Preço do dólar pode impactar queda de juros no Brasil?
Não é novidade que diversos países emergentes fizeram o trabalho de subida de juros bem antes dos desenvolvidos.
Como foram pioneiros no processo de aperto, também estão sendo os primeiros a coletar os benefícios da queda da inflação e também os primeiros a vislumbrar cortes de juros.
É por isso que quando olhamos para países como Chile, Brasil, México, há cortes na curva de juros. Enquanto isso, a Zona do Euro, Estados Unidos e Reino Unido estão ainda nos seus processos de subida de juros.
Essa diferenciação de ciclos de política monetária entre os países cria um impacto importante nas moedas desses respectivos países, afinal de contas o diferencial de juros é importante para o caminho das moedas.
Como isso funciona? Em linhas gerais, conforme o diferencial de juros encolhe, a tendência é que o país emergente tenha sua moeda depreciada. É claro que há outros definidores (preço de commodities, risco país, balanço de pagamentos etc.), mas diria que ele tem seu peso.
Com tudo isso em mente, é possível pensar que o Brasil encontra-se em um xadrez à frente.
De um lado, o Banco Central brasileiro está na iminência de um ciclo de corte de juros que, na visão do mercado, chega abaixo de 9% ano que vem. Do outro lado, na ponta contrária, temos o Federal Reserve (Fed), banco central dos Estados Unidos, com juros caminhando para 5,5% e ainda com uma batalha longe de estar ganha contra a inflação.
Então, de alguma forma, a cada dia que passa, o diferencial de juros vai caindo e se cria um espaço para o real depreciar. A cada nova reunião do Copom, será testada essa teoria.
Talvez o câmbio seja a pedra no sapato do Roberto Campos Neto e do Copom ao longo deste ciclo de queda e, de alguma forma, limite as ações do Copom ao longo do caminho.