A Selic vai subir em setembro? E agora?

O Brasil está na contramão do mundo. O espaço fiscal está cada vez menor. Devemos torcer por uma crise?

Bruce Barbosa 03/09/2024 09:47 4 min
A Selic vai subir em setembro? E agora?

Parece inacreditável, mas é verdade. O mundo está cortando os juros, em um movimento quase coordenado, enquanto o Brasil terá que fazer o oposto.

Este é o problema mais antigo do mundo e teve início em 22 de abril de 1500, quando Pedro Álvares Cabral chegou ao Brasil.

 Fonte: De Olho na História/ Reprodução

Todos os problemas do Brasil são causados pelo mesmo infortúnio: o PIB não cresce, o dólar dispara, a Bolsa fica barata, a população é pobre e os políticos são horrorosos.

Até o bloqueio do X (antigo Twitter) foi causado pelo mesmo flagelo (não, esse não… é uma brincadeira).

O maior problema do Brasil é o gasto público

Você pode ser de esquerda, de direita, de centro, de cima ou de baixo... Se você gastar mais do que ganha, vai quebrar.

A regra é a mesma para todos os governos (apesar das mentiras que eles contam). Se você está se perguntando "por que o dólar está subindo tanto?", veja o gráfico a seguir.

Fonte: Bloomberg

Orçamento de 2025

Deixa também bem claro como será o movimento do dólar, certo? Se a dívida subir, o dólar sobe. E, com o governo gastando demais, a dívida está subindo rapidamente.

Na última sexta-feira, 30, foi enviado ao congresso o Projeto da Lei Orçamentária Anual (PLOA) de 2025 (PLN 26/24) e detalhado em entrevista coletiva na segunda-feira, 2.

 Fonte: Estadão

O PLOA 2025 foi um balde de água fria para aqueles que ainda tinham alguma esperança de que o governo Lula seria fiscalmente responsável (e a lista de economistas e “Faria Lulers” é grande).

Embora o cenário global seja benéfico, com cortes de juros e bolsas mundiais nas máximas, a nossa Bolsa de valores é a pior do mundo em dólar. Além disso, a moeda está perdendo valor e os juros vão precisar subir.

Por que subir a taxa de juros?

O cenário no Brasil é tão bizarro que uma alta nos juros aqui é uma boa sinalização para a Bolsa de valores. Basicamente, o Banco Central (BC) subir os juros é um sinal para o mercado que não há interferência política na instituição.

A inflação está próxima do topo da meta (a meta é 3% e o topo da banda é 4,5% a.a.) e as expectativas de inflação estão desancoradas. Um BC técnico é positivo para a sustentabilidade macroeconômica, para a inflação, a moeda, o juro e a Bolsa.

E, acompanhe comigo, o BC deve subir os juros para frear a economia — o PIB está forte crescendo +3% a.a. Com um crescimento menor, a receita de impostos deve diminuir e o gasto com juros subir.

Isso significa que o governo gasta, a inflação sobe, o BC sobe juros e reduz a capacidade de gastar do governo. Não faz sentido, mas é o que temos atualmente…

Mercado antecipa aposta em alta de juro com temor sobre o fiscal

Assim como o dólar, a Bolsa também antecipou os problemas que estamos enfrentando. Sim, podemos ter mais problemas à frente, mas, como disse Pedro Álvares Cabral, "a Bolsa está barata".

Apesar das recentes altas, os resultados das empresas estão melhorando rapidamente. Muitas se reestruturaram, reduziram as dívidas, melhoraram as margens e se prepararam para o ambiente atual.

Onde investir para sobreviver à incerteza sobre os gastos públicos?

Eu particularmente prefiro comprar ótimas companhias que têm resultados maravilhosos, independentemente das altas de juros, alta do dólar ou nível de gasto do governo. Entretanto, tome cuidado. Para ter Bolsa, é preciso ter estômago para aguentar os trancos que teremos até 2026 (ou 2030).

Fonte: Bloomberg

Tenha em mente que esta política econômica de aumento de gastos não é eficaz. Precisamos mudar o governo ou a política. E isso pode acontecer somente nas eleições de 2026 (ou 2030).

Podemos ter uma crise que favoreça a troca de política econômica ou de governo. Já vendo o que aconteceu com a Dilma, o mercado sempre antecipa.

Eu estou comprando. E você, tem estômago? Junte-se a nós.

Não tem estômago? O CDI é um ótimo lugar para esperar. Espere tranquilo.

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