Onde investir em renda fixa com alta da Selic?
Mercado segue precificando alta da Selic; entenda quais são os riscos e oportunidades nesse ambiente

O Banco Central elevou a taxa básica de juros, a Selic, em 1 ponto percentual, para 14,25% ao ano, e sinalizou um aperto de menor magnitude na próxima reunião, prevista para maio.
Em um cenário de juros elevados, a renda fixa tende a ganhar mais espaço entre os investidores. Contudo, também é natural surgirem dúvidas sobre qual indexador escolher e qual estratégia adotar.
De modo geral, os investimentos pós-fixados costumam se destacar durante o ciclo de alta da Selic, já que sua rentabilidade acompanha a taxa de juros. Isso inclui os títulos públicos como o Tesouro Selic (LFT) e aplicações em CDBs atrelados ao CDI — ambos indexadores diretamente impactados pela Selic.
No entanto, o que muitos investidores não sabem é que existem títulos que podem se beneficiar de um ciclo de queda da Selic, como os prefixados e os atrelados à inflação (IPCA+). Mas, para aproveitar esse movimento, é essencial estar posicionado antes que a taxa comece a recuar.
Nesse sentido, o Brasil vive um bom momento para investimentos em renda fixa. Por isso, esclarecemos, abaixo, as principais dúvidas dos investidores.
Selic alta e investimentos: o que você precisa saber
Quando a Selic está em alta, é comum surgirem dúvidas sobre qual tipo de título de renda fixa escolher — pós-fixado, prefixado ou atrelado à inflação (IPCA+). Em geral, os títulos pós-fixados se destacam nesse cenário, pois sua rentabilidade acompanha a elevação dos juros. É o caso do Tesouro Selic (LFT) e dos CDBs atrelados ao CDI, dois indexadores diretamente influenciados pela taxa básica.
Por outro lado, é importante lembrar que os títulos prefixados e IPCA+ tendem a se valorizar quando a Selic começa a cair. Isso acontece porque esses papéis já travam uma taxa mais alta no momento da compra, podendo se tornar mais atrativos à medida que os juros recuam — especialmente quando considerados os efeitos da marcação a mercado.
A marcação a mercado é o ajuste diário do preço dos títulos de renda fixa com base nas condições atuais do mercado. Quando os juros futuros caem, os títulos prefixados ou IPCA+ passam a valer mais. Daí a importância de estar posicionado nesses ativos antes do início do ciclo de queda dos juros.
A escolha entre o Tesouro IPCA+ e o prefixado dependerá das expectativas de inflação para o período. Caso haja incerteza ou risco de alta da inflação, o IPCA+ oferece uma proteção adicional, já que sua rentabilidade é composta por uma taxa real somada à variação da inflação. Já o prefixado pode ser mais vantajoso se houver confiança de que a inflação permanecerá controlada ou abaixo do esperado.
Com a alta da Selic, o que fazer com investimentos na renda fixa?
Com a Selic elevada, o momento favorece investimentos pós-fixados de curto prazo ou com liquidez, que acompanham os juros e permitem maior flexibilidade para o investidor aproveitar futuras oportunidades. Esses títulos são ideais para capturar uma taxa de dois dígitos, mantendo a carteira líquida.
Entre as principais alternativas estão o Tesouro Selic, os CDBs atrelados ao CDI e também LCIs e LCAs, que além de acompanharem os juros, oferecem isenção de Imposto de Renda para pessoa física.
No caso de CDBs, LCIs e LCAs, vale reforçar a importância de avaliar o risco de crédito do banco emissor e comparar as taxas disponíveis. Por exemplo, uma LCA do ABC com rendimento de 94,50% do CDI, liquidez após 280 dias e vencimento em dois anos, disponível na plataforma do Banco ABC, pode ser uma boa opção no atual cenário.
Já para um horizonte de longo prazo, visando aproveitar o potencial da marcação a mercado e garantir proteção contra a inflação, observamos uma oportunidade no Tesouro IPCA+ 2040 para compor a carteira de renda fixa no momento atual.

Qual título do Tesouro rende mais com a Selic alta?
Para quem busca investimentos de longo prazo, o atual cenário de juros pressionados abriu espaço para retornos reais bastante atrativos nos títulos públicos. Entre as opções disponíveis, o Tesouro IPCA+ 2040 se destaca por oferecer um juro real acima de 7% ao ano, o que é considerado um excelente patamar histórico.
