cambial: um real mais forte em relação ao dólar pode reduzir o custo de produtos importados, contribuindo para a queda dos preços;
  • queda nos preços das commodities: se o preço das commodities, como petróleo e alimentos, cai no mercado internacional, isso pode reduzir a inflação;
  • redução de custos de produção: inovações tecnológicas ou melhorias na eficiência de produção que resultam em menores custos para as empresas também podem contribuir para a desaceleração da inflação.

O que é melhor: Tesouro Selic ou IPCA?

O melhor entre Tesouro Selic e IPCA dependerá das taxas de juros, do objetivo do investidor, do prazo de investimento e das perspectivas macroeconômicas. 

O Tesouro Selic apresenta rentabilidades elevadas em cenários de alta de juros, portanto, em um cenário com perspectivas de elevação da Selic, ele trará remunerações crescentes, acompanhando a trajetória da taxa de juros básica da economia. 

Ele é interessante tanto para a reserva de emergência quanto para uma carteira de investimentos, pois sempre renderá a uma taxa positiva (Selic) e é um título que possui liquidez diária e segurança federal. 

Já o Tesouro IPCA é uma opção de investimento interessante para o médio/longo prazo por proteger o investidor da inflação e fornecer a possibilidade de ganhos com a marcação a mercado. Neste caso, por conta da marcação, ele não é indicado para reserva de emergência.

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