Ações da Petrobras desabam com proposta para mudar estatuto
Deu ruim para a Petrobras. Perto das 15h30, as ações preferenciais (PN) da companhia registram forte queda de -5,89%, a R$ 35,62, figurando entre as maiores perdas no Ibovespa nesta segunda-feira, 23.
O principal motivo da queda se dá por conta do anúncio de que a companhia aprovou a submissão à assembleia de uma revisão de seu estatuto social, o que, por sua vez, aumenta os receios dos investidores de interferência governamental na política de governança da companhia.
A estatal está propondo duas principais mudanças: permitir indicações políticas e flexibilizar os dividendos.
Proposta de mudança de estatuto
O conselho de administração da Petrobras quer criar uma reserva de remuneração de capital. A proposta ainda será enviada para deliberação pelos acionistas em assembleia que será convocada futuramente.
A criação da reserva, segundo a Petrobras, não altera sua política de remuneração aos acionistas. A efetiva constituição da reserva será feita somente ao final do exercício, ocorrendo após pagamento de dividendos.
Apesar da proposta de mudança na política de remuneração não impactar a política de dividendo mínimo, ela pode gerar incertezas em relação aos pagamentos de dividendos extraordinários.
Já a segunda mudança é a retirada da proibição a indicações de pessoas politicamente expostas para cargos de senior management e do conselho — regra que foi implementada com a Lei das Estatais para evitar intervenções políticas.
Nossa opinião
Pela proposta do conselho, a alteração na política de indicação de membros da administração e do conselho fiscal abre caminho para nomeação de pessoas alinhadas aos interesses do governo.
A reação negativa do mercado não poderia ser diferente. As duas propostas que foram aprovadas pelo conselho e que ainda vão passar por votação da assembleia de acionistas são um retrocesso na governança da companhia.
O uso da estatal como ferramenta de política governamental não é novidade, como já vimos os impactos causados nos resultados da Petrobras entre 2014 e 2016.
Se aprovadas, o risco de intervenções por parte do governo pode se intensificar e impactar desde a estratégia dos investimentos até a política de preços de combustíveis da estatal.
Dado o risco de intervenção que sempre enxergamos na Petrobras e os reflexos nos resultados que podem causar, nossa recomendação é de venda.
Desempenho das ações da Petrobras
Os papéis da Petrobras chegaram a -5,89% na tarde desta segunda. As ações da empresa (PETR4) acumulavam, até a semana passada, valorização de +92% no ano.