Taxa Selic hoje é de 12,75%, define Copom

Queda já era esperada pelo mercado; o que todo mundo queria saber era se o BC daria dicas de que poderia acelerá-la para 75 bps.

Marilia Fontes 21/09/2023 13:42 4 min Atualizado em: 13/10/2023 21:48
Taxa Selic hoje é de 12,75%, define Copom

Sumário

Taxa Selic hoje

Ontem, tivemos mais uma reunião do Copom em que o Banco Central reduziu a taxa Selic pela segunda vez, indo de 13,25% para 12,75%.

A queda já era esperada pelo mercado e o que todo mundo queria saber no comunicado era se o BC daria dicas de que poderia acelerar o passo da queda para 75 bps.

Muitos economistas chegaram a cogitar o espaço para uma queda mais acentuada, não só pela pressão do governo, como também pela necessidade de chegar ao juro neutro de forma mais célere.

O juro neutro é aquele que não acelera nem desacelera a inflação. Hoje, a taxa Selic está em nível contracionista, ou seja, ela ainda exerce pressão para a contração da atividade e redução da inflação.

No entanto, se a inflação já estivesse próxima à meta, não haveria necessidade de manter o juro atual em uma taxa tão superior a esse juro neutro. A estimativa é que esse juro seja em torno de 8%. Isso significa que o espaço entre 13,25% e 8% é tão grande que acelerar o passo para chegar logo ao neutro faria sentido.

Acontece que, segundo o Banco Central, temos alguns motivos para não ter pressa para chegarmos perto do juro neutro.

O primeiro motivo seria a desancoragem das expectativas:

“As expectativas de inflação para 2023, 2024 e 2025 apuradas pela pesquisa Focus encontram-se em torno de 4,9%, 3,9% e 3,5%, respectivamente.”

O comunicado mostra que mesmo em vencimentos mais distantes, como 2025, o mercado espera uma inflação de 3,5%, portanto 0,5% acima da meta de 3%.

Até mesmo as próprias projeções de inflação do Banco Central subiram desde a última ata e se encontram acima da meta de inflação:

“As projeções de inflação do Copom em seu cenário de referência* situam-se em 5,0% em 2023, 3,5% em 2024 e 3,1% em 2025.”

Em um cenário de expectativas desancoradas, fica difícil reduzir muito a Selic, pois o mercado começa a precificar uma chance maior de o BC perder a guerra contra a inflação. Isso se dá pela desvalorização cambial e aumento das taxas de juros longas.

“A conjuntura atual, caracterizada por um estágio do processo desinflacionário que tende a ser mais lento e por expectativas de inflação com reancoragem parcial, demanda serenidade e moderação na condução da política monetária. O Comitê reforça a necessidade de perseverar com uma política monetária contracionista até que se consolide não apenas o processo de desinflação como também a ancoragem das expectativas em torno de suas metas.”

Além das expectativas, o fiscal também é uma variável que preocupa o Banco Central. O mercado em geral é muito cético com o cumprimento das metas de superávit estabelecidas pelo novo governo. Caso elas não sejam cumpridas, o mercado poderia novamente aumentar os prêmios de risco.

“Tendo em conta a importância da execução das metas fiscais já estabelecidas para a ancoragem das expectativas de inflação e, consequentemente, para a condução da política monetária, o Comitê reforça a importância da firme persecução dessas metas.”

Assim, por esses dois motivos, o BC acaba o comunicado dizendo que na visão unânime dos membros será preciso manter o passo de 50 bps nas próximas reuniões:

“Em se confirmando o cenário esperado, os membros do Comitê, unanimemente, anteveem redução de mesma magnitude nas próximas reuniões e avaliam que esse é o ritmo apropriado para manter a política monetária contracionista necessária para o processo desinflacionário.”

A unanimidade do comunicado é uma dica muito importante, afinal o Galípolo é um novo membro que entrou pela indicação do governo após uma série de críticas à condução da política monetária do Banco Central.

Mostrar que até mesmo o Galípolo concorda em não acelerar o passo é um importante indicador de credibilidade.

O que você achou de tudo isso, Marilia?

Eu acredito que essa decisão mais cautelosa foi muito acertada. Vale lembrar que na última reunião, na qual o BC surpreendeu parte do mercado iniciando o ciclo logo com uma queda de 50 bps em vez de 25 bps, acabou por desvalorizar o câmbio e subir as taxas de juros longas. Isso gerou um efeito contracionista na atividade, ao invés de expansionista como o BC gostaria.

Acho que adotar uma política mais conservadora é sempre melhor, gerando inclusive um espaço para a Selic cair para patamares ainda menores do final do ciclo completo.

O mercado deve reagir amanhã com uma leve redução dos juros longos, pelo ganho de credibilidade.

Por outro lado, se vamos ter um ciclo de queda de juros mais vagaroso, isso também deve fazer com que o fluxo de investidores para a bolsa demore mais para acontecer. Ou seja, a alta dos preços das ações deve ser lenta, seguindo a condução da política monetária.

Taxa Selic hoje a 12,75% e prefixado e IPCA+ (video)

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