Por que as ações de crescimento, como INBR32, são mais voláteis?

As ações de crescimento tendem a entregar uma valorização muito acima da média

Rafael Ragazi 01/10/2023 08:00 5 min
Por que as ações de crescimento, como INBR32, são mais voláteis?

O fator taxa de desconto

O método mais comum para estimar o valor de uma empresa no mercado financeiro é o do fluxo de caixa descontado, no qual os resultados da companhia para os próximos anos são projetados e depois trazidos a valor presente por uma taxa de desconto.

Essa taxa de desconto é uma média ponderada do custo da dívida e do custo do capital próprio de uma empresa (equity); quanto maior a taxa de desconto, menor é o valor presente de uma ação.

A taxa de juro do país tem uma correlação direta com a taxa de desconto utilizada nos valuations; quanto maior a taxa de juro do país, maior será a taxa de desconto. Em momentos de juros em alta, as taxas de desconto sobem e, em momentos de juros em queda, as taxas de desconto caem.

Enquanto uma empresa de dividendos, que já entrega altos lucros e não tem muito crescimento é pouco afetada por uma mudança nas taxas de desconto, uma empresa de crescimento, que tem a maior parte de seu valor vindo de seus resultados futuros, é mais sensível às variações na taxa de desconto.

Para exemplificar, uma empresa que entrega um lucro de R$ 100 milhões hoje e que cresce 50% a.a., em 10 anos, passa a entregar um lucro de R$ 5,8 bilhões. O lucro atual é praticamente irrelevante no seu valuation.

Nesse exemplo, com uma taxa de desconto de 17%, essa empresa teria seu valor estimado em R$ 17,8 bilhões. Com todas as demais premissas mantidas constantes, reduzindo apenas a taxa de desconto em 1 p.p., o valor estimado da empresa sobe para R$ 20,8 bilhões, uma alta de 17%.

Com a taxa de desconto em 15%, o valor estimado da empresa cresce 39% (R$ 25 bi); com a taxa de desconto em 13%, o valor estimado mais do que dobra (+106%). Reduzindo a taxa de desconto para 11%, o valor da empresa é 3,5x maior (R$ 62 bi) e, com a taxa de desconto em 10% (custo de capital médio enquanto a Selic estava em 2%), o valor estimado da mesma empresa é quase 400% maior (R$ 87 bi).

O que essa análise de sensibilidade mostra é que as empresas de alto crescimento são muito sensíveis a variações na taxa de desconto, mesmo que seus fundamentos não mudem em nada, é por isso que observamos fortes quedas nessa classe de ações desde meados de 2021, quando as altas dos juros brasileiros se intensificaram.

O fator expectativas

Mas não é apenas a taxa de desconto que muda quando os juros estão subindo. Normalmente, o processo de alta dos juros leva a uma desaceleração na economia; em alguns casos, pode levar até a uma recessão.

À medida que as expectativas de crescimento econômico são reduzidas, os analistas e investidores também vão ficando mais pessimistas e vão reduzindo as suas projeções para os resultados da empresa.

Dessa forma, o efeito negativo da alta da taxa de desconto se soma ao efeito negativo da redução das expectativas, e a queda das ações de crescimento se torna ainda mais acentuada.

Adicionalmente, os juros altos também levam a uma migração de recursos da renda variável para a renda fixa, que passa a pagar rendimentos mais altos com menos risco do que a bolsa.

Contudo, o mesmo é válido para o processo de queda dos juros, revisão para cima das expectativas de resultados e fluxo de recursos para a bolsa, os três efeitos se somam e as ações de crescimento tendem a entregar uma valorização muito acima da média.

É exatamente no começo dessa jornada que as ações do Inter (INBR32) se encontram; enquanto o Ibovespa sobe 6%, INBR32 já acumula uma alta de 85% no ano. A Selic começou a cair somente agora e o efeito taxa de desconto fomenta um cenário para que haja uma forte valorização das ações nos próximos anos.

No entanto, não se trata apenas disso. Recentemente, o Inter passou o guidance de entregar um lucro de R$ 5 bilhões em 2027. Negociando a 15x lucros (múltiplo médio histórico da bolsa), a companhia deveria valer R$ 75 bilhões, hoje ela vale R$ 8 bilhões. A diferença entre os dois valores é o potencial de valorização caso a empresa entregue seu guidance.

Seu resultado no último trimestre foi marcado pela continuidade do robusto crescimento da base de clientes e das receitas, em conjunto com uma forte redução nas despesas por cliente e uma forte queda no índice de eficiência (despesas/receitas), o que permitiu a entrega de um lucro maior, e essa é a tendência para os próximos trimestres. Resultados acima do esperado também ajudam na revisão das expectativas para cima e podem auxiliar na alta das ações.

O Inter é a principal posição da carteira do NORD 10X, nossa série focada em ações de crescimento. Além dele, temos outras 10 empresas com enorme potencial de valorização, que tendem a se beneficiar muito do ciclo de cortes dos juros que está se iniciando. Se você não quer perder as melhores oportunidades da bolsa, junte-se a nós.

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