Ibovespa cai 2,6% em fevereiro; veja as ações que mais subiram e caíram no mês

Carrefour se destaca entre as maiores altas e sobe +17%, enquanto Azzas (AZZA3) se destaca entre as maiores perdas, com -23,9%

Hugo Cabral 05/03/2025 13:13 6 min
Ibovespa cai 2,6% em fevereiro; veja as ações que mais subiram e caíram no mês

Após o primeiro mês de 2025 ter sido extremamente positivo, a Bolsa brasileira entrou em modo de correção em fevereiro, com um conjunto de fatores negativos, como (i) pressões externas (possíveis novas taxações pelos EUA, tensões políticas etc.); (ii) escalada do risco fiscal e político no Brasil e (iii) quedas relevantes específicas, como as da Petrobras.

Desempenho dos principais índices em fevereiro

Com os juros futuros voltando a subir nos últimos dias do mês, todos os principais índices acionários encerraram o mês caindo. O IBOV encerrou em queda de -2,6%, enquanto o IDIV caiu -2,8% e o SMLL, -3,9%.

Juros futuros 2029 disparam e IBOV recua 2,6% no mês
 IBOV, IDIV, SMLL e Juros futuros em fevereiro/25. Fonte: Bloomberg

Das 87 ações que compõem o IBOV, 29 registraram alta no período, enquanto as outras 58 fecharam em baixa. 

O principal destaque positivo do mês foi o Carrefour (CRFB3), com alta de +17,1%, enquanto a maior queda foi para as ações da Azzas (AZZA3), que caíram -23,9%.

As 5 ações que mais subiram em fevereiro

Veja a lista das cinco maiores altas do mês.

EmpresaTickerVar. (%)
CarrefourCRFB3+17,1
EmbraerEMBR3+16,8
AmbevABEV3+10,1
CognaCOGN3+9,9
EletrobrasELET3+5,9

Maiores altas do Ibovespa em fevereiro. Fonte: Bloomberg

1. Carrefour (CRFB3) +17,1%

No topo da lista das maiores altas de fevereiro estão as ações do Carrefour, que registraram uma valorização de mais de +17%.

As notícias sobre a intenção da matriz do Carrefour de fechar o capital de sua subsidiária no Brasil impulsionaram os papéis da companhia, já que o preço da proposta era superior ao praticado pelo mercado.

Além de atuar em um segmento desafiador, as ações da empresa já estão sendo negociadas próximas ao valor da oferta. Por isso, não temos recomendação de compra para CRFB3.

2. Embraer (EMBR3) +16,8%

Mesmo sendo a empresa com a maior valorização no Ibovespa em 2024, acumulando uma alta de mais de +150%, as ações da Embraer seguem em alta, impulsionadas por uma robusta carteira de pedidos no último resultado divulgado.

No momento, negociando a 29x lucros e 12x Ebitda, acreditamos que a companhia já esteja bem precificada e, assim, não temos recomendação de compra para EMBR3.

3. Ambev (ABEV3) +10,1%

A Ambev reportou resultados acima do esperado no 4T24, com receita líquida de R$ 27 bilhões, um crescimento de +35%, Ebitda de R$ 9,6 bilhões, alta de +35%, e lucro líquido de R$ 5 bilhões, +8% superior ao do mesmo período de 2023.

Apesar da queda de -3% no volume vendido, principalmente na Argentina e no Brasil, a receita da companhia cresceu devido a um mix mais premium de produtos em praticamente todas as regiões. Ainda, a empresa melhorou sua margem Ebitda por meio do controle de custos e despesas, além de se beneficiar de incentivos fiscais.

Apesar do bom desempenho, a companhia enfrenta desafios para sustentar o crescimento diante da forte concorrência no setor. Diante desse cenário, no momento, não recomendamos a compra de ABEV3.

4. Cogna (COGN3) +9,9%

A Cogna tem se beneficiado das expectativas de queda dos juros futuros, recuperando parte da desvalorização de quase -70% em 2024. Outro fator que pode estar impulsionando seus papéis é o anúncio, em janeiro, de seu programa de recompra de ações, o que pode indicar que estão sendo negociados abaixo do valor justo.

