IPCA+ 2029 ou 2045: qual o melhor Tesouro Direto para investir em 2024?

Ativos indexados à inflação são preferência na Nord Investimentos; veja o melhor prazo de vencimento

Nord Research 18/09/2024 09:36 5 min
IPCA+ 2029 ou 2045: qual o melhor Tesouro Direto para investir em 2024?

Nesta quarta-feira, 18, a Selic deve voltar a subir pela primeira vez desde agosto de 2022. A taxa básica da economia está em 10,50% a.a. e a expectativa do mercado é que a taxa suba para 10,75% a.a. (um avanço de 0,25 p.p.).

Em meio ao cenário doméstico pressionado, seguimos observando ótimas oportunidades de aporte em títulos indexados à inflação de longo prazo. 

O Tesouro IPCA+ (NTN-B) se destaca por oferecer uma taxa de juros real elevada, o que significa que, além de proteger contra a inflação, oferece um rendimento adicional interessante. 

Atualmente, o juro real em todos os títulos IPCA+ do Tesouro Direto está remunerando acima de 6% a.a. Mas existem pontos importantes a analisar antes de investir nesses papéis, entre eles, o prazo da aplicação. 

Afinal, o que vale mais a pena: investir em títulos com prazo mais curto ou mais longo? 

As taxas do Tesouro Direto IPCA+ 2029 e IPCA+ 2045 são parecidas. Na última terça-feira, 17, estavam em 6,39% e 6,30%, respectivamente. Então qual é o melhor investimento? 

Tesouro IPCA + 2029 ou 2045: qual o melhor Tesouro Direto para investir?

Atualmente, as taxas de juros estão muito altas e podem cair no médio prazo. Por isso, acreditamos que há prêmios atrativos nos títulos públicos indexados ao IPCA de longo prazo (IPCA+ 2035 ou IPCA+ 2045), que podem ser impulsionados por ganhos de marcação a mercado.

E caso a percepção de risco fiscal piore e o dólar volte a se valorizar ainda mais, a proteção contra a inflação do título recomendado exercerá sua função.

Dessa forma, se tivéssemos que escolher entre o vencimento 2029 ou 2045, daríamos preferência para o 2045 devido à sua maior duration, que permite maiores ganhos em caso de saída antecipada com queda nas taxas negociadas. Além disso, o título de 2025 tem menor impacto do Imposto de Renda sobre o juro real em caso de forte alta na inflação. 

Contudo, vale mencionar que o nosso vencimento preferido para títulos atrelados à inflação é o Tesouro IPCA + 2035, justamente por ser um vencimento intermediário entre esses dois, otimizando a relação entre risco e retorno.  

Entenda o racional por trás da escolha do melhor título do Tesouro Direto para lucrar na marcação a mercado.

Duration na renda fixa

Antes de ver a rentabilidade, ao comparar um título mais curto com um título mais longo, você deve olhar a duration. Ou seja, o prazo médio de recebimento dos fluxos que vai ter. Como esses títulos não pagam cupom, o prazo médio de recebimento será igual ao vencimento do título. 

No IPCA 2029, você terá um título de aproximadamente cinco anos, enquanto no IPCA+ 2045, de aproximadamente vinte anos.

A influência do prazo é que, quanto maior a duration do título, maior é a volatilidade do Preço Unitário (PU).

Isso quer dizer que, para o IPCA+ 2029, a cada 1% de queda na taxa de retorno, por exemplo, de IPCA+ 6,39% para IPCA+ 5,39%, você tem um ganho em torno de 4,5% na valorização do papel por conta dos efeitos de marcação a mercado.

Já no IPCA+2045, a cada 1% de queda na taxa de retorno, você tem aproximadamente um ganho de 20% devido ao efeito de marcação a mercado.

Para quem não conhece, a “marcação a mercado” é o termo utilizado para se referir ao ajuste diário feito nos preços e taxas dos títulos públicos.

Nesse contexto, se você acredita que as taxas do IPCA+ vão cair de forma paralela, ou seja, as taxas mais curtas vão cair no mesmo montante que as mais longas, a melhor opção é o título mais longo. Afinal, dada a mesma queda percentual na taxa, você terá uma valorização maior no título mais longo. 

No entanto, nem sempre essas taxas caem ou sobem de maneira paralela. Às vezes, as taxas longas sobem muito mais do que as curtas. Isso acontece, por exemplo, em um ambiente de descontrole fiscal, como o atual. Nesse cenário, a taxa longa tende a subir mais do que a taxa curta.

No curto prazo temos mais informações sobre o que pode acontecer com a economia, com o fiscal, com a inflação, etc. No longo prazo, existem mais incertezas e, por isso, exige um prêmio de risco maior.

Imposto de renda em Títulos IPCA+

Outro ponto que deve ser analisado é o Imposto de Renda (IR) no momento do resgate.

O fato gerador do IR (valor sobre qual incidirá o imposto) é apenas sobre os rendimentos do período em que o dinheiro foi aplicado e não sobre o montante total da sua aplicação.

Em caso de uma forte elevação da inflação, visto que o IR também é cobrado pelo efeito da inflação na rentabilidade, os títulos com prazo mais curto sofrerão mais com o efeito da incidência do IR. 

Já no caso dos títulos mais longos, o montante investido possui um prazo maior para que a elevação da inflação contribua para aumentar a rentabilidade da aplicação, tornando o efeito do imposto sobre a inflação menor do que em títulos mais curtos. 

Em resumo, nos títulos mais longos, você não tem que se preocupar tanto com o efeito do Imposto de Renda no seu juro real devido a altas de inflação, enquanto nos títulos mais curtos esse efeito do imposto de renda acaba “comendo” parte do seu juro real caso a inflação suba muito.

Marcação a mercado no Tesouro Direto

No geral, quando as taxas do Tesouro Direto caem, esses papéis se valorizam, e quando as rentabilidades sobem, os ativos desvalorizam na carteira. Contudo, só está exposto a essa volatilidade quem precisa vender os títulos antes do vencimento. Se mantidos até sua data de vencimento,  os títulos do Tesouro Direto têm garantida a rentabilidade contratada no momento do investimento. 

Nesse sentido, as considerações acima são válidas para efeito de marcação a mercado, buscando um lucro maior que o esperado.

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