SPYI11: ETF que paga dividendo em dólar mensais
O SPYI11 é um ETF listado na Bolsa brasileira, que permite acompanhar boa parte do movimento do principal índice acionário americano (S&P 500) e, ao mesmo tempo, receber dividendos de 1% ao mês (independentemente do preço atual da cota).
Como as empresas americanas não são conhecidas por serem grandes pagadoras de dividendos, o fundo utiliza-se de uma estratégia de opções (detalhado no artigo abaixo) para remunerar seus cotistas de forma recorrente e altamente previsível.
Assim como os JCPs de empresas “dividendeiras”, os proventos pagos pelo ETF também são tributados em 15% na fonte. Contudo, ainda assim, o ativo gera um rendimento líquido acima dos dois dígitos (bem acima da média da Bolsa).
SPYI11: invista nos EUA e receba dividendos mensais
O SPYI11 é um ETF (sigla para exchange-traded fund) — ou seja, basicamente, um fundo de investimento negociado em Bolsa de Valores, que busca “replicar” a rentabilidade de um determinado índice.
No Brasil, um dos ETFs mais populares é o BOVA11, cujo índice de referência é o Ibovespa, que permite investir em todas as empresas do índice (na mesma proporção) por pouco mais de R$ 100.
No caso do SPYI11, administrado pela gestora brasileira Buena Vista Capital, o ETF está atrelado, indiretamente (explicaremos mais à frente), ao principal índice da Bolsa americana, o S&P 500, composto pelas 500 maiores empresas nos Estados Unidos.
Por meio do SPYI11, é possível investir nas maiores companhias do mundo, como Coca-Cola, Disney, Tesla, JP Morgan e Berkshire Hathaway (a empresa do lendário investidor Warren Buffett), além de gigantes de tecnologia, como Microsoft, Amazon, Apple e Nvidia.
Além da possibilidade de investir em um dos índices mais rentáveis (o S&P 500 acumula alta de mais de +170% nos últimos 10 anos), o SPYI11 também remunera seus cotistas através de dividendos. Esse é o seu principal diferencial.
Inclusive, a possibilidade de ETFs pagarem proventos é uma novidade no mercado brasileiro (o primeiro foi lançado em setembro de 2023), sendo que, na maioria dos casos, os recursos provêm exatamente dos dividendos pagos pelas empresas investidas.
Contudo, as empresas americanas não são conhecidas por serem grandes pagadoras de proventos, principalmente pela tributação nos EUA (30% de retenção na fonte).
Sendo assim, a renda do SPYI11 provém, principalmente, de uma estratégia de opções (contratos derivativos que fornecem o direito de comprar ou vender um ativo por um preço predeterminado).
Como funciona o SPYI11?
O SPYI11 não está atrelado, diretamente, ao S&P 500, mas, sim, ao índice NEOSSPYI, que foi criado pela gestora americana NEOS Investments para acompanhar o desempenho do ETF SPY (replica o S&P 500), mas com uma carteira de opções de compra (denominadas “calls”).
Ou seja, ao mesmo tempo que se posiciona nas 500 maiores empresas dos EUA, a estratégia de opções do fundo produz o que é chamado, popularmente, de “dividendo sintético”, vendendo opções de compra do índice S&P 500.
De maneira bem simplificada, a operação consiste na compra de um determinado ativo (no caso, o índice americano) e a venda de um contrato de compra, que oferece o direito de alguém comprar esse ativo por um preço pré-acordado e remunera o vendedor da opção com um prêmio, que, no caso do SPYI11, é convertido em dividendos para seus cotistas.
Por exemplo: um investidor compra a ação XPTO3 por R$ 100 e resolve vender uma opção de compra, que o obriga a vender essa ação por R$ 110, mesmo se o preço desse ativo estiver acima do valor predeterminado (chamado de “strike”) até a data do vencimento do contrato.
Para cada opção, vamos supor que esse investidor receberá um prêmio de R$ 1 (pago pelo comprador). Logo, se o comprador exercer seu direito de compra, o investidor será obrigado a vender a ação XPTO3 por R$ 110, mesmo que o preço de tela naquele momento seja R$ 112.
Dessa forma, mesmo que o investidor tenha “travado” seu ganho (no caso, em +10%), ele recebeu um prêmio por isso e ainda acompanhou grande parte do retorno apresentado pelo ativo no período.
Sendo assim, o maior risco para o investidor que adota essa estratégia é não participar de todo um possível movimento de alta de um ativo, caso o mesmo suba de forma expressiva.
Se, até o vencimento, o valor de venda “congelado” estiver maior que o preço de tela, a opção se tornará pó e o investidor seguirá com o ativo em carteira e ainda contará com os recursos do prêmio em seu caixa.
