Payroll: EUA criam 143 mil vagas de trabalho em janeiro, abaixo das expectativas
Dado de mercado de trabalho nos Estados Unidos acende alerta para o Federal Reserve
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O mercado de trabalho dos Estados Unidos abriu 143 mil vagas em janeiro de 2025, abaixo das expectativas de 175 mil. Por outro lado, o número de dezembro foi revisado para cima, de 256 mil para 307 mil.
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No entanto, o que mais chamou atenção nesta divulgação do Payroll foi o forte aumento de salários por hora trabalhada, de 0,5% (indo para US$ 35,87), bem acima das expectativas de aumento de 0,3%. Nos últimos 12 meses, os salários acumulam alta de 4,1%.
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Por outro lado, vale ressaltar que parte desse resultado acima do esperado nos salários por hora esteve relacionado a uma redução da média de horas trabalhadas por semana, que passou de 34,2 (revisado, ante divulgação anterior de 34,3) para 34,1. Enquanto isso, as expectativas do mercado eram de 34,3 horas.
Essa redução da média de hora trabalhada nos últimos dois meses chama atenção, uma vez que o crescimento no número de vagas continua resiliente (se a economia estivesse desacelerando de maneira mais forte, essa redução de horas trabalhadas faria mais sentido).
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O aumento de salários por horas trabalhadas que temos observado nos últimos meses vem se dando por meio do setor de serviços, e desacelerando no setor de bens.
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Além disso, a taxa de desemprego novamente caiu, de 4,1% para 4,0%. Essa queda do desemprego veio principalmente pela categoria de “job leavers” (0,03 p.p.), que representa aqueles que deixaram seus empregos por conta própria. Ou seja, menos pessoas deixaram seus empregos voluntariamente.
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No geral, é um dado que reforça a necessidade de cautela do Federal Reserve em seus próximos passos.
No entanto, também vale reforçar que parte desse aumento dos salários por hora esteve relacionado à redução da média de horas trabalhadas semanais (ou seja, não somente por um aumento dos salários nominais).
Devemos ficar muito atentos aos dados de inflação ao consumidor (CPI) que serão divulgados na próxima semana.
O que é Payroll?
O Payroll é o principal indicador sobre o mercado de trabalho formal dos Estados Unidos.
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Quando é o Payroll?
Na primeira sexta-feira de cada mês, sempre às 10h30 do horário de Brasília.
Quem divulga o Payroll?
A agência governamental U.S. Bureau of Labor Statistics.
Do que o Payroll é composto?
O Payroll é calculado a partir de uma pesquisa com 119 mil empresas, representando aproximadamente 629 mil locais de trabalho nos EUA.
A partir dessa amostra, calcula-se números como empregos criados, taxa de desemprego, horas de trabalho, salários por hora trabalhada e taxa de participação na força de trabalho.
Vale ressaltar que as estimativas consideram empregos formais e exclui os trabalhadores agrícolas, autônomos e empregos domiciliares.
Como o Payroll afeta a economia?
O Payroll reflete a dinâmica do mercado de trabalho americano, estando relacionado ao nível de aquecimento da atividade econômica local.
Em cenários de aquecimento da economia, o número de criação de vagas e os ganhos salariais tendem a ser maiores, assim como a taxa de desemprego tende a ser mais baixa.
Quanto mais forte o Payroll, maiores os seus efeitos sobre a inflação, diante das maiores pressões salariais que levam a um maior consumo.
Como analisar o Payroll?
Diversos números devem ser levados em consideração ao analisar o Payroll, sendo os principais deles: empregos formais criados, taxa de desemprego e salários.
Uma análise bem feita demanda um olhar para dentro desses números, como os setores que mais criaram vagas. Além disso, é possível investigar outros detalhes como empregos de período integral vs empregos de meio período.
São detalhes como esses que tornam a análise mais completa para ser possível interpretar os efeitos do Payroll sobre a inflação e, consequentemente, sobre a política monetária a ser adotada pelo Federal Reserve.