O time dos sonhos?
Quem me conhece sabe que eu não sou o maior entendedor de futebol. É aquele assunto que quando começa na mesa do bar, eu sei falar nos primeiros 2 minutos e depois já acabou o meu conhecimento.
Não me entenda mal, eu gosto do esporte, mas desde criança eu acabei preferindo outros, como tênis, corrida, basquete etc.
Ainda assim, eu seria um completo alienado se não estivesse sabendo da saída de Messi do Barcelona para o clube francês PSG. O que é discutido nos bastidores seria um salário anual de 40 milhões de euros por ano. Muito bom, né?
É claro que o Messi faz valer cada centavo, com um currículo no seu tempo de Barcelona que é impressionante.
Ele é o maior vencedor de Bola de Ouro da história, 10 campeonatos espanhóis, 4 Liga dos Campeões, além de ocupar o topo do ranking de atletas premiados como o Melhor Jogador do Mundo.
Não é à toa que a sua mudança de clube movimentou bastante os bastidores do futebol. Com a ida do craque para o PSG, estaríamos montando um time com Neymar, Di María e Mbappé.
É, sem dúvidas, uma seleção de craques. Imediatamente, torcedores e comentaristas esportivos já bradam aos quatro ventos que um time desses é candidato certo a vencer todo tipo de competição.
Embora ninguém duvide do talento individual de cada um deles – afinal, todos são extremamente vencedores na carreira –, vale se questionar se em conjunto eles conseguem produzir melhores resultados ou se o talento será ofuscado pelo ego de cada um.
A história mostra que ter um dream team não é suficiente para vencer o campeonato.
Nós, brasileiros, já sentimos na pele essa história.
A seleção de 1982
Se você já acumula algum cabelo branco na cabeça, há de lembrar da seleção brasileira de 1982. O time montado por Telê Santana, um dos melhores técnicos, era composto por estrelas como Sócrates, Zico, Falcão… só feras.
Com um time repleto de craques e diversos deles em sua melhor fase, a equipe jogava bonito demais, com direito a passes de calcanhar, gols bonitos e jogadas bem armadas.
Para muitos brasileiros, esse time era o mais bem montado da história, superando até mesmo a seleção de 1970 (responsável pelo tricampeonato com Pelé).
No imaginário geral, não havia nada que um time desses não pudesse alcançar.
Em 1982, o time de estrelas foi disputar a Copa do Mundo na Espanha como favorito absoluto da competição. Se as casas de apostas fossem mais populares na época, eu diria que 11 em cada 10 apostadores diriam que esse time levaria a Copa do Mundo com toda a certeza.
Não tinha como perder com um time como aquele. Os brasileiros somente aguardavam o dia de soltar o grito de Tetracampeão.
A história conta que não foi isso que aconteceu.
Em uma bobeada da defesa aos 29 minutos do segundo tempo, fomos desclassificados pela Itália (um time muito menos favorito) e o sonho do Tetra escorregou entre os dedos.
Novamente: um time de gênios não garante sucesso. A mesma ideia vale para o mercado financeiro.
“Quando gênios falham”
Um tempo atrás, por indicação de um gestor que respeito bastante, li o livro de Roger Lowenstein chamado “Quando os gênios falham”.
A história do livro gira em torno de um hedge fund americano chamado Long Term Capital Management, apelidado de LTCM.
A gestora foi fundada por John Meriwether e contava com dois ganhadores de prêmios Nobel em sua diretoria – Robert Merton e Myron Scholes. Se você achou os nomes familiares, sim, o Merton e o Scholes fizeram parte da solução de precificação de opções que ficou mundialmente conhecida como modelo de Black & Scholes.
Resumidamente, a ideia era juntar as melhores mentes em um único fundo. Ali, esses crânios do mundo acadêmico tinham um caminho para utilizar seus conhecimentos – não para fazer publicações acadêmicas, mas sim para ganhar dinheiro.
A LTCM ficou famosa por criar modelagens que somente os próprios pares da gestora conseguiam decifrar. Com um time como esse que conjugava todas as pessoas mais brilhantes da atualidade e suas modelagens complexas, não havia como dar errado.
Por algum tempo, pareceu dar bastante certo. A gestora fundada em 1994 obteve retornos magníficos, entregando 20 por cento no primeiro ano de existência do fundo, 43 por cento no segundo ano e 41 por cento no terceiro.
As excelentes performances fizeram o fundo quadruplicar o capital investido sem ter fechado um único trimestre com resultados negativos.
Eles eram os rockstars do mundo dos investimentos, desejados por todos os alocadores que queriam colocar dinheiro na casa a qualquer custo (mesmo com uma estrutura de taxas mais cara).
As crises da Ásia em 1997 e da Rússia em 1998 mostraram vulnerabilidades no estilo de gestão da casa, sempre bastante alavancada e contando que a descorrelação entre centenas de ativos diferentes espalhados ao redor do mundo seria seu colchão de segurança.
Em dias normais, poderia ser que funcionasse, mas nos meses de outubro de 1997 até agosto de 1998, tudo o que vimos no mercado foi sangue.
Com um evento que estatisticamente é tão provável quanto a chance de chover pôneis do céu, os gênios não acreditavam no que estava ocorrendo.
A estratégia, que até então havia entregado excelentes resultados, sofreria perdas irrecuperáveis. Em poucas semanas, todo o capital injetado no fundo havia sido perdido (gráfico abaixo).
O dano foi tamanho que o Fed foi forçado a intervir para prevenir um colapso do mercado financeiro.
Mais uma vez: um time de gênios não garante sucesso.
Grandes nomes não significam boa performance
Nesta nova onda de novas assets, vemos diversos gestores se juntando em um fundo e vendendo ao mercado que isso irá funcionar.
Criar um case de sucesso no mercado de fundos requer muito mais do que juntar craques sob uma mesma estrutura. Construir um time envolve entrosamento, compartilhamento de habilidades complementares, visões diferentes etc.
Além disso, exige que você tenha uma boa estratégia e que os gestores em questão tenham experiência em executar (inclusive sendo testados no mercado).
É necessário um bom processo de investimento, robusto, capaz de encontrar boas oportunidades e que tenha mecanismos para se livrar dos erros do caminho com as menores perdas possíveis.
Nos multimercados, ter um bom controle de risco não só em sistemas bonitos e eletrônicos, mas também implementado na cultura de quem gere recursos te ajuda a se livrar de casos de perda permanente de capital – como foi com a LTCM.
É necessário tudo isso e muito mais para selecionar bons gestores, aqueles que realmente vão fazer o seu patrimônio se multiplicar ao longo dos anos.
No Nord Fundos, nós sabemos disso tudo e guiamos você pelo mundo dos fundos de investimento, selecionando exatamente quais são os melhores fundos para você investir o seu dinheiro.
Por fim, só para não perder o costume: um time de gênios não garante sucesso.
Um abraço,