Com a alta da Selic, como escolher o melhor CDB?

Veja como escolher a taxa justa e os ativos mais indicados com Selic em alta.

Marilia Fontes 24/10/2024 10:03 7 min
Com a alta da Selic, como escolher o melhor CDB?

Você que tem dinheiro parado na conta ou acabou de receber recursos e quer investir em CDBs (Certificados de Depósito Bancário), vou listar aqui tudo o que você precisa saber para investir bem o seu dinheiro.

Como escolher o melhor CDB?

Primeiro, você tem que entender que, ao investir em CDBs, você está emprestando dinheiro para um banco. 

É importante notar também que o banco é uma empresa que opera alavancada. Ou seja, ele empresta mais dinheiro do que tem disponível. Dessa forma, se todos quiserem sacar o dinheiro que possuem no banco, a instituição não terá condições de honrar os seus compromissos.

Nesse sentido, o mais importante a saber quando se investe em CDBs é ter a consciência de que o banco emissor tem que ser seguro, com baixa alavancagem, retorno consistente e inadimplência controlada. É preciso mais do que tudo fazer uma análise de crédito.

FGC também tem risco de crédito

O FGC é uma seguradora privada que trabalha como uma seguradora de carros. A seguradora terá em caixa aproximadamente o percentual da taxa de sinistro. Se 10% dos clientes batem com o carro, ela deixa cerca de 10% do que garante em caixa. Se a taxa de sinistralidade subir para 20%, por algum motivo, a seguradora estará quebrada.

O FGC tem cerca de 2,3% do que garante em disponibilidades. Se a taxa de sinistralidade ficar abaixo disso, ele garante tranquilamente. Se subir acima disso, com uma crise no sistema financeiro, por exemplo, ele não terá como garantir.

Hoje em dia, não precisaríamos de uma crise tão profunda. Alguns bancos, como o Master, por exemplo, são responsáveis por 47% da liquidez do FGC. Portanto, a avaliação de crédito é crucial.

Escolhendo os indexadores

Feito isso, passamos a analisar que tipo de CDBs queremos fazer: pós fixados, prefixados ou indexados à inflação. Essa decisão é tomada com base no cenário macroeconômico.

Se você acredita que as taxas de juros podem subir mais do que o mercado espera, os pós-fixados são os mais indicados.

Se você acredita que as taxas de juros podem ser menores do que o mercado espera, os prefixados são mais indicados.

E se você acredita que as taxas serão menores, mas a inflação será maior, o mais indicado são os indexados à inflação.

Tomadas essas decisões, é hora de ir para a corretora ver o que temos disponível, dentro daqueles emissores e indexadores que queremos.

As diferentes corretoras de investimentos

Nem toda corretora é boa de opções de CDBs. Existem corretoras boas em oferecer CDBs de bancos menos conhecidos com taxas maiores, como a XP. Tem corretora que é boa em oferecer CDBs de bancos seguros com taxas competitivas, como o BTG. E existem bancos que são bons em oferecer títulos isentos (como LCI e LCA), além de títulos com liquidez diária, como Daycoval.

Não existe uma corretora que seja boa em tudo. Por isso, eu costumo ter conta em mais de uma. Muitas vezes as oportunidades variam ao longo do tempo. Em um certo mês você encontra mais oportunidades em uma, depois em outra. Então, apesar de dar um certo trabalho a mais, prefiro ter conta em mais de uma corretora.

Quando abre o mercado de renda fixa?

Outro detalhe importante é que o mercado bancário funciona das 10h às 15h. Não adianta querer comprar seu CDB às oito da noite. Não terá nenhuma boa oportunidade.

Algumas corretoras oferecem também o “mercado secundário” de CDBs. Ele não é de fato um mercado secundário com títulos padronizados, mas a corretora “compra” CDBs de clientes que não aguentaram levar o título até o vencimento, e “vendem” para clientes interessados naqueles títulos.

Para tornar essa operação interessante para o novo comprador, a corretora cobra uma taxa do vendedor.

