Quem é Naji Nahas? Conheça o homem que quebrou a Bolsa de Valores do Rio
Naji Nahas é um nome marcante na história financeira do Brasil. O empresário e especulador libanês movimentou milhões em transações arriscadas e controversas que impactaram profundamente o mercado financeiro brasileiro.
Continue no conteúdo para conhecer os principais eventos da trajetória de Nahas e como suas operações influenciaram o setor.
Sumário
- Quem é Naji Nahas?
- Como Naji Nahas quebrou a Bolsa de Valores do Rio
- Operação Zé com Zé: o esquema de manipulação
- Quando Naji Nahas quebrou a Bolsa do Rio de Janeiro?
- A operação Satiagraha e outras acusações
- O que faz Naji Nahas hoje?
- Nova Bolsa de Valores do Rio de Janeiro
Quem é Naji Nahas?
Naji Robert Nahas nasceu no Líbano em 1947 e mudou-se para o Brasil em 1969, trazendo consigo uma herança milionária de sua família.
Seu objetivo ao chegar ao país era construir um império econômico, e ele rapidamente expandiu seus negócios, investindo em diversos setores, como bancos, seguradoras e até fazendas de produção de coelhos. Antes de completar 40 anos, Nahas já havia consolidado um conglomerado multimilionário.
Como Naji Nahas quebrou a Bolsa de Valores do Rio
No final dos anos 1980, o mercado financeiro brasileiro estava altamente volátil. O cenário econômico era marcado por inflação descontrolada e políticas econômicas instáveis, o que tornava o mercado de capitais suscetível a especulações.
Em meio a esse contexto, Nahas usou métodos agressivos de manipulação de ações para se beneficiar, explorando lacunas nas regulamentações.
Um dos mecanismos que ele usou foi o financiamento D-Zero, permitido pela Bolsa de Valores do Rio de Janeiro em 1988.
Esse sistema permitia a liquidação instantânea das transações com apoio de empréstimos bancários, o que favorecia especuladores como Nahas. Em pouco tempo, ele se tornou um dos maiores operadores da Bolsa do Rio, controlando preços e aumentando o valor das ações de empresas como Petrobras e Vale.
Operação Zé com Zé: o esquema de manipulação
Naji Nahas realizou operações conhecidas como "Zé com Zé", onde ele comprava e vendia ações para si mesmo, utilizando "laranjas" para manipular o mercado.
Ao inflar artificialmente o preço dos papéis, ele obtinha altos lucros. Para sustentar essa operação, o empresário dependia de empréstimos de grandes bancos e de um forte fluxo de capital que não era dele, mas sim de financiamentos bancários.
A Comissão de Valores Mobiliários (CVM) estimou que Nahas usava mais de 100 "laranjas" para operar no mercado, o que permitia que ele mantivesse as ações em alta constante, manipulando o mercado conforme sua conveniência. Esse tipo de manipulação elevou os preços dos papéis de forma insustentável, resultando em uma bolha especulativa.
Quando Naji Nahas quebrou a Bolsa do Rio de Janeiro?
Em junho de 1989, o esquema de Nahas começou a desmoronar quando bancos como Planibanc, Bozzano Simonsen e Citibank decidiram parar de financiar suas operações.
Sem o suporte financeiro de instituições financeiras, o empresário emitiu um cheque sem fundos no valor de NCz$ 39 milhões, o que gerou uma crise imediata. Corretoras que intermediavam as operações de Nahas ficaram com uma dívida enorme, estimada em US$ 500 milhões, levando algumas à falência.
Com a notícia da crise, o pânico tomou conta do mercado. Como ainda não existia o mecanismo de “circuit breaker” (só implementado em 1997), as negociações foram suspensas, mas, quando o mercado reabriu, as ações caíram drasticamente, algumas perdendo até um terço de seu valor.
Esse evento selou o destino da Bolsa de Valores do Rio, que nunca se recuperou totalmente e encerrou suas operações em 2002, quando se fundiu com a paulista Bovespa.
A operação Satiagraha e outras acusações
Após a quebra da Bolsa, Naji Nahas continuou a ser uma figura polêmica no mercado financeiro.
Em 2008, ele foi preso novamente na Operação Satiagraha, uma investigação da Polícia Federal sobre corrupção, desvio de verbas públicas e lavagem de dinheiro. O empresário foi acusado de envolvimento em crimes financeiros complexos, inclusive de operar sem autorização e usar informações privilegiadas.
Outras figuras importantes, como o banqueiro Daniel Dantas, também foram presas na mesma operação.
A acusação contra Nahas incluía a prática de crimes como operação não autorizada e manipulação de mercado, o que reforçou sua imagem de especulador controverso.
O que faz Naji Nahas hoje?
Atualmente, Naji Nahas e sua família ainda estão presentes no setor empresarial, embora com um perfil mais discreto. Seus filhos administram uma incorporadora de imóveis e diversos estacionamentos.
Justiça bloqueia bens do investidor Naji Nahas
Em setembro de 2024, o investidor Naji Nahas teve suas contas bloqueadas por uma decisão judicial que exige o pagamento de uma dívida à corretora Novinvest. Esse bloqueio inclui possíveis bens de luxo, como uma ilha e uma mansão, avaliados em cerca de R$ 100 milhões.
Nova Bolsa de Valores do Rio de Janeiro
Após mais de 20 anos, o Rio de Janeiro dará um importante passo rumo à revitalização econômica com o lançamento da nova ATS (American Trading Service). Anunciada em julho pelo prefeito Eduardo Paes e pelo CEO do Americas Trading Group (ATG), a nova Bolsa tem previsão para iniciar suas operações no segundo semestre de 2025.
Esse movimento marca uma nova era, especialmente após o legado controverso deixado por Naji Nahas.
Com a nova ATS, espera-se atrair investidores e ampliar o mercado financeiro carioca, oferecendo uma alternativa competitiva à B3. A cidade está se preparando para um renascimento no setor financeiro, trazendo oportunidades tanto para pequenos investidores quanto para grandes negociações.