Vale (VALE3) lucra US$ 2,8 bilhões no 2º trimestre e anuncia dividendos

Lucro da Vale sobe +210% no 2T24; mineradora anuncia US$ 1,6 bilhão em JCP, valor bruto de R$ 2,09 por ação

Victor Bueno 26/07/2024 09:12 6 min Atualizado em: 26/07/2024 11:38
Vale (VALE3) lucra US$ 2,8 bilhões no 2º trimestre e anuncia dividendos

Para surpresa de ZERO investidor da Bolsa brasileira (e estrangeira), a Vale (VALE3) entregou mais um forte resultado no segundo trimestre de 2024.

Como trouxemos por aqui na última semana, a mineradora já havia apresentado uma sólida prévia operacional, com aumento de +2% na produção de seu principal produto (minério de ferro) na comparação com o mesmo período do ano passado. 

Já as vendas do minério subiram ainda mais (+7%), com destaques para as vendas de finos de minério (+8%) e de ROM (Run-Of-Mine, basicamente o minério bruto, sem qualquer tipo de beneficiamento), com alta dos mesmos +8%. 

A expansão das vendas contribuiu para compensar o preço do minério de ferro, que permaneceu praticamente estável na comparação anual. 

Assim, a Vale registrou crescimento em suas principais linhas financeiras.

Produção recorde desde 2018

No 2T24, a Vale alcançou uma produção recorde para um segundo trimestre desde 2018, impulsionada, principalmente, pelo desempenho consistente do projeto S11D. 

Vale destacar que a companhia possui outros projetos importantes de crescimento em andamento: Vargem Grande e Capanema, que, juntos, acrescentarão +30 Mt em sua produção e que estão, respectivamente, 96% e 83% concluídos. 

A empresa ainda possui outros projetos de menor representatividade fora do país, tanto em minério de ferro como em metais para transição energética. 

Receita subindo, assim como o custo

Com a produção recorde e a comercialização de parte dos estoques, as vendas de minério de ferro atingiram 79,8 Mt, acréscimo de +5,4 Mt. 

As vendas maiores compensaram o preço médio realizado de finos de minério de ferro, que permaneceu inalterado em relação ao 2T23. Assim, a Vale entregou uma receita líquida +3% maior, totalizando US$ 9,9 bilhões no período. 

O custo caixa C1 (custo das operações da mina ao porto), excluindo compras de terceiros, foi de US$ 24,9 por tonelada, alta de +6% na comparação trimestral, em função de efeitos sazonais de giro de estoques e maiores atividades de manutenção. 

Fonte: Vale RI

Apesar do aumento, a companhia manteve o guidance (projeção) de atingir um custo caixa C1 de US$ 21,5-23,0 por tonelada em 2024.

Lucro líquido subindo +210%

Com seu principal custo subindo mais do que a receita, mas com a linha de depreciação e amortização compensando outras altas de despesas operacionais no trimestre, o Ebitda da Vale ficou no mesmo patamar do 2T23, em US$ 4,0 bilhões.

O resultado financeiro (negativo) subiu 8x no período, devido, principalmente, ao efeito negativo de operações com derivativos, que foram impactadas pela depreciação do real e redução de marcação a mercado.

Contudo, a companhia contabilizou o desinvestimento de uma de suas subsidiárias (PTVI) e uma variação positiva na linha de tributação (2T23 havia sido impactado pela baixa do imposto diferido das provisões da Fundação Renova). 

Assim, a Vale registrou um lucro líquido de US$ 2,8 bilhões no 2T24, uma alta de +210% sobre uma base comparativa mais fraca em 2023. 

Alto investimento, baixa alavancagem

Como mencionado no início, a mineradora possui projetos de manutenção e crescimento em andamento e, com isso, investiu um total de US$ 1,3 bilhão no trimestre (+10%). 

Considerando o Ebitda (medida de potencial geração de caixa operacional) e todos os desembolsos de caixa no período, o fluxo de caixa livre da Vale ficou no negativo, em US$ -178 milhões. 

Entretanto, com a venda de participações e uma nova emissão de bonds, a companhia adicionou US$ 2,9 bilhões ao seu caixa no 2T24.

Fonte: Vale RI

Por fim, mesmo com sua dívida bruta subindo +9%, sua dívida líquida (dívida bruta - caixa) caiu -4% e sua alavancagem (dívida líquida/Ebitda) ficou em apenas 0,5x.

Mais dividendos pingando na conta

Com os bons resultados apresentados e alavancagem extremamente confortável, a Vale pôde, mais uma vez, anunciar um bom pagamento de dividendos aos seus acionistas.

Junto aos números do 2T24, a companhia divulgou a distribuição de US$ 1,6 bilhão em JCP (juros sobre capital próprio) a serem pagos em setembro de 2024, consistente com sua política de dividendos mínimos, aplicada ao resultado do 1S24.

Vale lembrar que a política de proventos atual da Vale determina uma distribuição mínima de 30% de seu Ebitda ajustado menos investimento corrente. Os pagamentos anuais são divididos em duas parcelas, uma em março e outra em setembro.

O valor total da nova distribuição representa um valor bruto de cerca de R$ 2,09 por ação e um dividend yield (rendimento) aproximado de 3,5%. 

A data de corte para pagamento dos juros sobre o capital próprio (JCP) aos detentores de ações de emissão da Vale negociadas na B3 será no dia 2 de agosto de 2024, com pagamento a ocorrer em 4 de setembro de 2024. Já para os detentores de American Depositary Receipts (ADRs), negociados na New York Stock Exchange (NYSE), será no dia 5 de agosto de 2024, com pagamento a partir de 11 de setembro de 2024 por meio dos ADRs.

As ações da Vale serão negociadas ex-remuneração na B3 e na NYSE a partir de 5 de agosto de 2024.

Somado ao pagamento de março, o dividend yield de 2024 totaliza cerca de 8% (número que poderá ser elevado a depender de dividendos extraordinários até o final do ano).

Em adição ao seu plano de maximizar a geração de valor aos seus acionistas, a Vale ainda alocou US$ 114 milhões no trimestre em seu 4º programa de recompra de ações, que está 22% concluído (33 milhões de ações recompradas). 

Dividendo alto, preço baixo

Além do elevado rendimento via proventos, as ações da Vale ainda negociam por uma assimetria extremamente favorável. 

Atualmente, a companhia negocia a um múltiplo P/L de apenas 7x e um EV/Ebitda de menos de 4x — ou seja, menos da metade do que a Bolsa brasileira negocia historicamente (15x lucros e 9x Ebitda).

Assim, comprar VALE3 no preço atual pode não somente proporcionar bons retornos de dividendos como potenciais ganhos de capital futuros. 

Compre VALE3

Sendo assim, considerando todos os pontos mencionados acima, enxergamos um momento muito favorável para comprar as ações da Vale. 

Minha recomendação é que compre VALE3 até o preço-teto de R$ 73,50

Até esse preço, temos uma boa margem de segurança para aproveitar uma possível recuperação das ações e, principalmente, para recebermos um rendimento altamente satisfatório dos dividendos pagos pela companhia ao longo dos próximos anos. 

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