Rede D'Or (RDOR3): vale a pena investir em 2022?

Investidores seguem reagindo com cautela após Jackson Hole; Mercados amanhecem em queda

Nord Research 29/08/2022 12:45 8 min
Rede D'Or (RDOR3): vale a pena investir em 2022?

Nord Insider

Nesta segunda-feira, 29, os índices futuros em Nova York operam em queda, reagindo ao discurso do presidente do Fed, Jerome Powell, em Jackson Hole na última sexta-feira, 26. Os investidores temem que a alta de juros mais prolongada comprometa os resultados de determinados setores, como o de tecnologia.

Na agenda econômica, saem o relatório Focus semanal, com as projeções do mercado para a economia brasileira, e o Cadastro Geral de Empregados e Desempregados (Caged) referente a julho. Nos Estados Unidos, há uma agenda relativamente fraca de indicadores.

Principais assuntos de hoje

  • Jackson Hole: principais destaques de 2022;
  • Rede D’Or: Nossa tese de investimento.

Jackson Hole 2022: confira os principais destaques e entenda a importância


Desde o início do ano, vivemos uma série de incertezas na economia global: redução das projeções de crescimento, guerra na Ucrânia – elevando as expectativas inflacionárias, crise de energia na Europa e deterioração da crise imobiliária na China.

Essas questões de interesse mútuo de autoridades dos principais bancos centrais do mundo foram discutidas no Simpósio de Jackson Hole, em Wyoming, entre os dias 25 e 27 de agosto.

O destaque do encontro ficou para a fala do presidente do Federal Reserve (Fed, o banco central dos EUA), Jerome Powell, que discursou na sexta, 26.

Powell adotou uma postura mais “hawkish” (inclinada ao aperto monetário) e afirmou que fará o que for para trazer a inflação à meta.

Confira abaixo:

Em seu discurso no simpósio de banqueiros centrais, Powell sinalizou que os juros nos Estados Unidos vão continuar subindo até que a inflação caia a um nível considerado seguro. “O registro histórico adverte fortemente contra o afrouxamento prematuro da política monetária”, disse o presidente do Fed.

Na interpretação do analista de renda fixa da Nord Research, Christopher Galvão, o Fed manteve a porta aberta para uma nova alta de juro de 0,75 p.p. e, quando interromper o movimento de alta, a taxa de juros terá que permanecer em níveis restritivos por um determinado tempo. Ou seja, o Fed vem mostrando cautela em relação ao início do ciclo de queda dos juros.

O banco central americano não apontou um prazo exato para reduzir o ritmo do aperto porque ainda dependerá dos próximos números da economia.

Próximos passos do Federal Reserve


Até a próxima reunião do Comitê Federal de Mercado Aberto (FOMC) em 21 de setembro, a autoridade monetária e o mercado estarão atentos a dados como o relatório de emprego payroll da semana que vem e o Índice de Preço ao Consumidor (CPI, na sigla em inglês) do próximo dia 13.

O mercado de trabalho do país, outra grande preocupação de Powell, segue pujante, apesar do PIB negativo nos dois últimos trimestres. “Para que a inflação atinja a meta de +2% ao longo dos próximos anos, será necessário um desaquecimento do mercado de trabalho que, por enquanto, ainda não observamos”, destaca o nosso analista.

Desaceleração da inflação nos EUA


Além das sinalizações do BC americano, os investidores repercutiram na sexta os dados de inflação de julho nos Estados Unidos.

O PCE (índice de preços de gastos com consumo, na sigla em inglês) mostrou uma leve desaceleração da inflação americana, queda de +0,1% em julho em relação a junho, enquanto o mercado esperava ver uma estabilização.

O núcleo do deflator PCE – que exclui os elementos mais voláteis de alimentos e energia – subiu +0,1%, também desacelerando em relação ao núcleo de junho (+0,6%) e maio (+0,3%).

Nosso analista aponta que, apesar do resultado representar uma desaceleração em comparação com junho, o núcleo acumula alta de +4,6% em doze meses, ou seja, um patamar ainda elevado e bem próximo da média de 40 anos.

Na nossa visão, o PCE é um dos sinais de que é necessário continuar atento a esse cenário, especialmente porque o mercado de trabalho americano continua aquecido.


Rede D'Or (RDOR3): vale a pena investir em 2022?


O mercado brasileiro de saúde, que passa por um forte movimento de fusões e aquisições (M&A) impulsionado em 2015 — com a aprovação da entrada de capital estrangeiro em hospitais —, mostrou a força de grandes grupos para se consolidar no ecossistema de saúde.

Maior rede de hospitais privados do Brasil, a Rede D’Or (RDOR3) está bem posicionada para se beneficiar de um cenário macro positivo, visto que os brasileiros estão envelhecendo mais rápido e devem, cada vez mais, demandar serviços ligados à saúde e aos hospitais. Além disso, a companhia segue focada no plano de expansão e negocia hoje a múltiplos muito atrativos.

Confira a nossa tese de investimentos:



Sobre a Rede D'Or:

Fundada em 1977, a Rede D’Or deu início à sua trajetória como laboratório de exames e, após mais de duas décadas, inaugurou o seu primeiro hospital. Desde então, a companhia vem apresentando um forte crescimento, tanto orgânico quanto inorgânico. Atualmente, é a maior operadora de hospitais privados do Brasil, com 68 unidades em operação, que somam mais de 11 mil leitos totais.

