Mesmo resultados brilhantes não animam muito Wall Street

Resultados acima do esperado

Estamos no meio da temporada de resultados do 1T21 nos Estados Unidos e centenas de empresas divulgaram seus números nesta semana.

O apanhado geral é bastante positivo. Dados da Refinitiv, publicados na quinta-feira, mostram que 265 empresas – das 500 que compõem o índice S&P500 – já reportaram os resultados do trimestre passado. Cerca de 87 por cento delas superaram as expectativas do mercado e, segundo a Refinitiv, o crescimento de lucros no primeiro trimestre, em relação ao 1T20, deve ficar perto de 44 por cento, o que seria o melhor resultado em mais de uma década.

Mais uma vez, as empresas do setor de tecnologia estão em posição de destaque. Na quinta-feira, a Amazon divulgou resultados excelentes, superando até as estimativas mais otimistas em Wall Street.

Todas as empresas que compõem o grupo FAANG (Facebook, Amazon, Apple, Netflix e Google) superaram as expectativas em termos de receita e lucratividade, mas apesar desse fortíssimo resultado, as ações dessas empresas não se mexeram muito (com exceção de Facebook), sendo que algumas até se desvalorizaram após a divulgação dos resultados.

Fica a impressão de que, no patamar atual de preço, as expectativas embutidas para os resultados futuros dessas empresas são tão altas, tão otimistas, que mesmo resultados estupendos não animam mais os investidores. Fato é que o índice S&P500, hoje, negocia a um múltiplo Preço/Lucro (Price/Earnings) de 22x estimado para os próximos doze meses, praticamente o mesmo nível visto na bolha das empresas de tecnologia nos anos 2000, como mostra o gráfico abaixo.

Apesar de novos recordes serem alcançados praticamente toda semana pelos principais índices acionários dos Estados Unidos, o movimento está cada vez menor, mesmo com resultados extraordinários por parte das empresas. Será que os investidores estão reavaliando o otimismo em relação às expectativas futuras embutidas nos preços das ações?

Economia bombando

Nesta semana, também tivemos a divulgação do PIB dos Estados Unidos, que ficou dentro das expectativas dos economistas. No primeiro trimestre deste ano, a economia americana cresceu a uma taxa anualizada de 6,4 por cento, contra uma projeção de 6,5 por cento do mercado. Foram os consumidores que ajudaram no crescimento da economia no trimestre passado, com o consumo pessoal aumentando +10,7 por cento no período.

O mercado de trabalho também dá bons sinais de recuperação nos Estados Unidos. A quantidade de novos pedidos de auxílio-desemprego marcou, nesta semana, o menor nível desde o início da pandemia, com 553 mil pedidos na semana passada. Só ficaremos sabendo dos números de postos de trabalho criados no mês de abril na próxima semana, entretanto, por conta desse cenário positivo, é bem provável que o mercado se surpreenda positivamente.

Futurologia

Não temos como saber se o mercado continuará neste movimento ascendente por muito tempo.

Fato é que, mesmo excelentes resultados por parte das empresas e na economia como um todo não estão servindo para fortes movimentos de alta, o que pode ser um sinal de que, nos patamares atuais de preço, os investidores estejam com dificuldade de achar barganhas por aí.

É esperar para ver o que acontece.

Até semana que vem!