Queda da selic. Acabaram as oportunidades na renda fixa?

A Renda Fixa ainda oferece boas oportunidades? Estamos há praticamente três meses com as taxas por volta do mesmo patamar.

Marilia Fontes 07/09/2023 08:00 4 min
Queda da selic. Acabaram as oportunidades na renda fixa?

Atualmente, estamos vivenciando um momento no mercado de renda fixa em que não há muitos acontecimentos significativos. Estamos há praticamente três meses com as taxas por volta do mesmo patamar. No entanto, gostaria de compartilhar algumas observações sobre o cenário atual.

No início do ano, havíamos nos voltado para os títulos de créditos privados, especificamente para os indexados à inflação, em meio a uma crise de crédito com prêmios bem gordinhos nesses ativos. Entre os meses de janeiro e março, observamos títulos com IPCA + 7%, 7,5% e até 8%.

No entanto, essas oportunidades têm se tornado cada vez mais escassas. As taxas, que já estavam em declínio após a proposta e subsequente aprovação do novo arcabouço fiscal, estabilizaram-se em torno de IPCA + 5,5%.

Recentemente, o novo governo mencionou a possibilidade de revisar a meta fiscal, o que gerou certa inquietação no mercado. Isso resultou em um aumento nas taxas de juros e uma desvalorização do real.

O que vemos agora é o mercado ainda desconfiado, mas o governo rapidamente reafirmando seu compromisso com a meta fiscal, trazendo certa estabilidade.

Galípolo na Expert XP

Assisti a uma apresentação de Galipolo na Expert XP 2023, na qual ele discutiu esse episódio. Ele destacou a preocupação inicial de que o governo não cumpriria a meta fiscal, o que levou a uma reação negativa do mercado. No entanto, após a reafirmação do governo, a situação se estabilizou.

Minha percepção é que o atual governo está muito atento às reações do mercado. Eles reconhecem a importância da estabilidade macroeconômica para governar eficazmente. Quando as variáveis de mercado começam a se deteriorar, o governo age rapidamente para reafirmar suas metas e restaurar a confiança.

O próprio Galípolo parece ter levado um “banho de loja”, com uma linguagem mais amistosa com o mercado e a todo momento legitimando as preocupações com o fiscal e entendendo que isso precisa ser entregue continuamente.

Mas sabemos também que é a vontade deste governo promover o crescimento por meio de mais estímulos econômicos.

Acredito que o governo atual vai operar no limite do gasto aceitável e da meta fiscal. Se as taxas de juros caírem significativamente e o câmbio se valorizar, eles podem optar por aumentar os gastos, entendendo que tem “espaço de credibilidade para isso”.

A consequência é que as taxas não cairão muito, mantendo a curva de juros em um nível estável em torno do atual. Por outro lado, se o mercado reagir negativamente, o governo tomará medidas para retornar a um nível aceitável.

Ou seja, não vejo como muito provável uma queda contínua e intensa como vimos durante o governo Temer e na gestão de Ilan no Banco Central.

Sobre as reuniões do Copom

Em relação à queda da Selic, não vejo espaço para o Banco Central acelerar muito o passo dessa redução dos juros para 75 bps.

Os recentes dados de inflação não foram tão positivos e os indicadores de atividade econômica também não mostraram grandes quedas ou recessões.

Além disso, a última redução da Selic teve um efeito restritivo na política monetária (desvalorização do câmbio e aumento dos juros longos), o que sugere que uma aceleração do passo da queda poderia ter um impacto contraproducente.

Em resumo, acredito que o cenário para a renda fixa será esse patamar em torno de IPCA +5,5%.

Essa é uma excelente taxa para investidores de renda fixa, oferecendo um retorno real de +5,5%, ainda mais considerando a isenção fiscal no caso dos CRIs e CRAs.

Mas a barra para termos quedas mais intensas está muito alta e exigiria um sacrifício fiscal muito maior que o governo está parecendo querer entregar.

Por outro lado, quando os juros sobem, também percebemos uma articulação do governo para reafirmar o equilíbrio fiscal.

Lembre-se de ter muito cuidado em escolher os créditos que você vai colocar na sua carteira. Evite empresas com resultado volátil ou sem consistência.

Se precisar de ajuda, me chame no Renda Fixa PRO.

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