PCE: inflação nos EUA sobe 0,3% em fevereiro, acima das expectativas
Núcleo registrou o maior número desde janeiro de 2024, pressionado por serviços

O núcleo do PCE (inflação ao consumidor dos EUA) apresentou uma alta de 0,36% em fevereiro, acima das expectativas de +0,30%, ante +0,30% no mês anterior e +0,24% em fevereiro de 2024.
Esse foi o maior resultado para o núcleo desde janeiro de 2024 (+0,50%).

Em 12 meses, o núcleo acumula alta de 2,79%.

Esse resultado mais forte em relação ao mês anterior veio especialmente pela aceleração nos preços de serviços, de +0,19% para +0,39%, sendo o maior resultado desde março de 2024 (+0,40%).

Dentro de serviços, a maior pressão ficou para assistência médica, que, após deflação de 0,18% em janeiro, apresentou uma alta de 0,33% em fevereiro.

A categoria de “outros serviços” apresentou o segundo maior impacto dentro de serviços, devido à aceleração de +0,14% para +0,62%.

Por outro lado, a categoria de “housing”, que representa os preços de aluguéis e que possui o maior peso no cálculo do índice junto com “assistência médica”, desacelerou de +0,32% para +0,28%.

No entanto, um ponto que merece acompanhamento é a dinâmica dos preços de bens nesses dois primeiros meses do ano.
Em janeiro e fevereiro, bens duráveis mostraram altas de +0,32% e +0,41%, respectivamente, acima dos +0,21% e +0,14% de janeiro e fevereiro de 2024 e das deflações que vínhamos observando nos últimos meses de 2024.

Bens não duráveis também mostram pressões nesse início de ano, com altas de +0,50% e +0,41% em janeiro e fevereiro, após -0,30% e +0,44% nos mesmos de 2024.

Ou seja, os preços de bens entram no radar de acompanhamento, uma vez que podem ter efeitos das tarifas de importação que estão sendo implementadas por Trump. Além disso, há a necessidade de seguirmos acompanhando a dinâmica de serviços.

Dessa forma, a notícia positiva do PCE de fevereiro foi a desaceleração dos preços de aluguéis, que possui um grande peso no índice e tem uma característica mais inercial (leva mais tempo para desacelerar).
No entanto, traz atenções sobre os demais componentes de serviços, apesar de terem uma maior volatilidade. Além disso, os preços de bens passam a demandar atenções, pois podem ser impactados pelas tarifas.
O mercado parece ter dado mais peso para o ponto positivo de desaceleração de aluguéis, uma vez que os juros futuros americanos estão caindo cerca de 7 a 8 pontos-base.
O mercado precifica apenas 28% de probabilidade de o Federal Reserve manter os juros inalterados em 4,25% a 4,50% na reunião de junho, ou seja, colocando grande chance de corte. Eu já tenho uma visão mais cautelosa, uma vez que a inflação mostra atenções e a atividade ainda estar resiliente, apesar dos índices de confiança estarem caindo (sendo um ponto para se acompanhar).


