Inflação: entenda o que é, como funciona e seus efeitos na economia

Descubra como a inflação afeta seu poder de compra, as causas por trás do fenômeno e as estratégias para proteção financeira.

Nord Research 26/08/2024 10:40 7 min
Inflação: entenda o que é, como funciona e seus efeitos na economia

A inflação é um dos conceitos econômicos mais importantes e impactantes no nosso dia a dia, afetando desde o custo de vida até a estabilidade econômica de um país. Mas o que exatamente é isso? 

Continue no conteúdo para saber mais sobre seus fundamentos, seus tipos, como ela é medida e as estratégias para se proteger contra seus impactos.

Sumário

O que é inflação?

Esse é o nome dado para um fenômeno econômico caracterizado pelo aumento generalizado dos preços de bens e serviços, resultando na perda do poder de compra de uma moeda.

Em termos simples, quando há inflação, uma mesma quantia de dinheiro passa a comprar menos produtos ou serviços devido ao aumento dos preços.

Quando o processo inflacionário se desenvolve de maneira extremamente rápida e descontrolada, ocorre o fenômeno de hiperinflação, resultando em perdas severas no poder de compra da população. 

Uma inflação controlada é essencial para a estabilidade econômica de um país, pois afeta diretamente o cotidiano de indivíduos, empresas e governos.

Como a inflação funciona e o que a causa?

A inflação opera como um processo contínuo de aumento nos preços de bens e serviços, podendo ser provocada por diferentes causas: pressões de demanda, pressões de custos, inércia inflacionária e expectativas de inflação.

Esse fenômeno reduz o poder de compra da população, diminuindo a quantidade de bens que podem ser adquiridos com a mesma quantia de dinheiro. 

Além disso, a inflação pode desencadear um aumento na taxa básica de juros da economia (Selic), o que tende a reduzir o crescimento da atividade econômica.

Os impactos desse processo variam entre diferentes grupos, sendo que aqueles com maior flexibilidade para ajustes financeiros são menos afetados.

A inflação pode ser combatida com medidas de Política Monetária, como o aumento das taxas de juros pelo Banco Central para reduzir a quantidade de dinheiro em circulação e frear a aceleração dos preços. Outra estratégia é a política fiscal, que envolve ajustes nos gastos públicos e na tributação para influenciar o controle da demanda na economia.

Quais são os índices de indicadores da inflação?

No Brasil, possuímos diferentes índices de inflação. O indicador oficial do país é o Índice de Preços ao Consumido Amplo (IPCA), ele é divulgado mensalmente pelo IBGE e é utilizado como referência para o regime de metas de inflação.

O IPCA estima o custo de uma cesta de consumo de bens e serviços, que é ponderada visando refletir os padrões de consumo das famílias do Brasil com renda mensal de 1 a 40 salários mínimos.  

Além do IPCA, um indicador de inflação bastante reconhecido no país é o Índice Geral de Preços - Mercado (IGP-M).

Divulgado mensalmente pela FGV, ele é composto por 60% do Índice de Preços ao Produtor (IPA), que mede as variações de preços no atacado; 30% do Índice de Preços ao Consumidor (IPC), que avalia o poder de compra do consumidor; e 10% do Índice Nacional de Custos da Construção (INCC), que monitora os preços de materiais e serviços no setor da construção civil.

Principais consequências da inflação na economia

Como mencionado, esse fenômeno pode gerar grandes incertezas em uma economia, afetando diversos setores da sociedade.

Em períodos de instabilidade, os investimentos em produção tendem a diminuir, resultando em uma desaceleração do crescimento econômico de um país. Além disso, os preços podem se tornar distorcidos, gerando ineficiências nas relações de compra e venda.

No setor público, a inflação pode aumentar o custo da dívida pública, já que as taxas de juros incorporam essas incertezas e são elevadas. Isso limita o espaço para novos financiamentos e investimentos públicos.

A população de baixa renda é particularmente vulnerável à inflação elevada, pois muitas vezes não tem acesso a instrumentos financeiros de proteção contra a inflação e vê seus salários corroídos pelos aumentos de preços, enquanto outras camadas da população podem ajustar suas finanças com mais facilidade.

