Fed mantém juros inalterados nos EUA entre 4,25% e 4,5%
Banco Central americano anunciou nesta quarta-feira, 19, a manutenção da taxa básica de juros pela segunda reunião seguida
O Federal Reserve — o Fed, banco central dos Estados Unidos — manteve a taxa básica de juros em 4,25% a 4,50% ao ano, conforme o esperado pelo mercado.
Em comunicado, o Fed destacou que a incerteza em torno das perspectivas econômicas aumentou, estando atento aos riscos que afetam ambos os lados de seu duplo mandato (máximo emprego e inflação estável).
Em resumo, a autoridade monetária reconhece as maiores incertezas na economia com as políticas comerciais anunciadas por Trump.
Além disso, o Fed vinha reduzindo o seu balanço de ativos (como ao vender treasuries) e afirmou nesta quarta-feira, 19, que, a partir de abril, irá reduzir o ritmo de venda desses ativos. O limite mensal de venda das treasuries passará de US$ 25 bilhões para US$ 5 bilhões. Já o limite para dívidas de agências e títulos hipotecários será mantido em US$ 35 bilhões.
A decisão para a taxa de juros foi unânime. No entanto, em relação à redução do balanço, um dos 12 membros votou a favor da manutenção do ritmo atual de redução dos ativos.
Fed revisa projeções: mais inflação em 2025
Nesta decisão, tivemos também novas projeções sendo divulgadas pela autoridade monetária, que contaram com revisões em relação às projeções de dezembro.
Núcleo do PCE
Para 2025, de 2,5% para 2,8%. Para 2026 e 2027, manutenção em 2,2% e 2,0%, respectivamente.
PIB
Para 2025, de 2,1% para 1,7%. Para 2026, de 2,0% para 1,8%. Para 2027, de 1,9% para 1,8%.
Fed funds rate (juro)
Para a taxa básica de juros, no entanto, as projeções se mantiveram (lembrando que essas projeções não garantem que os juros chegarão exatamente nesses patamares). Para 2025, permaneceu em 3,9%. Para 2026, em 3,4%. Para 2027, em 3,1%.
Abaixo, temos o FOMC Dot Plot, gráfico de pontos do Federal Reserve, que mostra as projeções dos membros do comitê sobre a taxa de juros básica nos próximos anos.
É interessante notar que, apesar da mediana das projeções para os juros não ter alterado (como vimos na tabela acima), houve mudanças na composição das projeções.
Em dezembro, apenas 1 membro acreditava que não haveria cortes de juros este ano. Agora, 4 membros acreditam que não haverá cortes.
Fed mantém cautela diante das incertezas
Em entrevista coletiva, o presidente do Fed, Jerome Powell, voltou a afirmar que as novas políticas de Trump e seus respectivos efeitos ainda trazem uma alta incerteza. Desta forma, o Fed irá aguardar por mais clareza.
Powell afirmou ser difícil precisar os efeitos das tarifas de importação na inflação, mas admitiu que o aumento das projeções de inflação esteve relacionado às tarifas.
Risco de recessão nos EUA
Quanto à possibilidade de uma recessão econômica nos Estados Unidos, Powell reconheceu que a probabilidade desse cenário se concretizar aumentou recentemente, com base nas projeções de mercado, mas ressaltou que, no momento, não representa um fator de preocupação relevante.
Dessa forma, vimos uma linguagem do Fed direcionada à necessidade de seguir acompanhando os dados correntes e as políticas do Trump de perto, mas sem se desesperar.
Na minha visão, o Fed fez o certo. Apesar de ser necessário acompanhar de perto a possibilidade de desaceleração mais abrupta da atividade econômica, a economia ainda está aquecida e a inflação pressionada, sendo necessário cautela na discussão de novos cortes de juros.
Seguiremos acompanhando de perto, com o objetivo de avaliar a possibilidade de corte no meio do ano, com essa possibilidade estando condicionada a dados fracos de atividade e inflação.
Onde acompanhar os juros americanos?
A taxa básica de juros dos EUA se dá em um intervalo, tendo o limite superior, limite inferior e, consequentemente, a taxa efetiva da taxa, que é calculada como uma mediana ponderada pelo volume das transações.
Como ver o histórico dessas respectivas taxas?
Limite superior aqui.
Limite inferior aqui.
Taxa efetiva aqui.
Como funciona o banco central dos Estados Unidos?
O Federal Reserve possui um mandato duplo, o que significa que o seu compromisso é alcançar a meta de inflação e, ao mesmo tempo, promover o pleno emprego. Ou seja, há um compromisso não só com a inflação, mas também com o nível da atividade econômica.
O Fed é dividido em 3 órgãos diferentes.
O órgão do Conselho dos Governadores (os dirigentes) é composto por 7 membros que são nomeados pelo presidente da república, com o presidente do Fed sendo um desses membros. A tarefa é regular o sistema do Fed.
Outro órgão é o Federal Reserve Banks, composto por 12 bancos regionais do Fed, com cada um atendendo uma região geográfica específica. A tarefa é supervisionar os bancos comerciais de cada região, prover serviços financeiros e levantar dados que podem contribuir para a decisão de política monetária (como dados para o livro bege).
Já o Comitê Federal de Mercado Aberto (FOMC), com a tarefa de tomar as decisões de política monetária, é composto por 19 membros, sendo 7 governadores do Fed e os presidentes de cada um dos 12 bancos centrais regionais. Apenas 7 governadores e 5 presidentes (dos 12) participam das votações das decisões de política monetária (com o presidente do Banco Central de Nova Iorque tendo mandato fixo nas votações, ou seja, sempre vota).
Quando sai a decisão do Fed?
Em intervalos de aproximadamente 45 dias.