Além de garantir esse rendimento real elevado até o vencimento, o título ainda carrega um potencial de valorização com a marcação a mercado, caso o mercado comece a precificar cortes na Selic nos próximos meses.
Nesse contexto, o Tesouro IPCA+ 2040 se mostra uma escolha eficiente para quem deseja travar uma boa taxa e, ao mesmo tempo, capturar ganhos adicionais no médio e longo prazo.
Por que o Copom subiu os juros?
O Comitê de Política Monetária (Copom) elevou a Selic diante de um cenário global mais desafiador, com incertezas relacionadas à política comercial dos Estados Unidos e seus possíveis reflexos sobre a economia mundial. No ambiente doméstico, apesar de alguns sinais iniciais de desaceleração, a atividade econômica e o mercado de trabalho seguem aquecidos, mantendo a atenção sobre os preços.
A inflação permanece acima do teto da meta definida pelo Conselho Monetário Nacional, e as expectativas seguem desancoradas. Além disso, o Copom avaliou que o balanço de riscos continua assimétrico — ou seja, há mais fatores no radar capazes de acelerar a inflação do que de reduzi-la.
Esse conjunto de fatores reforça a necessidade de manter a política monetária em terreno contracionista. No entanto, o Comitê sinalizou que pretende reduzir o ritmo de alta dos juros na próxima reunião, marcada para maio, sugerindo uma possível proximidade do fim do ciclo de aperto monetário. O mercado, por ora, já precifica uma elevação de 0,5 ponto percentual, o que levaria a Selic a 14,75% ao ano.
Por que estou perdendo dinheiro com prefixado?
Muitos investidores de renda fixa, como aqueles que aplicaram em Tesouro Prefixado de longo prazo, têm percebido perdas temporárias em suas carteiras nos últimos 12 meses.
Esses títulos oferecem uma taxa de juros fixa no momento da compra, o que significa que, se mantidos até o vencimento, garantem o retorno acordado. No entanto, seu valor de mercado pode variar caso o investidor decida vender antes do prazo. Essa variação é influenciada por um mecanismo chamado marcação a mercado.
A marcação a mercado é a atualização diária do valor dos títulos com base nas taxas de juros praticadas no mercado. Quando os juros futuros sobem — como tem acontecido diante do cenário pressionado e da alta nas expectativas de inflação — os títulos prefixados já emitidos, com taxas mais baixas, perdem valor no mercado secundário. Isso significa que, se o investidor vender o título antes do vencimento, poderá realizar um prejuízo financeiro, mesmo que o papel continue pagando a taxa contratada se mantido até o final.
Portanto, entender a dinâmica da marcação a mercado é essencial para investir com mais segurança em renda fixa. Oscilações no curto prazo são naturais, mas não comprometem o retorno final caso o investidor mantenha o título até o vencimento ou aguarde um momento mais promissor para vender antecipadamente.
É preciso cuidado para investir em crédito privado
Outra classe que tem gerado dúvidas entre os investidores é a de crédito privado. Recentemente, observamos um fechamento nos spreads — ou seja, a diferença entre os juros pagos por esses ativos em relação aos títulos públicos diminuiu, tanto nas debêntures indexadas ao IPCA quanto nas atreladas ao CDI. Em alguns casos, já existem debêntures sendo ofertadas com spread negativo, o que torna o investimento ainda menos atrativo.
Diante disso, encontrar boas oportunidades em ativos como CRIs, CRAs e Debêntures tem se tornado um desafio. É essencial avaliar se a remuneração oferecida compensa o risco de crédito do emissor e também o risco de liquidez, já que uma saída antecipada desses depende do apetite do mercado secundário e podem exigir que o investidor leve o título até o vencimento.
Por isso, é importante redobrar a atenção na hora de investir, principalmente durante o procedimento de bookbuilding (reserva de emissões). Evite aceitar taxas excessivamente baixas apenas para garantir alocação, pois isso pode significar assumir riscos desproporcionais para a rentabilidade oferecida.
Lembre-se: ao optar por crédito privado, você está abrindo mão da liquidez diária e da segurança do Tesouro Direto. Assim, a remuneração precisa ser adequada ao risco para justificar essa troca.
Disclaimer
O objetivo deste conteúdo de renda fixa é facilitar a busca de títulos por parte dos investidores.
Não a consideramos como uma carteira de investimentos propriamente dita. É importante sempre se atentar ao seu perfil de investidor, ao tamanho da alocação e ao prazo do ativo em relação aos seus objetivos.
Para receber um aconselhamento personalizado, conte com a equipe da Nord Investimentos.

