Payroll: EUA criam 151 mil vagas de trabalho em janeiro, abaixo das expectativas

Apesar do número de empregos abaixo do esperado e do aumento do desemprego, o mercado de trabalho ainda se mostra aquecido

Christopher Gomes Galvão 07/03/2025 12:12 4 min
Payroll: EUA criam 151 mil vagas de trabalho em janeiro, abaixo das expectativas

O mercado de trabalho dos Estados Unidos abriu  151 mil vagas em fevereiro, abaixo das expectativas de 160 mil.

Fonte: Bloomberg

O dado do mês de janeiro foi revisado para baixo, de 143 mil para 125 mil, enquanto o número de dezembro foi revisado para cima, de 307 mil para 323 mil. As revisões de janeiro e dezembro, portanto, resultaram (combinados) em uma leitura de 2 mil vagas a menos do que havia sido divulgado anteriormente.

 Fonte: zerohedge

O dado de salários por hora trabalhada mostrou uma alta de +0,3%, em linha com o consenso de mercado. O resultado do mês anterior, porém, foi revisado de +0,5% para +0,4%.

Vale lembrar que, no dado referente a janeiro, as expectativas eram que os salários por hora trabalhada tivessem uma alta de +0,3%. Ou seja, mesmo com essa revisão de +0,5% para +0,4%, o dado de janeiro ainda foi uma leitura acima do esperado, apesar de ter sido influenciado pela redução da média de horas trabalhadas por semana.

Sendo assim, nos últimos 12 meses, os salários por hora trabalhada acumulam alta de +4,0%.

Fonte: Bloomberg

Após a queda da média de horas trabalhadas por semana em janeiro (de 34,2 para 34,1), o número se manteve em 34,1 nesse dado referente a fevereiro.

Fonte: Bloomberg

Enquanto isso, a taxa de desemprego teve uma leve alta de 4,0% para 4,1%, pior que as expectativas do mercado, que estavam em 4,0%. Mesmo com essa alta, ainda estamos falando de um desemprego muito baixo.

Fonte: Bloomberg

Chama atenção a queda da taxa de participação no mercado de trabalho americano, de 62,6% para 62,4%, enquanto as expectativas eram de manutenção em 62,6%).

Vale ressaltar que essa é a menor taxa de participação desde janeiro de 2023, quanto também esteve em 62,4%. Será esse um efeito do aumento das restrições às imigrações? Ainda não tenho uma resposta certa.

Fonte: Bloomberg

Vimos, portanto, um dado sem grandes surpresas, mas que traz alguns pontos interessantes.

No momento, existe uma forte discussão no mercado em relação a uma possível desaceleração da atividade americana de forma mais abrupta como efeito dos juros elevados e das políticas de tarifação sendo anunciadas por Trump. No entanto, eu não concordo com essa visão.

Podemos ver uma atividade americana desaquecendo mais rapidamente, mas acredito que a intensidade dessa discussão está sendo precipitada.

Isso porque ainda vemos uma economia americana resiliente, o que demanda cautela por parte do Federal Reserve ao pensar em novos cortes de juros.

Diante dessa discussão, a curva de juros já passou a precificar cerca de 45% de probabilidade de o Fed cortar juros já na reunião de maio. Com os dados que temos até o momento, porém, não vejo isso acontecendo.

Existe uma chance de o Fed cortar mais para o meio do ano (junho ou julho), mas isso estaria condicionado a uma desaceleração mais consistente dos próximos dados de atividade e inflação.

O que é Payroll?

O Payroll é o principal indicador sobre o mercado de trabalho formal dos Estados Unidos.

Quando é o Payroll?

Na primeira sexta-feira de cada mês, sempre às 10h30 do horário de Brasília.

Quem divulga o Payroll?

A agência governamental U.S. Bureau of Labor Statistics.

Do que o Payroll é composto?

O Payroll é calculado a partir de uma pesquisa com 119 mil empresas, representando aproximadamente 629 mil locais de trabalho nos EUA. 

A partir dessa amostra, calcula-se números como empregos criados, taxa de desemprego, horas de trabalho, salários por hora trabalhada e taxa de participação na força de trabalho.

Vale ressaltar que as estimativas consideram empregos formais e exclui os trabalhadores agrícolas, autônomos e empregos domiciliares.

Como o Payroll afeta a economia?

O Payroll reflete a dinâmica do mercado de trabalho americano, estando relacionado ao nível de aquecimento da atividade econômica local.

Em cenários de aquecimento da economia, o número de criação de vagas e os ganhos salariais tendem a ser maiores, assim como a taxa de desemprego tende a ser mais baixa.

Quanto mais forte o Payroll, maiores os seus efeitos sobre a inflação, diante das maiores pressões salariais que levam a um maior consumo.

Como analisar o Payroll?

Diversos números devem ser levados em consideração ao analisar o Payroll, sendo os principais deles: empregos formais criados, taxa de desemprego e salários.

Uma análise bem feita demanda um olhar para dentro desses números, como os setores que mais criaram vagas. Além disso, é possível investigar outros detalhes como empregos de período integral vs empregos de meio período.

São detalhes como esses que tornam a análise mais completa para ser possível interpretar os efeitos do Payroll sobre a inflação e, consequentemente, sobre a política monetária a ser adotada pelo Federal Reserve.

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