Tipos de inflação: quais são e como eles funcionam?

Há quatro tipos principais de inflação

  • inflação de demanda: ocorre quando a procura por bens ou serviços supera a oferta, resultando em aumento de preços;
  • inflação de custos: acontece quando há um aumento nos custos de produção, como matérias-primas e salários, e esses custos são repassados aos consumidores através de aumentos de preços;
  • inflação inercial: ocorre quando os movimentos inflacionários do passado se refletem nos preços atuais;
  • inflação por expectativas: surge quando os agentes econômicos antecipam que os preços subirão no futuro e começam a solicitar reajustes, como aumentos salariais, que acabam sendo repassados nos preços, elevando a inflação.

O papel do Banco Central no controle da inflação

O Conselho Monetário Nacional (CMN) é responsável por definir as metas de inflação no Brasil. O Banco Central, por sua vez, tem o papel de perseguir essas metas, mantendo esse indicador sob controle.

O principal instrumento do Banco Central para controlar a inflação é a política monetária, por meio de ajustes na taxa Selic. Um aumento da Selic visa reduzir a quantidade de dinheiro em circulação, ajudando a conter a aceleração dos preços.

Saiba como proteger seu patrimônio desse índice

Para proteger o patrimônio da inflação existem opções de investimento com remuneração atrelada ao IPCA e somada a uma taxa de juros real. Dessa forma, o investidor garante uma remuneração acima da inflação do período, protegendo o seu patrimônio. 

O título mais comum para essa proteção é o Tesouro IPCA+, fornecido pelo Tesouro Direto, considerado o investimento mais seguro em renda fixa, pois tem o risco associado ao governo federal.

Além do Tesouro IPCA, há opções de investimentos atrelados à inflação em títulos privados, como CDBs, LCIs, LCAs, CRAs, CRIs e Debêntures. Nesses casos, o investidor deve se atentar aos riscos do emissor e ao prêmio oferecido em relação ao título público.  

Inflação e ações: como investir em tempos de alta de preços?

A inflação, com seu potencial para desencadear altas de juros, deve ser um ponto de atenção para investidores de ações.

O cenário macroeconômico e seus ciclos econômicos e monetários possuem influencia sobre diversas ações da bolsa e devem ser um ponto de atenção no momento de selecionar ativos e de iniciar aportes em ativos de risco. 

Por outro lado, em janelas de juros elevados, em que diversos investidores saem da bolsa para aportar em renda fixa, pode ser uma boa oportunidade para aqueles que possuem apetite ao risco adicionarem ações em seus portfólios.

Isso porque pode ser uma janela na qual os ativos estarão baratos e, após o retorno dos fluxos na fase de redução dos juros, há oportunidades de grandes valorizações de longo prazo. 

Mas claro, o investidor sempre deve estar atento para selecionar boas empresas e boas oportunidades.  

Perspectivas para a inflação no Brasil em 2024

Após um ciclo de altas nos juros, a inflação em 12 meses em 2024 apresentou uma queda em relação aos níveis observados durante a pandemia. No entanto, a partir de abril de deste ano, diversas pressões fiscais aumentaram as expectativas desse fenômeno, contribuindo posteriormente para uma desvalorização cambial, que também pressiona a inflação.

Para 2024, a meta desse indicador é de 3%, com um intervalo de tolerância de 1,5 ponto percentual para baixo ou para cima. Com o cenário fiscal e cambial pressionado no início do segundo semestre, as expectativas de inflação para o final do ano estão próximas do teto da meta, entre 4% e 4,5%.  

E deflação, o que significa?

A deflação é o processo oposto à inflação, caracterizada por reduções sucessivas e generalizadas nos preços de bens e serviços.

Embora possa parecer benéfica à primeira vista, a deflação é perigosa para a economia, pois pode levar à redução dos investimentos, já que os produtores passam a ter dúvidas se o que for produzido hoje não será vendido a preços mais baixos no futuro, gerando prejuízos para as empresas.

Esse processo pode desencadear uma recessão e aumentar o desemprego devido à menor rentabilidade das empresas.

O ideal é que o Banco Central persiga uma estabilidade nos preços, reduzindo as incertezas econômicas e permitindo o crescimento sustentável do país.

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