Quem é Roberto Campos Neto, economista que deixa o Banco Central em 2024?
Em 2024, chega ao fim o mandato de Roberto Campos Neto na presidência do Banco Central. Contudo, você conhece a trajetória do economista que saiu do setor privado para a administração pública?
Ele atuou no mercado financeiro e deu contribuições importantes para a condução da política monetária brasileira.
Confira no artigo abaixo mais detalhes sobre a trajetória de Roberto Campos Neto.
Sumário
- Quem é Roberto Campos Neto?
- Carreira de Campos Neto
- A gestão de Campos Neto no Banco Central
- Política monetária e Selic
- Inovação e tecnologia com a implementação do Pix
- Autonomia do Banco Central
- Desafios e críticas a sua gestão
- Conclusão
Quem é Roberto Campos Neto?
Local de nascimento: Rio de Janeiro, Brasil
Ocupação: Economista e 27º Presidente do Banco Central do Brasil
Formação: Economia, com especialização em Finanças, pela Universidade da Califórnia
Roberto Campos Neto é filho de Roberto de Oliveira Campos Filho e neto do famoso economista Roberto Campos, personagem importante no governo Castelo Branco e um dos idealizadores do Banco Central e do BNDES.
O economista tem uma trajetória marcada pela experiência no mercado financeiro e uma atuação comprometida com a autonomia do Banco Central do Brasil (Bacen) e a modernização do sistema bancário.
Carreira de Campos Neto
Campos Neto, como é conhecido, nasceu no Rio de Janeiro em 1969. Ele mudou-se para os Estados Unidos, onde cursou Economia e Finanças na Universidade da Califórnia (UCLA), concluindo a graduação em 1993. Sua formação acadêmica incluiu também um mestrado na mesma instituição, onde atuou como professor assistente.
Início da carreira como trader
Apesar do início na academia, Campos Neto acabou indo para o mercado privado em 1996, quando ingressou no Banco Bozano Simonsen, iniciando sua carreira como trader. No banco, ele teve experiência com operações de juros, câmbio, Bolsa e renda fixa internacional.
Em 1999, quando o Banco Santander adquiriu o Bozano Simonsen, ele se destacou como chefe de trading e membro do conselho executivo. Além disso, ficou responsável pela tesouraria global nas Américas.
Mudanças na carreira
Em 2004, Campos Neto optou por uma mudança, saindo do Santander para assumir a gestão de portfólio na Claritas Investimentos, onde ficou até 2006. Nesse ano, ele voltou para o Santander, permanecendo na instituição por mais 12 anos, ocupando diversas posições estratégicas de liderança.
Nesse período, ele também concluiu outro mestrado, desta vez focado em inovação na Singularity University, na Califórnia.
Chegada na presidência do Banco Central
Em novembro de 2018, o então presidente eleito Jair Bolsonaro anunciou Roberto Campos Neto como o próximo presidente do Banco Central do Brasil (Bacen), sucedendo a Ilan Goldfajn. Sua nomeação foi aprovada pelo Senado Federal, com 55 votos favoráveis e 6 contrários.
A gestão de Campos Neto no Banco Central
Ao assumir a presidência do Banco Central, Campos Neto manteve a agenda de seu antecessor, Ilan Goldfajn, dando continuidade ao incentivo à concorrência no setor financeiro.
As propostas de Campos Neto como presidente do Banco Central abrangiam:
- Implementação do Pix;
- Introdução do open banking;
- Expansão do open finance;
- Criação do real digital
Política monetária e Selic
Uma das grandes realizações de Campos Neto à frente do BC foi a condução da taxa básica de juros, a Selic durante a pandemia.
Em 2020, em resposta à pandemia, adotou medidas para enfrentar os impactos econômicos, sendo a redução da Selic uma das estratégias implementadas inicialmente. Ao longo de sua gestão, a Selic alcançou o seu nível mais baixo na história, atingindo 2% ao ano.
No entanto, com a posterior estabilização da situação pandêmica e a preocupação em controlar a inflação, o Banco Central iniciou um ciclo de aumento dos juros em 2021. Porém, em 2022, diante de eventos globais como a guerra entre Rússia e Ucrânia e o aumento da inflação em vários países, o Bacen elevou a Selic para dois dígitos, atingindo 13,75%.
Já em 2023, após o prolongado ciclo de alta nos juros, Campos Neto votou a favor da primeira redução da Selic em dois anos, diminuindo a taxa em 0,5 ponto percentual.
No início do segundo semestre de 2024, as expectativas do mercado são de que Campos Neto entregue seu mandato com uma Selic em 10,50% a.a.
Inovação e tecnologia com a implementação do Pix
Em 2020, durante sua gestão, foi lançado o Pix, um sistema de pagamentos instantâneos que revolucionou a forma como as transações financeiras são realizadas no Brasil.
O sucesso do Pix é incontestável. Ainda em 2022, já era o meio de pagamento mais usado no Brasil, ultrapassando o dinheiro físico. Em 2023, se tornou a forma de pagamento instantâneo mais usada no Brasil.
Autonomia do Banco Central
Ainda em sua posse, ele destacou a importância da autonomia do Banco Central, uma visão compartilhada com seu avô, Roberto Campos.
Durante sua gestão, em 2021, a autonomia do Banco Central foi formalmente aprovada pela Câmara dos Deputados, representando um marco para a instituição. Essa autonomia conferiu maior estabilidade e independência na condução da política monetária.
Desafios e críticas a sua gestão
Campos Neto também enfrentou desafios e críticas durante sua gestão. A pressão inflacionária e a necessidade de equilibrar a estabilidade econômica com a retomada do crescimento foram temas constantes em sua administração.
No campo internacional, eventos como a retirada dos estímulos monetários nos Estados Unidos e a dinâmica global dos preços das commodities também foram desafios enfrentados pela gestão.
Em 2023, o Tribunal de Contas da União (TCU) iniciou uma investigação contra o economista para apurar possíveis irregularidades relacionadas ao plano de transferir parte dos ativos sob administração do banco para a iniciativa privada.
Em 2024, o presidente da República, Luiz Inácio Lula da Silva, iniciou uma série de críticas à gestão de Campos Neto, o apontando como responsável pela manutenção de juros elevados.
Apesar das pressões, Campos Neto continua no cargo e já falou que pretende chegar até o fim, no final de 2024.
Conclusão
Neste artigo, conhecemos um pouco mais da trajetória de Roberto Campos Neto, atual presidente do Banco Central do Brasil. Sua carreira no mercado financeiro começou ainda em 1996 como trader no Banco Bozano Simonsen. Após isso, já passou por posições estratégicas no Santander e na Claritas Investimentos.
Ao assumir a presidência do Banco Central em 2019, Campos Neto buscou manter a agenda de incentivo à concorrência no setor financeiro, implementando medidas como o PIX e open banking.
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