Por que as empresas fazem recompra de ações?
Com a estratégia de recompra de ações, uma companhia consegue valorizar, reduzir a circulação e potencializar o lucro desses ativos
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O principal objetivo de quem investe em ações costuma ser lucrar com o aumento do preço desse tipo de ativo e ver o patrimônio crescer de médio a longo prazo. No entanto, quem se pauta pela busca de proventos pode se interessar pela recompra de ações.
Para entender como esse mecanismo funciona, por que as empresas adotam essa prática e quais são seus prós e contras, continue no conteúdo.
Sumário
- O que é recompra de ações?
- Como funciona a recompra de ações?
- Por que as empresas fazem buyback?
- Quais são as consequências e impactos da recompra de ações?
- A recompra de ações nos EUA
- Recompra de ações atinge nível histórico em 2024 na B3
- Quais empresas estão recomprando ações?
O que é recompra de ações?
Também conhecida como buyback, essa prática ocorre quando uma companhia decide adquirir de volta suas próprias ações negociadas no mercado. Esse processo reduz o número total de papéis em circulação, o que pode impactar positivamente o valor dos ativos remanescentes.
Na prática, as ações recompradas podem ter dois destinos principais: serem mantidas em tesouraria para eventual revenda ou serem canceladas, reduzindo permanentemente o total de papéis da companhia.
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Como funciona a recompra de ações?
A empresa que detém os ativos pode anunciar a intenção de reaquisição e realizar a operação na Bolsa de Valores como qualquer outro investidor. A companhia que opta por implementar um programa de recompra de ações está sujeita a regras estabelecidas pela Comissão de Valores Mobiliários (CVM):
- aprovação do Conselho de Administração: o conselho interno da empresa deve se reunir, analisar a proposta e aprovar o programa de recompra;
- finalidade do programa: ainda no processo que envolve o conselho, é preciso definir o motivo para a existência do programa que pode variar de companhia para companhia;
- definição da quantidade e do prazo de recompra: o conselho de administração deve determinar o limite de quantidade de ações que serão recompras, bem como o prazo com data de início e fim do programa;
- comunicação ao mercado: após as definições internas, o próximo passo será, por meio de um fato relevante, transmitir ao mercado a intenção de recompra com detalhes do programa criado para esse fim;
- recompra das ações: o processo de recompra dos papéis entra efetivamente em prática por meio de uma corretora ou banco.
Por que as empresas fazem buyback?
Além do retorno maior aos acionistas, a ideia é que, com isso, as ações sofram uma valorização natural, já que, com a redução dos papéis em circulação e com o aumento da participação nos lucros de cada acionista, o valor unitário tende a subir.
Além disso, um programa de recompra de ações pode ainda possibilitar:
- uso do dinheiro “sobrando” em caixa: após a distribuição dos dividendos, pode ser que a companhia esteja financeiramente estável e queira dividir o dinheiro em caixa com os sócios, por meio da recompra de ações;
- remuneração dos funcionários: a bonificação é uma forma de melhorar a remuneração dos colaboradores, o que pode ser feito por meio da premiação com ações da companhia;
- emissão futura: a empresa tem a opção de não cancelar os papéis, guardar na tesouraria e revender no futuro para repor o dinheiro do caixa;
- revalorização própria: diante de um cenário de Bear Market, com a queda drástica de desempenho das ações no mercado e entendendo que os ativos não estão precificados adequadamente, o buypack pode diminuir o impacto da queda;
- crença no potencial de negócio: a recompra de ações é uma forma de sinalizar aos acionistas e ao mercado que a empresa acredita em seu poder de crescimento e valorização futura.
Quais são as consequências e impactos da recompra de ações?
Apesar das motivações por trás do buypack, a estratégia pode apresentar resultados bons ou ruins, dependendo do momento. Sendo assim, veja os possíveis prós e contras dessa decisão.
Prós
- crescimento da participação de cada acionista;
- aumento do valor das cotações;
- maior participação acionária com crescimento no lucro por ação;
- tendência de melhor retorno no longo prazo.
Contras
Ao avaliar o dividend yield (rendimento de dividendos) é preciso ter cuidado para não fazer uma análise equivocada da métrica muito abaixo da realidade. Pode ser que os acionistas estejam sendo remunerados de outro modo.
Outro ponto que precisa ser observado é o risco de redução da liquidez, considerando a facilidade de um ativo de ser comprado ou vendido rapidamente no mercado. Como a recompra de ações reduz a quantidade disponível para negociação, pode haver dificuldade de aquisição por parte dos investidores.
A recompra de ações nos EUA
Nos Estados Unidos, o buyback é uma prática comum, especialmente entre as big techs. Em 2021, cerca de US$ 850 bilhões foram usados para recompra de ações. Empresas como Apple, Microsoft e Alphabet frequentemente realizam recompras para reduzir a quantidade de ações em circulação e aumentar seu valor de mercado.
Recompra de ações atinge nível histórico em 2024 na B3
A recompra de ações tem se tornado uma estratégia cada vez mais utilizada pelas empresas de capital aberto, e em 2024, atingiu um recorde histórico na Bolsa de Valores brasileira, com 126 programas ativos.
Segundo levantamento do Itaú BBA, o volume financeiro movimentado chegou a R$ 78,4 bilhões, ficando atrás apenas de 2022, quando a Vale recomprou R$ 42 bilhões em suas próprias ações.
Quais empresas estão recomprando ações?
Companhias que anunciam programas de recompra de ações não adquirem todos os papéis de uma vez. Em vez disso, seguem um prazo estabelecido, durante o qual podem comprar os papéis aos poucos, conforme as condições do mercado.
Confira algumas que estão realizando recompras em 2025, o volume máximo autorizado e até quando podem seguir com essas aquisições:
- 3Tentos: 2 milhões de ações (até junho de 2026);
- ABC Brasil: 7,2 milhões de ações (até setembro de 2025);
- Ambev: 155,1 milhões de ações (até abril de 2026);
- Ambipar: 20,8 milhões de ações (até novembro de 2025);
- Azul: 1,3 milhão de ações (até setembro de 2025);
- B3: 380 milhões de ações (até fevereiro de 2026);
- Banco Pan: 32 milhões de ações (até maio de 2025);
- Bradesco: 53,4 milhões de ações (até maio de 2025);
- Bemobi Tech: 8,1 milhões de ações (até março de 2026);
- Boa Safra: 2,7 milhões de ações (até setembro de 2025).
A recompra de ações tem mais vantagens do que desvantagens, do ponto de vista de fomentação dos lucros repassados ao corpo acionista. Uma prática que vem se tornando cada vez mais popular, que tem como elemento central melhorar a remuneração dos sócios da companhia.
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