Quando o fundo ganha e os investidores perdem
O Silicon Valley Bank
Já foi tão discutida a reportada quebra relâmpago do banco californiano Silicon Valley Bank (SVB) que nem vale a pena comentar mais.
Os memes são ótimos.
Foi a quebra de banco mais ridícula do mundo. Qualquer estagiário de mesa de operações saberia dizer que ficar devendo nos juros de curto prazo (CDI deles) e investir na renda fixa pré de longo prazo seria perigoso.
O CDI (Fed Funds) deles e as taxas de prefixados subiram (ficaram devendo mais e seus títulos longos caíram de preço). "Puft", o banco quebrou.
Mas sabe o que é pior? Existem MUITOS outros SVBs nos EUA.
"O FED sobe os juros até alguma coisa quebrar"
É uma frase famosa nos EUA. Com juros baixos demais por tempo demais, as pessoas (os bancos) começam a fazer coisas bem erradas.
O FED correu para salvar o SVB, pois viu um pânico se formando com outros bancos pequenos e médios nos EUA. O “papo de corredor” de Wall Street é que muitos desses bancos cometeram o mesmo erro do SVB.
Com o risco bancário e a menor confiança, o FED não precisará mais subir os juros?
Mudou novamente o cenário? Bolsas para cima, Bull Market e carnaval na Faria Lima?
"Se você for panicar, panique primeiro"
Se você ainda não panicou, está atrasadíssimo.
Nos últimos três dias, com a quebra do SVB e o aparecimento dos problemas em outros bancos, as taxas de juros de 2 anos nos EUA caíram 1% (100 basis points).
Foi a maior queda em três dias desde o crash da bolsa de 1987 (quando o SPX caiu -20% em um dia).
O mercado já precificou que a média dos juros, nos EUA, nos próximos dois anos será 1% menor. O movimento já foi.
Os melhores investidores estão mortos
São famosas as pesquisas, nos EUA, sobre quais contas nas corretoras mais ganharam dinheiro no longo prazo.
O resultado sempre é: a pessoa morreu ou se esqueceu completamente daquela conta. Ela não moveu o dinheiro.
A média dos investidores no fundo mais rentável da história americana perdeu dinheiro.
O fundo (Magellan) de Peter Lynch rendeu inacreditáveis +29,2% ao ano por 13 anos e a média dos cotistas perdeu dinheiro.
Simples. Eles compravam quando o mercado (e o fundo) subia e vendiam (nas baixas) tentando se defender das crises.
Vivemos em nosso próprio mundinho
O movimento dos juros americanos respingou por aqui.
Muito menos barulhentos e muito mais importantes são os resultados das empresas do 4o trimestre que estão sendo divulgados.
Além disso, a nova regra fiscal será divulgada em meados da próxima semana.
Feliz ou infelizmente, os problemas que o Brasil se impõe são muito mais importantes do que os ciclos econômicos mundiais. Vivemos em nosso próprio mundinho.
Nosso maior problema: gasto público
Enquanto o juro americano está em 5% ao ano, o nosso está em 13,75% (\o/).
Tudo isso com inflação aqui e lá ao redor de 6%. Desesperador.
Se os juros americanos causam problemas econômicos por lá, os nossos juros dizimam a nossa economia e qualquer vontade dos empresários de investir, crescer e empreender.
Por sorte, nossos bancos aprenderam, há muito tempo, a conviver nesse ambiente tóxico.
Peter Lynch está vivinho da Silva
Com certeza, você leu sobre o fundo de Peter Lynch e pensou: "que gente burra… eu nunca venderia o fundo na baixa e compraria na alta".
Será mesmo?
Após ver as perdas enormes que o fundo de Lynch teve ao longo do tempo?
Você manteria seus investimentos se eles caíssem -65% em 2 ou 3 anos?
Você está mantendo seus investimentos na bolsa agora?
Cotações seguem resultados
A estratégia de Peter Lynch é bem parecida com a nossa do ANTI-Trader. Compramos empresas com alto crescimento de resultados a preços baixos.
A longo prazo, as ações chacoalham e o resultado, eventualmente, aparece.
Hoje, com o Brasil dos juros altos e economia no buraco, buscamos grandes oportunidades em empresas com alto crescimento em dólar, que não dependem do Brasil e negociam a preços bastante descontados.
Mas a ideia é a mesma. Apesar das turbulências, a longo prazo, as cotações seguem resultados.
Está desanimado? Precisa de ajuda?
Junte-se a nós.
Um abraço,