PCE: Inflação dos EUA sobe em linha com o esperado, mas ainda mostra sinais de atenção
No qualitativo, dado ainda mostra pressões e refletem uma necessidade de cautela para o Federal Reserve

O núcleo do PCE (inflação ao consumidor dos EUA) apresentou uma alta de +0,28% em janeiro, em linha com as expectativas, ante +0,21% no mês imediatamente anterior e +0,50% em janeiro de 2024.

Em 12 meses, o núcleo acumula alta de +2,65%.

Esse resultado mais forte em relação ao mês anterior veio especialmente pelos preços de bens.
Bens duráveis (bens que não se desgastam rapidamente, como carros e eletrodomésticos) mostraram uma alta de +0,33%, após queda de -0,48% no mês anterior, com forte impacto de bens de recreação, além de veículos e equipamentos domésticos.

Enquanto isso, bens duráveis apresentaram uma alta de +0,50%, ante queda de -0,06% no mês anterior, devido principalmente a produtos farmacêuticos.

Apesar do menor peso no cálculo do índice, também vale notar a alta de +1,22% em entidades não-lucrativas (nonprofits), após +0,40% no mês anterior.

Apesar das maiores pressões em itens mais voláteis, os preços de serviços registraram uma boa desaceleração, com alta de +0,20%, após +0,37% no mês anterior, em razão dos menores preços de assistência médica e serviços de transporte.

Assistência médica registrou deflação de -0,13%, após alta de +0,28% no mês anterior, devido aos preços de serviços médicos.

Serviços de transporte, como já falamos algumas vezes em nossas análises, é uma categoria com maior volatilidade, que é o que temos visto nos últimos dados.
Após um resultado forte em dezembro de +1,82%, em janeiro, serviços de transporte registraram uma deflação de -0,42%, justamente pela queda nos preços de passagens aéreas, que havia sido o motivo da pressão altista em dezembro.

Já os preços de aluguéis (housing), categoria de maior atenção para a inflação, aceleraram de +0,31% para +0,32%. Nos últimos 12 meses, acumula alta de +4,50%.


Também vale destacar a forte alta de +1,14% em serviços de recreação, o maior resultado da série, assim como vimos na divulgação do CPI.

A aceleração, na margem, dos preços de bens não me traz grandes preocupações, por estar relacionado a itens mais voláteis.
Já em serviços, vejo maiores atenções. Apesar da desaceleração, esse movimento se deu por fatores mais específicos envolvendo assistência médica e tarifas aéreas (em serviços de transporte). No entanto, ainda observamos números fortes nos preços de aluguéis, categoria que necessita de um processo consistente de desaceleração.
Ou seja, um dado que não muda a nossa narrativa. A minha leitura segue a mesma: o Federal Reserve não terá muita pressa em cortar juros e, dessa forma, veremos juros inalterados nesse primeiro semestre.
