Quais oportunidades 100 dias de Lula nos trazem?
O pior IBOV desde FHC
Não me importa a preferência política de ninguém. Aqui, o que importa é Bolsa subindo e empresas tendo crescimento de resultados.
E os primeiros 100 dias de Lula não começaram nada bem.
Mesmo com o S&P500 (SPX) americano subindo +4,9%, o Ibovespa desvalorizou -8,1% desde o início do Lula III, a pior performance desde FHC 1.
E quem olha só para o Ibovespa não está vendo a destruição que está acontecendo nas Small Caps.
Não, não começou bem.
Poucas vencedoras, muitas perdedoras
Nesses 100 dias, apenas 26 posições do Ibovespa se mantiveram no positivo, 63 ações caíram no período.
As baixas são muito mais expressivas. Temos Americanas (AMER3) caindo -93% até Soma (SOMA3) caindo -25%.
Entre as baixas, fica clara a participação do varejo e do segmento de saúde — ambos os setores com eventos específicos que impactaram o mercado.
As altas são mais brandas, a maior alta é de "apenas" +38% em Embraer (EMBR3) e não vemos muitos temas setoriais — algumas exportadoras, concessões, uma varejista.
Varejo depende de PIB
O varejo já vinha sofrendo forte desde que os juros começaram a subir em junho de 2021.
A maioria das varejistas depende de uma economia pujante para apresentar resultados fortes e crescentes.
As varejistas que integraram as maiores quedas são: SOMA3, ASAI3, ALPA4 e AMER3.
Americanas sofreu uma fraude contábil e pediu recuperação judicial (RJ) — sua derrocada não tem nada a ver com o governo. Suas ações foram excluídas do Ibovespa após queda de -93%.
As perspectivas para o varejo, porém, estão longe de melhorar.
Além de continuarem sendo pressionadas pela inflação e juros em alta, as empresas do setor também poderão ser impactadas por outra canetada do governo.
Para aumentar as receitas e fazer frente a seus gastos, a atual equipe econômica já planeja decretar o fim dos incentivos fiscais no varejo, que é responsável por uma parcela relevante do lucro das companhias.
Caso seja aprovado, o número de varejistas que continuariam apresentando bons resultados seria reduzido drasticamente.
Como a economia brasileira não anda, eu desisti do varejo há algum tempo. O Ragazi ainda gosta de algumas varejistas específicas que crescem sem depender do PIB.
CVCB3 e YDUQ3
CVC e Yduqs (parece nome dado pelo Mussum) não são "varejistas", mas sofrem pelos mesmos motivos — ambas dependem de economia pujante para apresentar resultados.
CVCB3 vem cambaleando desde a pandemia, quando o turismo foi dizimado. Hoje, a CVC ainda dá prejuízo, mas começa a parecer interessante (se conseguir crescer com juros altos e economia fraca).
YDUQ3 está à espera de uma volta do Fies que nunca veio (falta dinheiro).
Não me parece razoável investir em uma empresa esperando ajuda do governo. Ainda mais hoje que o governo não consegue fechar suas contas.
YDUQ3 está barata (como toda a bolsa), mas não parece interessante.
A saúde está cada vez mais "sinistra"
Completam a lista de maiores quedas a Locaweb (LWSA3) e três empresas ligadas ao setor de saúde: Rede D'Or (RDOR3), Qualicorp (QUAL3) e Hapvida (HAPV3).
LWSA3 está tendo seus múltiplos pressionados com os juros mais altos (como todas as tech que negociavam a múltiplos elevados).
O setor de saúde vem sendo bastante impactado pela sinistralidade — as pessoas estão indo mais ao hospital. As empresas estão elevando drasticamente seus preços para lidar com maiores custos de atendimento.
HAPV3 já cai -70% desde sua fusão com a Notredame (-55% em 2023) e, mesmo assim, ainda são negociadas por cerca de 13x Ebitda.
Hoje a companhia está tentando resolver sua alavancagem elevada emitindo ações e vendendo hospitais.
QUAL3, além dos problemas de governança, também vem com resultados caindo drasticamente e nos parece perigosa.
Já RDOR3, a 10x Ebitda, parece uma oportunidade bem melhor.
Crescendo através da aquisição e construção/ampliação de hospitais e podendo chegar a um faturamento de R$ 40 bilhões após a compra da SulAmérica — o Ragazi está comprado.
As ganhadoras (sobreviventes?)
EMBR3 vem subindo +38% mesmo sem nada de especial acontecendo em seus resultados. O mercado ficou animado com o guidance da companhia no último trimestre.
No entanto, sem conseguir crescimento de resultados desde 2015, não vejo nada demais na exportadora de aviões.
Magalu (MGLU3), apesar de resultados despencando e varejo na lama, foi a escolhida pelo mercado como a favorita para “ganhar” o mercado deixado por AMER3.
MGLU3 ainda acumula queda de -85% desde 2021, acompanhando de perto a piora em seus resultados.
Concessionárias em alta
Coladas em terceiro e quarto lugar estão as concessionárias ECOR3 e CCRO3, que também passaram por revisões de suas perspectivas após a divulgação de resultados.
Ainda assim, é preciso ter atenção com o setor, tendo em vista que pode ser mais um a ser revisto e impactado pelo atual governo.
Por fim, a grande surpresa ficou por conta de BBAS3, que mesmo sendo um banco com interferência direta do Estado, apresentou um movimento positivo no ano.
Com Lula, as chances de uma possível privatização são praticamente nulas, mas as ações ainda parecem colher frutos de estratégias adotadas pela empresa em governos anteriores.
Nós preferimos bancos que crescem e com portfólios mais resilientes, como é o caso de BPAC11.
As empresas de setores como energia, mineração e agro completam o Top 10 de maiores altas.
Acreditamos que muitas mudanças ainda vão ocorrer nesse ranking ao longo do ano e seguimos com nossa predileção por exportadoras com grande visibilidade de crescimento, como PRIO3 e RRRP3.
O que fazer nos outros 1.360 dias?
Estamos vendo um fluxo forte de venda de bolsa que impacta diretamente o preço das ações — tem muita coisa boa e barata na bolsa hoje.
Nos momentos difíceis, os fracos vendem. Os fortes se adaptam.
Sim, o ambiente é desafiador, com juros altos, governo gastando demais e canetadas impactando diversos setores.
É preciso cautela. Muita cautela.
No ANTI-Trader, recentemente, sofremos forte com uma canetada no setor de petróleo — o imposto sobre exportações afetou diretamente nossa querida PRIO (PRIO3), o que é uma grande oportunidade.
Já tendo sofrido aumento de impostos (temporário por 4 meses), é improvável que o setor de petróleo seja impactado por uma nova canetada.
A canetada já veio, a produção de petróleo da companhia já subiu +91% em 2023. Aproveite! Compre PRIO3.
Já sabemos que governos populistas, gastadores e ruins para as empresas sempre existirão no Brasil.
Mas é nos momentos de maior desespero que encontramos as maiores oportunidades.
No ANTI-Trader, estamos capturando essas oportunidades.
Junte-se a nós!