Resumindo: quem compra a opção de compra (e paga o prêmio por isso) quer garantir que adquirirá um ativo por um preço potencialmente menor do que seu valor de mercado em um período específico.
Já quem vende a opção de compra, já possui esse ativo e deseja ser remunerado por congelar o preço do mesmo, ainda que isso implique em uma venda por um valor abaixo do mercado.
Voltando para o SPYI11, mesmo que a estratégia limite seus ganhos em fortes ralis de alta do S&P 500, as opções geram renda extra e ainda reduzem a volatilidade e protegem contra quedas (quando o índice opera em queda, o ETF cai em menor proporção).
Assim, a aderência ao principal índice do mercado americano se mantém elevada ao longo do tempo, em cerca de 95%.
Rentabilidade e patrimônio líquido do SPYI11
Ainda que relativamente novo (acabou de completar um ano desde seu IPO), o SPYI11 já vem apresentando um alto retorno aos seus cotistas.
Além da cota (negociada hoje por cerca de R$ 127) acompanhar o índice de referência, os proventos pagos vêm se mantendo — regularmente — em 1% (ou até mais) ao mês.
Somando a valorização da cota + as distribuições de proventos, o retorno acumulado já ultrapassa +50% desde novembro do ano passado.
O objetivo do fundo é entregar um dividend yield entre 10% a 12% ao ano, sendo que todos os rendimentos são calculados com base no preço atual da cota — ou seja, o investidor que se posicionar por um preço mais baixo, terá um rendimento (yield on cost) maior conforme o índice S&P 500 se valorize ao longo dos anos.
Com a praticidade e benefícios de investir no mercado americano através da Bolsa brasileira e ainda ser (bem) remunerado através dos pagamentos de dividendos, o SPYI11 vem se tornando cada vez mais popular entre os investidores.
No início, o ETF contava com um patrimônio líquido de R$ 10 milhões e, agora, passados 12 meses, já ultrapassou a marca de R$ 140 milhões, com mais de 10 mil cotistas.
Por fim, o ETF brasileiro já possui liquidez diária superior a R$ 1 milhão, diluindo, assim, riscos de negociação e distorção de preço de tela. Vale destacar, inclusive, que o SPYI11 conta com um formador de mercado para evitar distorções significativas em seu preço.
Taxas e tributos do ETF
O SPYI11 possui uma taxa de administração de 0,83% ao ano, valor um pouco acima de outros ETFs do mercado brasileiro, mas que é explicado por toda a estrutura composta pela gestora, que oferece retornos e benefícios que outros fundos não possuem atualmente.
Contudo, por ser um ETF (fundo passivo), não existe taxa de performance.
Assim como nos EUA, os dividendos dos ETFs brasileiros também são tributados na fonte, mas em apenas 15% (assim como os JCPs de empresas da Bolsa).
Logo, o rendimento líquido dos proventos pagos pelo fundo gira em torno de 0,85% ao mês e mais de 10% ao ano — ou seja, mesmo assim, um excelente dividend yield, ainda mais comparando com a média das empresas.
Além disso, diferentemente das ações brasileiras, os ETFs não possuem o benefício tributário da venda com lucro de até R$ 20 mil mensais. Com isso, caso seja realizada a venda parcial ou integral das cotas do ativo com ganho de capital, é necessária a emissão de DARF e o pagamento de 15% sobre o lucro na operação.
Renda passiva em dólar
Considerando todos os fatores mencionados acima, enxergamos o SPYI11 como uma ótima oportunidade de dolarizar sua carteira, se expondo ao mercado mais eficiente do mundo e ainda recebendo dividendos de forma recorrente.
Lembrando: esse ativo é recomendado para quem busca renda passiva em dólar. Se você deseja seguir exatamente o mesmo movimento do S&P 500, compre IVVB11 ou ETFs similares.
Desde que incluímos o SPYI11 em nossa carteira do Nord Dividendos, já acumulamos retorno (sem considerar os dividendos) de mais de +20%, em especial após as fortes altas do dólar.
Nos últimos meses, inclusive, a própria Buena Vista Capital lançou outros quatro ETFs, atrelados a outros índices, como Nasdaq, Russell 2000 e até mesmo Bitcoin. Esses ativos possuem volatilidades maiores, possibilitando dividendos até melhores que o SPYI11.
Contudo, pelo mandato mais “conservador” do Nord Dividendos, permaneceremos apenas com ele em nossa carteira neste momento.
E aí, o que achou do SPYI11? Espero que tenha gostado do conteúdo e que considere a inclusão do ETF em sua carteira.