Fala de Lula sobre meta fiscal 2024 afasta Bolsa de Rali de fim de ano
Até o passado é incerto no Brasil
Investir no Brasil não é nada fácil. Há apenas duas semanas, escrevi este texto sobre um possível rali de fim de ano da Bolsa, após fazer uma análise do Desempenho da Bolsa em 2023:
No entanto, na última sexta-feira. 27, o nosso presidente, Luiz Inácio Lula da Silva, jogou sua equipe econômica, as expectativas do mercado e o rali de fim de ano no esgoto.
Lula acatou a vontade da ala mais à esquerda de seu partido que não queria contingenciamento de gastos no ano que vem.
Só restou ao ministro da Fazenda, Fernando Haddad, tocar uma música triste em seu violão no fim de semana.
É triste.
Bruce, o que aconteceu?
Haddad vinha trabalhando o ano inteiro tentando convencer o mercado que o governo não quer explodir as contas públicas (o mercado acreditava em partes).
Aprovaram o arcabouço fiscal, criaram metas, convenceram o Banco Central a começar a cortar os juros…
Na última sexta-feira, sem nenhuma necessidade de entrar nesse assunto neste momento, Lula jogou todo o trabalho de meses no lixo.
Avisou ao Brasil que não vai segurar gastos para cumprir as metas.
Os juros subiram. A bolsa caiu.
Com uma frase, elevou os juros dos financiamentos da geladeira do pobre que supostamente diz querer proteger.
Destruiu a credibilidade do arcabouço fiscal que acabaram de aprovar. Destruiu a credibilidade de seu próprio time econômico.
Bruce, por que o gasto público é tão importante?
Você emprestaria dinheiro para alguém que gasta mais do que ganha, possui dívida elevada e se nega a parar de gastar?
Pois é, o mercado também não. Sempre que aumenta a desconfiança com a capacidade de pagamento do governo brasileiro, a taxa de juros também aumenta.
É por isso que os nossos juros são altíssimos.
As empresas e pessoas pagam muito mais juros porque o governo é perdulário.
Juros altos reduzem os investimentos e o crescimento a longo prazo.
Juros altos não deixam a bolsa subir.
O Brasil vai quebrar como a Argentina?
Da última vez que o gasto público saiu do controle, tivemos a crise da Dilma, impeachment e o governo Temer (Congresso) ajustou as contas com o teto de gastos.
Nosso Congresso é muito mais ativo e independente que o argentino, então acho que não chegaremos a uma grande crise.
Já tivemos o presidente do Senado, Rodrigo Pacheco, dando seu recado acima, mas o Congresso não assume o ônus de medidas impopulares sozinho.
Sempre existe o risco.
Então a bolsa vai cair?
Da última vez que tivemos o governo começando com esse ímpeto gastador, acabamos com a maior crise da história do Brasil no governo Dilma.
- Lula 1 (com Palocci na Fazenda) fez superávits primários de 3% do PIB.
- Lula 2 (com Mantega) e Dilma gastaram até (quase) quebrar o país.
- Temer fez o teto de gastos (economizou) e reorganizou a economia.
- Bolsonaro assumiu seguindo o teto, mas gastou demais com pandemia e tentando sua reeleição.
Percebe que a bolsa sobe com gastos controlados e cai quando o governo gasta demais?
Gastos altos puxam os juros para cima e a bolsa para baixo.
Gastos controlados derrubam a taxa Selic e a bolsa sobe.
O que fazer com meu rico dinheirinho?
Temos um governo que não aprendeu que precisa segurar gastos — mesmo após três mandatos (sem contar os dois da Dilma).
Se o governo começou gastando, não é razoável imaginar que vá terminar segurando gastos.
E mais, quando a economia brasileira começar a fraquejar (ainda estamos crescendo +3%), o reflexo do governo será gastar ainda mais.
Eu adoraria imaginar que o Congresso vá segurar, mas ele não vai assumir a culpa de algo tão impopular.
Este ciclo não vai ser fácil para o investidor brasileiro.
Não será nada fácil.
Bruce, compro ou vendo?
Depende do seu estômago. Depende de seu apetite a risco.
A bolsa negocia nos menores múltiplos da história. Não vale a pena vender.
O governo indica que vai aumentar gastos. O ciclo de queda de juros será muito menor do que gostaríamos e a bolsa não vai decolar.
A melhor coisa a se fazer, hoje, é conversar com a Nord Wealth e entender a melhor alocação para a sua necessidade pessoal.
Um pouco na bolsa (sim), um pouco no CDI (títulos incentivados), um pouco em bonds lá fora e um pouco em títulos de crédito aqui.
Dentro das ações no Brasil, a escolha dos papéis é importantíssima, assim como foi nos últimos dois anos e meio.
Vamos navegar por águas bastante turbulentas.
Planeje um portfólio ajustado a você com a Nord Wealth — ajustado às suas necessidades.
Cuide muito bem do patrimônio da sua família.