Por exemplo, digamos que você comprou um CDB de 3 anos a 120% do CDI. Mas, depois de 1 ano, você precisa de liquidez e quer vender o título.

A corretora vai comprar esse título de você como se ele tivesse rendido apenas 110% do CDI, pagando um valor menor por ele. Por outro lado, ela vai repassar essa taxa a mais para o novo comprador. Assim, o título irá render 130% do CDI a partir de agora.

O novo comprador vai ficar muito feliz, pois conseguiu um retorno bem acima do que o mercado estava oferecendo para aquele título, e o vendedor ficará feliz, pois teve sua liquidez.

É importante notar que esse mercado secundário de CDBs ocorre às 10h da manhã. A XP é a maior em mercado secundário. Mas, por volta das 10h30, as oportunidades já acabaram. Então, se quiser aproveitar, fique atento aos horários.

Transformando as taxas: análise comparativa entre opções de investimento

Outro ponto importante aparece na hora de comparar a melhor taxa de CDBs, com as taxas oferecidas em LCIs e LCAs.

Uma regra de bolso, que não vai dar o valor exato, mas vai dar um bom valor estimado, é multiplicar a taxa do CDB por 1 menos a alíquota de IR.

Por exemplo:

Um CDB de 2 anos com uma taxa de 12% é igual a uma LCI de 10,20%.

12% * (1 – 15%) = 10,20%.

Uma LCI com taxa de 9,5%, de 2 anos, é igual a um CDB a 11,17%.

9,5% / (1 – 15%) = 11,17%.

Um CDB a 105% do CDI de 1 ano é igual a uma LCA de 86,62%.

105% * (1 – 17,5%) = 86,62%.

Uma LCA a 94% do CDI de 6 meses é igual a um CDB de 117,5%.

94% / (1 – 20%) = 117,5%.

Para converter títulos IPCA+ em prefixados, você terá que estimar um valor para a inflação do período. Por exemplo:

Um CDB IPCA + 6% para 2 anos, com uma inflação de 6%, daria um prefixado de 12,36%:

(1,06*1,06) -1 = 12,36%.

Passando esses 12,36% para uma LCA teríamos 10,50%:

12,36% * (1 – 15%) = 10,50%.

Depois, é só retirar novamente o IPCA estimado:

(1,105/1,06) -1 = 4,25%.

Ou seja, um CDB IPCA + 6% por 2 anos é equivalente a aproximadamente uma LCA a IPCA + 4,25%.

Descobrindo o preço justo

Se a sua dúvida é descobrir se a taxa oferecida é justa ou é muito baixa, compare sempre com os títulos públicos. 

Os títulos bancários têm um pouco mais de risco em relação ao governo. Por esse motivo, eles deveriam pagar um pouco mais que os títulos públicos de mesmo vencimento e indexador. 

Para saber as taxas justas dos prefixados e indexados à inflação, digite "curva de juros Anbima" no Google. 

Para os pós-fixados não isentos, o correto seria um retorno acima de 100% do CDI (que é a remuneração do Tesouro Selic). Mas quanto mais? Vai depender do risco do banco. 

Achamos bons bancos e seguros a 110% do CDI. Os mais arriscados chegam a 130% do CDI. 

Complicado demais?

Caso você ache essa conta complicada, na área logada do Renda Fixa PRO tem um relatório com uma planilha de conversão de taxa, essa sim com as contas exatas na vírgula, que você pode fazer o download e utilizar sempre que precisar.

Além disso, o Renda Fixa PRO também tem uma lista com mais de 40 bancos e a análise de crédito de cada um. Vale a pena imprimir essa lista para também consultar sempre que precisar.

Por fim, qualquer dúvida sobre onde investir, basta me mandar uma mensagem no telegrama do Renda Fixa PRO, que eu respondo pessoalmente cada um.

Caso você não seja assinante do Renda Fixa PRO, convido para conhecer o produto! Além de tudo isso que eu falei, eu explico também sobre economia e qual o melhor indexador para cada momento. É realmente imperdível para quem gosta de investir em renda fixa. 

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