No entanto, a queda das margens no setor de educação, aliada às incertezas regulatórias, nos mantém fora de COGN3.

5. Eletrobras (ELET3) +5,9%

Fechando a lista de maiores altas, estão as ações da Eletrobras. 

Após dois anos de negociações, a União e a ex-estatal chegaram a um acordo que redefine a governança da companhia e estabelece novos rumos para projetos estratégicos no setor nuclear brasileiro.

O entendimento entre as partes põe fim às disputas judiciais relacionadas à limitação do poder de voto dos acionistas, questão que vinha sendo contestada pela União no STF. Com a conciliação, a governança corporativa da Eletrobras se fortalece, garantindo maior estabilidade nas decisões estratégicas da empresa.

Apesar de acreditarmos que o processo de privatização será benéfico a longo prazo, o momento da Eletrobras ainda inspira cuidados ao investidor, ainda mais com suas ações negociando a múltiplos ainda mais altos que alguns de seus pares (9x lucros e 7x Ebitda). No momento, não enxergamos grandes oportunidades em ELET3.

As 5 ações que mais caíram em fevereiro

Veja a lista das cinco maiores quedas do mês.

EmpresaTickerVar. (%)
AzzasAZZA3-23,9
VamosVAMO3-21,3
BraskemBRKM5-20,6
VivaraVIVA3-20,4
MRVMRVE3-20,0

Maiores baixas do Ibovespa em fevereiro. Fonte: Bloomberg

1. Azzas (AZZA3) -23,9%

No topo da lista das maiores quedas do mês estão as ações da Azzas. 

Além do cenário macroeconômico desafiador, com juros elevados que impactam diretamente os resultados da companhia, surgiram rumores sobre a possível saída de Roberto Jatahy — ex-CEO do Grupo Soma e atual segundo executivo mais importante da empresa —, o que gerou instabilidade nos papéis.

No momento, não temos recomendação de compra para AZZA3.

2. Vamos (VAMO3) -21,3%

Após registrar diversas altas consecutivas algumas semanas atrás, indo na contramão dos juros futuros, que operavam em queda, as ações da Vamos devolveram todos os ganhos e voltaram a cair. A piora nas perspectivas do cenário macroeconômico no Brasil levou os juros a subirem novamente, impactando a empresa, que possui um alto nível de endividamento.

Negociando a apenas 6x lucros e 5x Ebitda, recomendamos compra para VAMO3.

3. Braskem (BRKM5) -20,6%

A Braskem registrou um prejuízo de R$ -5,6 bilhões no quarto trimestre de 2024, um aumento de +259% em relação ao mesmo período do ano anterior. O resultado foi fortemente impactado pelas despesas financeiras, decorrentes do alto endividamento da companhia. Como reflexo, suas ações operaram em queda de mais de -20% no mês.

Com uma alta alavancagem (dívida líquida/Ebitda) de 7,4x, não temos recomendação de compra para BRKM5.

4. Vivara (VIVA3) -20,4%

A Vivara anunciou que seu conselho de administração aprovou a destituição do diretor de Marketing, Leonardo Bichara, o que gerou preocupações sobre uma possível crise de governança na rede de joalherias, impactando o desempenho de suas ações.

No momento, não temos recomendação de compra para VIVA3.

5. MRV (MRVE3) -20,0%

O mercado tem demonstrado cautela com o setor de incorporação imobiliária, especialmente em relação à expansão da MRV no exterior. A empresa enfrenta dificuldades para crescer fora do Brasil e precisa lidar com desafios financeiros que elevam a desconfiança dos investidores. Apesar de ter conseguido avanços em volume de vendas e controle de custos, a estratégia de crescimento da subsidiária Resia ainda preocupa.

Com um guidance de R$ 1,5 bilhão em lucro no médio prazo (isso apenas da operação de incorporação no Brasil) e valendo apenas R$ 2,5 bilhões na Bolsa atualmente, recomendamos compra para MRVE3 na carteira Nord 10X.

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