Selic sobe para 13,25% ao ano na 1ª reunião sob Galípolo; entenda a decisão

Copom eleva Selic em 1 p.p. e sinaliza nova alta de juro na mesma magnitude

Marilia Fontes 30/01/2025 08:55 4 min
Selic sobe para 13,25% ao ano na 1ª reunião sob Galípolo; entenda a decisão

O Comitê de Política Monetária (Copom) do Banco Central do Brasil decidiu elevar a taxa Selic de 12,25% para 13,25% ao ano, cumprindo a expectativa do mercado de um aumento de 100 pontos-base.

Com a decisão, o Copom manteve a série de altas da taxa de juros na primeira reunião presidida por Gabriel Galípolo, indicado pelo presidente Lula, e forneceu sinais sobre a direção futura da política monetária.

Contexto internacional: impacto da política americana

O Copom destacou a conjuntura dos Estados Unidos como um fator relevante para a economia dos países emergentes.

Com a taxa de juros americana em patamar elevado (na faixa de 4,25% a 4,50%) e o Federal Reserve — o Fed, banco central dos Estados Unidos — sinalizando que não pretende reduzi-la no curto prazo, o apetite dos investidores por mercados emergentes, como o Brasil, diminui.

Isso pode pressionar o câmbio e os prêmios de risco, aumentando a volatilidade do mercado financeiro local. Além disso, as políticas econômicas do novo governo americano adicionam incerteza aos rumos da inflação global.

Cenário doméstico: pressões inflacionárias e risco fiscal

A economia brasileira segue aquecida, com o mercado de trabalho forte e indicadores de crescimento positivos.

A inflação persiste em níveis elevados, especialmente no setor de serviços, que continua pressionado. Esse comportamento levanta dúvidas sobre a efetividade da política monetária atual, já que o elevado estímulo fiscal dificulta a desaceleração dos preços.

As expectativas de inflação para 2025 foram revisadas para cima, passando de 4,8% para 5,5%, o que reforça o desafio do Banco Central em atingir a meta de 3%.

A projeção do Copom para o horizonte relevante (dois anos à frente) está em 4%, acima do objetivo, exigindo que a política monetária se mantenha restritiva para conter os efeitos da expansão fiscal e o aumento das expectativas inflacionárias.

O comunicado também enfatizou que a credibilidade fiscal influencia diretamente as projeções inflacionárias, uma vez que déficits persistentes elevam os prêmios de risco e impactam o câmbio.

Copom sinaliza mais uma alta da mesma magnitude

Além da elevação da taxa Selic para 13,25% a.a, o Copom indicou um novo aumento de 100 pontos-base na próxima reunião — lembrando que esse aumento havia sido prometido na decisão anterior. Ou seja, não é uma novidade.

Por outro lado, o comunicado não trouxe um compromisso explícito com um ciclo prolongado de altas, deixando incertezas no mercado sobre a continuidade do aperto monetário.

Os agentes econômicos precificam a Selic acima de 16% a.a. para os próximos meses. Caso o Banco Central adote uma postura considerada leniente (dovish), isso pode gerar impacto nas taxas de juros de longo prazo e no câmbio, aumentando a volatilidade do mercado.

Onde investir com a taxa Selic em 13,25% ao ano?

Diante desse contexto e considerando a expressiva valorização recente, a compra de dólar se torna uma alternativa interessante, considerando os riscos fiscais e políticos à frente.

É importante ressaltar que o aumento da taxa Selic deve arrefecer a atividade e, consequentemente, impactar a popularidade do governo em período próximo às eleições, trazendo o risco de novas ondas de populismo e expansão fiscal.

A ausência de comprometimento com a continuidade do ciclo de elevação pode resultar em oscilações nas taxas de juros durante as negociações desta quinta-feira, 30, com os vencimentos de curto prazo podendo registrar uma leve queda, enquanto os de longo prazo tendem a apresentar viés de alta.

Além disso, o mercado de renda fixa oferece boas oportunidades em títulos de alta liquidez com prêmios atrativos. Os títulos de crédito com baixa liquidez e baixos prêmios devem ser evitados.

No mercado acionário, ações de empresas com fundamentos sólidos estão sendo negociadas a preços baixos, o que pode representar uma excelente oportunidade, mas apenas para investidores de longo prazo e que têm coragem para encarar todos os riscos de um cenário desafiador.

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O acompanhamento das próximas decisões do Copom será crucial para determinar os rumos da economia brasileira e dos seus investimentos nos próximos meses.

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