Histórico da companhia.
Histórico da companhia. Fonte: Rede D’Or 

O IPO da Rede D’Or ocorreu em 2020, tendo captado mais de R$ 11 bilhões na bolsa de valores brasileira e com um objetivo claro para o uso dos recursos: 50% seria destinado para a construção de novos hospitais e expansão de unidades existentes, e os outros 50% para a aquisição de novos ativos, como hospitais e clínicas.

Esse último objetivo, inclusive, é o que está movimentando os noticiários de RDOR desde a sua entrada na bolsa. A empresa já anunciou 17 aquisições de hospitais espalhados pelo Brasil (+2.213 novos leitos), aumentando ainda mais a sua área geográfica de atuação e suas perspectivas de crescimento de receitas nos próximos anos.

Análise financeira e projeções:

Além dos recursos captados no IPO, a empresa realizou uma oferta subsequente de ações (follow-on) e duas emissões de dívida no ano passado, que totalizaram uma captação de R$ 5,5 bilhões. Somado a isso, destacamos que a empresa está conseguindo ter uma boa geração de caixa por meio de suas operações nos últimos trimestres e, com isso, a sua posição total de caixa no momento é de R$ 14 bilhões.

O analista da Nord Research, Victor Bueno, que é responsável por elaborar a tese, destaca que o valor disponível em caixa é confortável o suficiente para mantermos nossa confiança de que RDOR poderá continuar em ritmo acelerado de crescimento no longo prazo, buscando novas aquisições para aumentar ainda mais o potencial de entregar resultados. Mesmo com os desembolsos realizados nas aquisições recentes, a Rede D’Or mantém os seus índices de alavancagem em patamares sustentáveis.

O guidance (projeção) para novos leitos divulgado na época do IPO era de 1 mil por ano, porém somente em 2021 foram quase 50%  a mais (1.478 novos leitos). Ainda que tenha adquirido apenas um hospital no ano atual, destacamos que a Rede D’Or segue construindo novas unidades e expandindo as já existentes para continuar adicionando leitos de maneira orgânica.

Outro ponto é que, além de expandir a sua rede com os hospitais adquiridos e construídos (visando gerar novos negócios), a Rede D’Or aumentou a sua participação na Qualicorp (QUAL3). Com isso, a companhia usa os dados e a expertise que tem para ajudar a Qualicorp no serviço de consultoria a empresas que estão adquirindo um plano de saúde — com uma recomendação mais assertiva, a fidelização nos planos vendidos tende a ser maior.

Ainda, a companhia tentou adquirir a rede de laboratórios Alliar (AALR3), que foi cogitada como interessada na compra dos ativos hospitalares da Amil e concluiu recentemente a aquisição da SulAmérica (SULA11), a maior seguradora independente do país. Ou seja, passos que deixam clara a intenção da Rede D’Or de liderar o movimento de consolidação do setor de saúde brasileiro.

RDOR3 está barata?

Ainda que possua um maior valor de mercado em relação a outras empresas de crescimento na bolsa brasileira (cerca de R$ 67 bilhões atualmente), vemos que as ações da Rede D’Or negociam por um múltiplo de 16x EBITDA — o que consideramos um valor baixo comparado à visibilidade de crescimento nos próximos anos.

Nosso analista aponta que a companhia possui mais de cinquenta projetos em andamento, que poderão adicionar cerca de 7 mil novos leitos às suas operações, sendo a maioria (60 por cento) dos chamados Brownfield (expansão de unidades), que trazem um maior e mais rápido retorno em relação aos projetos Greenfield (construção de novos hospitais).

Além disso, a Rede D’Or também tende a continuar aumentando o seu número total de leitos por meio de aquisições. Tendo em vista que o crescimento orgânico e inorgânico da empresa poderá se traduzir em uma grande evolução de seus resultados nos próximos anos, não acreditamos que o mercado está precificando adequadamente as suas ações atualmente.

Gráfico apresenta cotação das ações x Ebitda da Rede D’Or.
Cotação das ações x Ebitda da Rede D’Or. Fonte: Bloomberg

Perspectivas no médio e longo prazo

Apesar dos reflexos da pandemia ainda estarem impactando os resultados da companhia e, consequentemente, as suas ações no curto prazo, as perspectivas de crescimento continuam extremamente positivas para a Rede D’Or no médio e no longo prazo.

A companhia segue atenta a possíveis novas aquisições de hospitais e mantém o ritmo acelerado de seus projetos em andamento. Com muitos ganhos de escala a serem capturados e um grande espaço para avançar a sua marca, o crescimento de seus resultados será apenas uma consequência nos próximos anos e a tendência é que suas ações o acompanhem.

Para quem é indicada?

A nosso ver, apesar de já apresentar um tamanho relevante no mercado hospitalar brasileiro, ainda existe muito espaço para expansão da Rede D’Or. A companhia vem mostrando sinais claros de que pode e deve continuar entregando crescimento nos próximos anos.

Nesse sentido, o investimento pode não ser interessante para investidores que buscam um grande potencial, mas é indicado para quem busca valorização em suas posições.

Vemos que a companhia até vem brindando os seus acionistas com pagamentos de dividendos, porém ainda não são valores tão relevantes perto do preço atual de suas ações (dividend yield de cerca de 4 por cento).

À medida que a empresa continua seu processo de maturação e consolidação, naturalmente, a tendência é que a Rede D’Or distribua maiores proventos no longo prazo.



Meme do dia

Fonte: @FariaLimaElevat/Reprodução

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