Entenda o juro neutro e sua importância para a economia brasileira
O juro neutro é essencial para as decisões de política monetária, orientando as ações do Banco Central para ajustar a taxa Selic de forma a manter a economia em equilíbrio.
Entender esse conceito ajuda a compreender como os movimentos da Selic afetam o dia a dia e as perspectivas econômicas do país. Continue no artigo para saber mais.
O que é juro neutro e por que ele é Importante?
O juro neutro é a taxa de juros teórica que mantém a economia em equilíbrio, ou seja, é o nível ideal de juros que não estimula nem desaquece a atividade econômica. Quando a taxa de juros está nesse ponto, a economia cresce em seu potencial máximo sem gerar pressões inflacionárias ou deflação.
Esse conceito é importante porque serve como uma referência para as decisões de política monetária de um país. Se a taxa de juros estiver muito abaixo do juro neutro, pode-se estimular o crescimento econômico, mas ao custo de maior inflação; se estiver acima, pode-se conter a inflação, mas também frear o crescimento.
Como o juro neutro é determinado?
O juro neutro não é uma taxa visível ou fixa, mas sim uma estimativa que pode variar ao longo do tempo. Ele é influenciado por uma série de fatores, como a produtividade da economia, a taxa de poupança e investimentos, o crescimento demográfico e o cenário global.
No entanto, por não ser diretamente observável, sua determinação exige análises complexas, geralmente feitas por economistas e instituições, que buscam calcular o nível que não causa desequilíbrios na inflação nem no crescimento econômico.
Juro neutro e política monetária: qual a relação?
O juro neutro é uma das principais referências para a definição da política monetária do Banco Central. Neste processo de definição, os membros do Copom comparam a taxa de juros nominal vigente (a Selic) com o juro neutro para determinar qual deve ser o ajuste na política de juros.
Se a taxa de juros está abaixo do juro neutro, isso indica uma política monetária expansionista, na qual o crédito e o consumo são incentivados; e se está acima, a política é mais restritiva, buscando conter a demanda e a inflação.
Juro neutro e taxa Selic: entenda melhor a ligação entre os dois
A taxa Selic, que é a taxa básica de juros no Brasil, é usada pelo Banco Central como uma ferramenta para controlar a inflação e, ao mesmo tempo, estimular ou frear a economia.
Quando a Selic está próxima ao juro neutro, a economia tende a se comportar de maneira equilibrada, sem grandes pressões inflacionárias ou desaceleração econômica. Assim, como mencionamos, se a Selic estiver abaixo do juro neutro, o Banco Central está adotando uma política expansionista para estimular o crescimento da economia. Se a Selic estiver acima, está tentando conter a inflação e desacelerar a economia.
E o que muda entre juro neutro e juro real?
Enquanto o juro neutro é uma estimativa teórica da taxa de equilíbrio, o juro real é a taxa de juros nominal descontada pela inflação.
Em termos simples, o juro real reflete o poder de compra dos rendimentos de uma aplicação após descontada a perda causada pela inflação.
O juro neutro, por outro lado, é uma meta teórica que busca alinhar o crescimento econômico ao controle inflacionário. Assim, enquanto o juro real afeta diretamente os retornos financeiros e o poder de compra, o juro neutro orienta a política econômica de longo prazo.
Como o juro neutro afeta o câmbio e a inflação?
Uma taxa de juros próxima ao juro neutro tende a trazer estabilidade econômica, o que pode influenciar a confiança dos investidores estrangeiros.
Se o Banco Central mantém os juros muito baixos, isso pode desvalorizar a moeda local, uma vez que os investidores buscam ativos em países com taxas de retorno mais altas. Essa desvalorização da moeda pode, por sua vez, elevar o custo das importações, pressionando a inflação.
Por outro lado, se os juros estão muito altos, a moeda pode se valorizar, tornando as exportações menos competitivas e impactando negativamente o crescimento.
Juro neutro no Brasil: qual é o cenário atual?
No Brasil, o juro neutro é objeto de constante estudo, pois depende de fatores internos e externos, como a produtividade da economia, o nível de poupança e a percepção de risco do país por investidores internacionais.
Nos últimos anos, o juro neutro brasileiro tem sido considerado relativamente alto em comparação a outras economias, refletindo um ambiente econômico com desafios de crescimento e inflação.
O Banco Central acompanha de perto o juro neutro para ajustar a Selic e tentar manter a inflação dentro da meta, enquanto estimula o crescimento econômico de maneira sustentável.
Em junho de 2024, o Banco Central comunicou estar trabalhando com um juro neutro de 4,75%, mas também avaliando os cenários de juro neutro de 4,50% e 5,0%.
Perspectivas futuras para o juro neutro: o que esperar?
As perspectivas para o juro neutro no Brasil dependem de diversos fatores e demandam análises macroeconômicas constantes. Se o país conseguir avançar em reformas estruturais, melhorar a produtividade e reduzir o risco fiscal, o juro neutro pode cair, o que permitiria uma política monetária menos restritiva sem prejudicar o controle da inflação.
No entanto, desafios como a dívida pública e o cenário global de incertezas econômicas podem manter o juro neutro em patamares elevados. As projeções para o futuro, portanto, estão atreladas ao sucesso de políticas econômicas que incentivem o crescimento sustentável e reduzam os desequilíbrios fiscais e estruturais.
No início do segundo semestre de 2024, as expectativas do mercado são de uma piora no equilíbrio fiscal a partir de 2025, o que vem sendo refletido em uma elevação da curva de juros e precificação de novas altas da Selic ainda em 2024. Este cenário econômico pressionado pode influenciar a taxa de juro neutra futuramente.