Selic vai subir? E se o Banco Central não subir os juros na próxima reunião?

O mercado aposta em um novo ciclo de alta de juros, mas a chance do Banco Central não subir os juros este ano está mal precificada.

Marilia Fontes 22/08/2024 10:54 5 min
Selic vai subir? E se o Banco Central não subir os juros na próxima reunião?

Na última quarta-feira, 21, o portal Inteligência Financeira me convidou para participar do evento comemorativo aos 30 anos do Plano Real. Eles reuniram meus maiores ídolos em um só lugar. Gustavo Franco, Eduardo Loyola, Edmar Bacha, Pedro Malan e até Mario Mesquita estavam lá. Eu senti como meu filho se sente ao ver os heróis que ele tanto admira. 

Contudo, os meus heróis não usam capas. Eles criam moedas estáveis, defendem o equilíbrio fiscal e comandam os Bancos Centrais com credibilidade. Que inspirador!

Plano Real: a moeda que mudou o Brasil

Gustavo Franco contou sobre a dificuldade de aprovar o Plano Real. Por diversas vezes, sentiu que não seria possível. De acordo com ele, Itamar Franco queria mesmo era um "congelamento que funcionasse". 

Antes do Plano Real, o Brasil havia passado por sucessivas políticas de congelamento de preços. No começo, obtinha sucesso, mas depois o efeito era inverso, com aumentos represados que deixavam a inflação ainda mais alta. 

 Inflação mensal medida pelo IGP-DI. Fonte: Wikipédia

Neste momento, parei para refletir sobre como evoluímos economicamente. Congelamento de preços é algo que não se cogita no Brasil. Responsabilidade fiscal faz parte do vocabulário até mesmo da esquerda e tem um peso constitucional. 

Antes do Plano Real, a dívida pública era rolada todos os dias, com vencimento em um curto prazo. Não havia "curva de juros futuros". Não havia mercado financeiro para fazer hedge ou financiar empresas. 

30 anos depois do Plano Real

Atualmente, temos um Banco Central independente, um meio de pagamento digital moderno, uma legislação trabalhista mais flexível, uma aprovação avançada de reformas tributárias, um mercado financeiro que é um dos maiores e mais desenvolvidos entre os países emergentes e uma meta de inflação de 3%

Não estamos no nível de superávit que estabiliza a dívida (aproximadamente 1,5% do PIB), é verdade, mas, ao ouvir Fernando Haddad, no MacroDay do BTG Pactual, dizer que está trabalhando para entregar as metas, podemos sentir o abismo entre o pensamento econômico atual e o anterior. 

Nos últimos 30 anos, temos caminhado a passos largos. Ainda há uma grande lacuna? Sem dúvidas! Mas olhando para trás, podemos ver que evoluímos. 

Selic vai subir?

Nos últimos dias, o mercado brasileiro tem se distanciado bastante do americano devido à maior percepção do risco fiscal. Enquanto as taxas de juros americanas estão caindo bastante com o risco de uma recessão econômica, as nossas taxas de juros permanecem altas com o aumento do prêmio de risco e uma possibilidade de retomada das taxas de juros. 

 Juros americanos x Juros brasileiros. Fontes: Bloomberg

É importante lembrar que, se os juros americanos caem e os brasileiros sobem, aumenta muito a atratividade dos nossos investimentos, gerando uma pressão de fortalecimento da nossa moeda. Essa valorização alivia a pressão inflacionária. 

Esse alívio pode dar o espaço que o Banco Central precisa para não precisar realizar uma alta da Selic. E cá entre nós, como disse Henrique Meirelles em uma reunião do Clube Nord, um BC que está de saída com uma nova gestão chegando não quer fazer qualquer marolinha. 

Eles preferem ficar parados. É claro que, se precisarem subir, farão isso. Mas o que eles realmente querem é não ter que iniciar um novo ciclo agora. A barra para subir está mais alta. Sem contar que o mercado precifica uma alta em 2024 e começo de 2025, seguida de uma queda logo depois. O que não combina com uma política monetária que olha para a inflação dois anos para frente. Por que causariam essa volatilidade extra nos juros?

E se o Banco Central não subir os juros na próxima reunião do Copom?

Acredito que a chance do BC não subir os juros este ano está mal precificada e o risco é esse!

Claro que, se o câmbio piorar, será obrigado a subir, para controlar as expectativas. O governo também terá que seguir reforçando a responsabilidade fiscal. Mas, com a melhora dos juros lá fora, essa piora do câmbio fica mais distante, abrindo o espaço para o BC ter que manter a Selic estável. 

Com isso, podemos ver uma nova rodada de melhora na Bolsa. A queda dos juros americanos provocou um fluxo para emergentes em um passado recente e, certamente, provocaria o mesmo movimento agora. 

O perigo para a nossa Bolsa estaria mais ligado a uma economia americana afundando rápida e agressivamente, o que também parece não ser o caso. Tanto as famílias quanto as empresas estão com baixa alavancagem. 

Um "soft landing" americano, com juros caindo, fluxo para emergentes melhorando e atividade brasileira ainda forte, seria céu de brigadeiro no Brasil.

Até a próxima reunião do Copom, temos um prazo de aproximadamente um mês para analisar com atenção os dados econômicos. Mas o cheiro, na minha visão, é bom.

Onde investir para buscar lucros com a alta da Bolsa brasileira?

Além de estar barata, a Bolsa brasileira tem ventos favoráveis que podem impulsionar seus preços nos próximos meses. Quem se posicionar a partir de agora pode "surfar" esse movimento. 

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