O que será das Ações de Dividendos com a alta da Selic?

Guilherme Tiglia Alves 23/03/2021 12:40 4 min Atualizado em: 01/04/2021 19:06
O que será das Ações de Dividendos com a alta da Selic?

Um bom questionamento

Ao longo dessa última semana, muita gente me perguntou se algo de fato muda para a nossa estratégia de dividendos com o aumento da taxa de juros.

Acho que já não é mais novidade dizer que o COPOM aumentou a Selic em +0,75 pontos percentuais, elevando a taxa de 2,0 por cento ao ano para 2,75 por cento ao ano.

Num primeiro momento, você pode pensar: ok, o yield que é entregue pelas companhias com os dividendos fica “menos” atrativo dado o aumento da taxa de juros. Ou então: com o aumento dos juros, a renda fixa volta a ganhar mais espaço em relação ao retorno que é ganho com os proventos.

Sem sombra de dúvida, isso é algo que deve estar no radar dos investidores como questionamento, uma vez que pode, sim, influenciar a tomada de decisão. No entanto, será que isso é motivo para você passar noites sem dormir?

Por isso, vamos usar este espaço hoje para discutir um pouco sobre isso.

Seguimos com yields superiores

Por mais que a Selic atinja, digamos, algo na casa de 5 por cento ao ano no final de 2021, bem acima dos atuais patamares, ainda temos empresas listadas que, só em dividendos, entregam um retorno ao acionista na casa de 8-9 por cento ao ano.

Isso sem contar a possibilidade de ganho com a valorização das ações…

Logo, apesar da alta prevista, não dá pra sair dizendo que a estratégia como um todo está prejudicada.

Talvez, em um cenário de juros de dois dígitos e ganhos reais mais atraentes, meu comentário seria um pouco diferente, sendo muito mais cômodo nessa hipótese ficar só na renda fixa. Mas, por enquanto, não é o caso...

Seguimos encontrando boas oportunidades de investimento em dividendos com retornos substancialmente superiores do que encontramos na renda fixa – veja que, de forma alguma estou falando que renda fixa não é importante: ela deve estar presente na carteira de todo investidor, principalmente como reserva de oportunidades e emergência.

Olhando para cada tese

Você sabia que algumas instituições da nossa carteira dividendeira, inclusive, se beneficiam com a alta da Selic? É o caso, por exemplo, dos bancos e seguradoras.

Bancos: o aumento da taxa de juros beneficia os bancos, com crescimento da taxa média de empréstimos e, consequentemente, aumento da rentabilidade (ROE). Veja, no gráfico abaixo, como as duas coisas andam juntas.

Gráfico apresenta Em laranja: ROE Itaú; em branco: Taxa Selic.

Em laranja: ROE Itaú; em branco: Taxa Selic. Fonte: Bloomberg.

Seguradoras: um aumento na taxa de juros é positivo para as seguradoras, uma vez que eleva o resultado financeiro proveniente dos rendimentos do caixa/aplicações financeiras, que são em maior parte investidos em CDI.

Olhando até para as elétricas, outra parcela considerável da nossa carteira, dificilmente a geração de caixa seria muito alterada com aumento significativo da Selic.

Ainda que a alta da taxa básica possa causar algum receio, é muito importante analisar caso a caso e entender o que realmente é impactado. Olhe para cada modelo de negócio em si, entenda como a empresa ganha dinheiro, como está a posição de endividamento, dentre muitos outros fatores... As empresas são bem distintas, garanto a você!

Além disso, tem algo bastante crucial que é muito válido relembrar: quando estamos falando de bolsa e desconto de fluxo de caixa futuro devemos olhar para o juro longo, não para a taxa Selic.

Nada muda

Tudo isso dito, a pergunta que fica é: devemos mudar algo em nossa estratégia de dividendos após essa alta?

Não!

O retorno em dividendos ainda é bem atrativo quando comparado à taxa básica de juros, com muita coisa entregando de 2 a 3 vezes a Selic em dividendos. Somado a isso, o aumento da taxa não tem impacto significativo no operacional das empresas da nossa carteira do Nord Dividendos. Muito pelo contrário: é até positivo em algumas situações.

Portanto, não generalize a situação e entenda que a atratividade na estratégia segue firme e forte.

Também não recomendo que você fique migrando de estratégia a cada mudança de contexto: a estratégia que você segue deveria ser independente de cenário. Atenha-se aos fundamentos.

Deixo aqui o link para você conhecer a nossa carteira de Ações de Dividendos:

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Um abraço,

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