Meta de inflação em 2026 será de 3%, define CMN

O Conselho Monetário Nacional (CMN) optou por manter a meta de inflação em 3% para 2026 – com margem de 1,5 ponto percentual para cima ou para baixo

Luiz Felippo 30/06/2023 14:40 2 min
Meta de inflação em 2026 será de 3%, define CMN

Após a divulgação da ata do Copom, uma questão ficou bastante clara: a relação entre as expectativas de inflação e a condução da política monetária.

De forma geral, uma reancoragem poderia levar o Banco Central (BC) a conduzir um ciclo de queda de juros mais amplo e/ou mais célere do que o previamente esperado. Uma desancoragem levaria a não termos quedas à frente.

No bom português, ao relatar isso, o presidente do BC, Roberto Campos Neto, “jogou” habilidosamente a bola no campo do governo e forçou uma espécie de “me ajuda a te ajudar”.

E assim foi feito. Após longos dias de ruídos, o Conselho Monetário Nacional (CMN) decidiu manter a meta de inflação em 3% para os anos seguintes.

Horizonte de convergência

A única mudança estaria relacionada ao período de convergência da inflação, antes em formato de ano calendário e agora será um período de 24 meses (começando a partir de 2025).

Dito isso, vamos entender os impactos dessa decisão.

O que você precisa saber

A manutenção da meta de 3% é uma ótima notícia, afinal, de alguma forma, mostra que há um pouco mais de racionalidade do que se imaginava sobre este governo.

O segundo ponto que vale mencionar é que, analisando o Relatório Trimestral de Inflação, que também foi divulgado na quinta-feira, 29, nota-se que a inflação para os trimestres de 2025 — horizonte que o BC deve cada vez dar mais peso daqui em diante — já segue em torno de 3%.

Projeções de inflação em cenário com Selic Focus e câmbio PPC

O que isso quer dizer? A meu ver,  mesmo em um ambiente de expectativas menos ancoradas, já havia espaço para o cenário de queda de juros nas próximas reuniões.

No entanto, com a decisão do CMN de chancelar as metas em 3%, há um ingrediente adicional: um espaço para os agentes econômicos reancorarem novamente as expectativas de inflação (hoje em torno de 4%).

Uma reancoragem para o patamar de 3% criaria maiores condições de o BC ser mais rápido, mais profundo e até mesmo criar um ciclo maior de queda.

Inflação implícita em 5 anos

Com as notícias de hoje, cada vez mais o cenário parece convergir para o Copom começar a realizar o processo de corte de juros logo em agosto.

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