Inteligência artificial será a próxima bolha ou oportunidade do século?
US$ 1,3 bilhão por 62 pessoas
O mundo da inteligência artificial (IA) definitivamente não passa por um momento ruim, diferentemente de alguns setores da economia norte-americana.
A menos que você esteja vivendo em outro mundo, você deve ter visto que a IA Generativa e os Large Language Models (LLMs) conquistaram o mundo nos últimos meses.
IA generativa são algoritmos de inteligência artificial que permitem o uso de conteúdo existente, como texto, arquivos de áudio ou imagens, para criar um novo conteúdo.
Em outras palavras, ela usa uma variedade de técnicas — incluindo redes neurais e algoritmos de aprendizado profundo (Deep Learning) — para identificar padrões e gerar novos resultados.
Ela é um subcampo da IA que se concentra na criação de novos conteúdos, dados ou informações a partir de um conjunto de entradas existentes.
Esses modelos, treinados em grandes quantidades de dados, têm a capacidade de gerar texto semelhante ao humano. Ferramentas como ChatGPT, DALL-E e GitHub Copilot são alguns exemplos, e acredito que você já deve ter ouvido falar de alguns deles.
Nesta semana, me deparei com a notícia de que a Databricks aceitou pagar US$ 1,3 bilhão pela MosaicML.
A MosaicML é uma startup com sede em São Francisco, fundada em 2021, e tem como foco democratizar o uso de IA generativa, reduzindo significativamente o custo de criação de modelos.
Já a Databricks fornece principalmente serviços de armazenamento de dados e software de gerenciamento de dados para organizações empresariais, bem como lida com migração de plataforma de dados e análise de dados.
As duas empresas parecem ter alguma sinergia, ao menos no papel.
Apesar de ainda muito nova, e apenas com 62 colaboradores, a MosaicML entra para a história, visto que foi vendida por um múltiplo de US$ 21 milhões por colaborador.
Os números da MosaicML não são públicos, mas aparentemente a empresa teve uma receita de cerca de US$ 15 milhões no ano passado, ou seja, ela foi vendida por nada menos do que 86 vezes suas vendas.
A Apple, empresa listada em bolsa com maior valor de mercado no mundo — quase US$ 3 trilhões —, cujas vendas anuais chegam a US$ 380 bilhões, negocia hoje a um múltiplo de US$ 18 milhões por colaborador, menos do que a MosaicML foi vendida.
Estaria a Apple barata ou a MosaicML conseguiu um comprador maluco para o seu negócio? O futuro nos dirá.
Potencial (quase) infinito
Acho que já estou convencido de que estamos diante de um novo ciclo, no qual a IA realmente tornará nossas vidas mais fáceis em alguns aspectos.
As empresas que conseguirem se destacar, do ponto de vista da usabilidade para o usuário final neste novo ciclo tecnológico, de fato terão seu valor multiplicado por muitas vezes.
Recentemente, a consultoria McKinsey & Company soltou um estudo bem interessante a respeito do potencial da IA. Trago, abaixo, alguns dos principais destaques:
- A consultoria estima que o mercado de IA generativa crescerá de US$ 40 bilhões em 2022 para US$ 1,3 trilhão em 2032, a uma taxa de 42% ao ano.
- A IA generativa tem o potencial de automatizar de 60% a 70% das tarefas que atualmente ocupam o tempo dos funcionários.
- Espera-se que cerca de 75% do seu valor esteja em quatro áreas: operações do cliente, marketing e vendas, engenharia de software e pesquisa e desenvolvimento.
- As indústrias que serão mais afetadas pela IA generativa incluem bancos, alta tecnologia, produtos farmacêuticos, produtos médicos e varejo. A consultoria estima que a IA poderia agregar US$ 200 bilhões a US$ 340 bilhões em valor ao setor bancário e US$ 240 a US$ 390 bilhões em valor no varejo.
Ao longo dos últimos meses, vários bancos internacionais publicaram estudos a respeito do tema, e a conclusão é unânime: muito será automatizado nos próximos anos por conta dessa nova tecnologia, e vamos gastar menos tempo com coisas chatas e repetitivas, abrindo espaço em nosso dia a dia para outras tarefas, as quais, provavelmente, ainda não conhecemos.
Fato é que um mercado que tem o potencial de crescer cerca de 40% ao ano, por muitos anos, será extremamente lucrativo para quem detiver a tecnologia e aplicabilidade correta.
O pulo do gato está em achar quais empresas são essas.
Em busca do pote de ouro
Encontrar essas empresas não é uma tarefa fácil. Os maiores e melhores investidores do mundo sempre estão em busca desse tipo de oportunidade.
Em muitos casos, estamos falando de empresas privadas, que recebem aportes de fundos de venture capital e private equity para desenvolver seus negócios.
No ciclo posterior, em que a empresa abre seu capital na bolsa, os investidores de varejo podem comprar ações e assim se tornam sócios dessas empresas.
Nosso foco na série do Nord Global é justamente garimpar o mercado em busca de teses de investimento nas empresas que já são listadas e possuem grande potencial de crescimento no longo prazo — anos ou até mesmo décadas.
Apesar de ainda não termos certeza de quais empresas podem se beneficiar estruturalmente, de maneira sólida, deste novo ciclo tecnológico, temos acompanhado alguns nomes mais de perto que poderão fazer parte da nossa carteira de investimentos.