Sequoia (SEQL3) pede recuperação extrajudicial com dívida de R$ 295 milhões
A empresa de logística Sequoia (SEQL3) entrou com um pedido de recuperação extrajudicial para concluir a negociação de dívidas com seus fornecedores, que hoje têm cerca de R$ 295 milhões a receber.
A companhia, que no fim do ano passado chegou a um acordo com os bancos, não tinha até aqui avançado na questão com o grupo de credores não financeiros.
O que vai acontecer com a Sequoia?
O plano de reestruturação proposto pela Sequoia deve ser aprovado por, pelo menos, 60% dos credores envolvidos, e caso seja aceito, ele será homologado pelo Poder Judiciário, tornando-se obrigatório para todos os credores participantes do acordo. Durante esse período, a empresa busca reorganizar suas finanças e manter suas operações, reduzindo o impacto das dívidas sobre seu fluxo de caixa.
A expectativa é que, ao obter sucesso na recuperação extrajudicial, a Sequoia consiga retomar sua estabilidade financeira e preservar suas atividades no mercado, minimizando o risco de falência e garantindo a continuidade do serviço aos seus clientes e parceiros.
O que esperar da Sequoia em 2024?
A Sequoia iniciou um plano robusto de reestruturação financeira, focado na renegociação de dívidas com credores financeiros. Isso incluiu a emissão de debêntures conversíveis em ações, convertendo parte da dívida em capital social. Além disso, a companhia reduziu sua dívida financeira em mais de R$ 580 milhões e alongou prazos de pagamento de R$ 170 milhões, o que ajudou a aliviar o fluxo de caixa.
Em março de 2024, a Sequoia completou a aquisição do Grupo Move3, uma das líderes em logística de entregas expressas, especialmente no setor bancário. A incorporação da Move3 trouxe novas capacidades e fortaleceu a malha logística, ampliando a presença no segmento B2C, crucial para atender à crescente demanda de e-commerce.
A empresa implementou 77% das sinergias planejadas, resultando em uma economia anual de mais de R$ 80 milhões, com a meta de alcançar R$ 104 milhões.
Os riscos mais relevantes incluem: elevada alavancagem financeira, incerteza sobre a capacidade de honrar compromissos financeiros de longo prazo, e pressões de custos operacionais, especialmente com a integração da Move3.
Vale a pena investir nas ações da Sequoia?
A Sequoia, que entrou na bolsa em 2020, viu seu valor de mercado cair de R$ 4 bilhões para R$ 100 milhões, fruto de inúmeras decisões incorretas de planejamento de expansão dos negócios e alto endividamento.
A fusão com a Move3 foi uma boa notícia para a companhia e seus acionistas, em meio ao caos de resultados ruins da Sequoia, visto que cria um dos líderes privados no segmento de encomendas expressas e soluções logísticas. A incorporação da Move3, em março de 2024, impulsionou o crescimento da receita, sobretudo nas operações B2C.
No 2T24, a Sequoia apresentou uma receita operacional líquida de R$ 243,4 milhões, com um aumento de +27,2% em relação ao mesmo período do ano anterior. O EBITDA ajustado ainda foi negativo em R$ 16,2 milhões. Apesar da evolução operacional, SEQL reportou prejuízo de R$ 118,8 milhões.
A empresa está otimista com a captura de sinergias da incorporação da Move3 e com a melhoria nas margens. No entanto, o cenário ainda depende da conclusão das reestruturações de passivos não financeiros e tributários, e portanto nossa recomendação é de ficar de fora das ações da companhia.
Entenda a diferença entre recuperação judicial e extrajudicial
A diferença entre recuperação judicial e extrajudicial envolve o grau de intervenção do Poder Judiciário e o processo de negociação com credores.
A recuperação judicial é um procedimento formal, realizado sob supervisão judicial, que busca a reestruturação da empresa devedora. Nesse processo, a empresa apresenta um plano de recuperação, que precisa ser aprovado pelos credores em assembleia, com acompanhamento do juiz. Se aprovado, o plano é implementado, e a empresa recebe a proteção legal contra execuções e cobranças enquanto se reorganiza.
A recuperação extrajudicial, por outro lado, envolve um acordo privado entre a empresa e seus credores, com mínima interferência do Judiciário. As partes negociam diretamente as condições de pagamento e reestruturação, e apenas os credores que concordam com o plano participam do acordo. O papel do Judiciário, nesse caso, é apenas homologar o acordo, caso haja necessidade de extensão a outros credores.
Essa abordagem é mais ágil e menos custosa, mas só é viável quando a empresa consegue negociar de forma eficaz com a maioria de seus credores, evitando conflitos e disputas judiciais.
Qual o segmento da empresa Sequoia?
A Sequoia é uma empresa que atua no segmento de logística, oferecendo soluções e gestão de operações de armazéns, transporte terrestre e entrega urbana. Atende aos setores de e-commerce, varejo de moda e ensino e educação, bem como para bancos de varejo. A empresa foi fundada em 1996 e está sediada em Embu das Artes, Brasil.