Queda de 70%: as ações da MRV já ficaram baratas demais?

As ações da construtora caíram 70% desde as máximas. Confira nossa opinião e entenda se vale a pena entrar no papel

Nord Research 17/02/2023 13:52 4 min
Queda de 70%: as ações da MRV já ficaram baratas demais?

A construtora MRV enfrentou “tempos sombrios” nos últimos três anos. As ações da companhia tiveram uma desvalorização de 70% desde sua máxima.

As perdas refletem o cenário desfavorável com juros altos e inflação. A pandemia do coronavírus interrompeu o ritmo acelerado do setor da construção civil em 2019 e, desde então, especialmente em 2020 e 2021, tem sido prejudicado pelos efeitos do aumento nos preços de materiais e nos custos de mão de obra.

Em 2022, vemos que os resultados foram mais impactados pela queima de caixa nas operações no Brasil e nos Estados Unidos.

No entanto, a MRV entra em 2023 com perspectivas melhores. Segundo o analista Rafael Ragazi, nos próximos anos, a preocupação está em reduzir a alavancagem financeira e melhorar a geração de caixa da construtora.

Principais destaques do Investor Day de 2023

Vendas anuais: A MRV pretende voltar a realizar 40 mil unidades de vendas anuais nos próximos anos, ante as 33 mil de 2022.

Lucro bruto: A companhia também quer aumentar a margem do lucro bruto por unidade de R$ 30 mil para R$ 76 mil até dezembro deste ano.

Margem bruta e lucro líquido: A companhia pretende trabalhar com a meta de chegar à margem bruta (DRE) de 22-24% em 2023; de 26-28% em 2024; e de 30-33% em 2025, com expectativa de lucro líquido de R$ 700 a R$ 1 bilhão até 2025, somente nas operações brasileiras da MRV.

Redução no escopo das cidades: A MRV pretende deixar de atuar em 40 cidades brasileiras em cerca de três anos para focar em São Paulo e nas regiões metropolitanas mais relevantes, focando nas 120 cidades.

O plano de reduzir o tamanho da operação no país também vai ao encontro das prioridades da MRV&Co neste ano: reduzir a alavancagem, voltar a gerar caixa e aumentar a rentabilidade.

Luggo: a empresa quer elevar a venda das unidades para locação para 1.300 por ano até 2025, com uma receita de R$ 370 a R$ 400 milhões e lucro líquido de R$ 55 a R$ 70 milhões no período.

Urba: Para o período entre 2023 e 2025, o plano é vender de 5 a 6 mil lotes, com um resultado de R$ 80 a R$ 100 milhões e margem bruta de 37% a 40%.

Operações nos EUA

Resia: Nos próximos anos, a companhia quer chegar em 2 mil unidades vendidas com preço médio de US$ 340 mil. Com isso, a MRV espera entregar um resultado líquido de R$ 440 a R$ 480 milhões.

Somando todas as operações de negócio da MRV, a companhia estima um lucro líquido total de R$ 1,3 a R$ 1,6 bilhão em 2025.

Relançamento do MCMV

O Governo Federal anunciou a volta do “Minha Casa, Minha Vida”, programa habitacional que havia mudado de nome durante a gestão de Jair Bolsonaro.

O foco do novo governo será o faixa 1, cujo subsídio pode chegar a 95% do valor do imóvel e é destinado a famílias com renda de até R$ 2.640 (dois salários mínimos). O orçamento reserva R$ 9,5 bilhões para bancar a construção das moradias subsidiadas no faixa 1.

“A MRV disse algumas vezes que não tem a intenção de atuar no faixa 1, por não achar o modelo economicamente viável, mas isso não significa que não haja notícias positivas para a construtora”, comenta Ragazi.

O governo também informou que a meta é contratar 2 milhões de novas moradias no programa até 2026, representando uma média anual de 500 mil unidades, consideravelmente maior que as 270 mil unidades contratadas em 2022.

Vale a pena comprar MRVE3 neste momento?

Para o nosso analista, a MRV deve começar a colher os frutos dos seus investimentos em 2023.

“A companhia queimou caixa no ano passado, mas não para pagar dívidas ou porque estava se “enrolando” com recebíveis. Pelo contrário, a empresa estava investindo”, diz Ragazi. A empresa passou por um momento complicado, mas agora está pronta para entregar recuperação de margem e caixa, acrescenta.

Além disso, as ações da MRV negociam atualmente a menos de metade de seu valor patrimonial (0,45x PL), seguem muito baratas e seu preço não reflete o crescimento que a companhia vai entregar nos próximos anos, conclui o analista.

Recomendação: Comprar

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