INFB11 suspende pagamento de dividendos; o que aconteceu?
O fundo de Infraestrutura INFB11 anunciou nesta quinta-feira, 2, a suspensão temporária do pagamento dos dividendos mensais de R$1 por cota. A gestora Drýs Capital afirmou que a medida visa preservar a rentabilidade do fundo e permitir que a cota patrimonial se aproxime de R$100.
O que é o fundo INFB11?
Com início em agosto de 2024, o INFB11 é um FI-Infra, ou seja, um Fundo de Infraestrutura, que investe em debêntures incentivadas e é listado na B3.
Existem dois tipos de fundos de debêntures incentivadas: os abertos e os listados em bolsa de valores.
Os fundos abertos são os mais comuns no mercado. Neles, assim como você pode fazer a aplicação, você também pode pedir o resgate a qualquer momento.
Já nos fundos fechados (listados), para fazer uma alocação em um Fi-Infra é necessário entrar no chamado “período de captação do fundo” (quando é permitida a entrada de novos cotistas). Fora do período de captação, a maneira de você investir no fundo é comprando a cota de outro investidor por meio da B3 pelo seu home broker.
Além disso, no fundo fechado não é possível pedir resgate, sendo necessário vender a sua cota para outro investidor. Ou seja, mesmo sendo fechado, você consegue investir e desinvestir do fundo por meio do mercado secundário, transferindo a cota de um investidor para outro.
Além disso, os Fi-Infras são isentos de Imposto de Renda e costumam pagar dividendos mensais, apesar de não ser uma lei.
Carteira do fundo INFB11
Atualmente, a carteira do INFB11 é formada por 39 debêntures, com a maior parte indexada ao IPCA+ e com a maior concentração detendo 5,0% da carteira.
Em relação a setores, as maiores concentrações estão em elétricas, concessões e saneamento.
Além disso, 36% da carteira está alocada em debêntures AAA (as mais seguras).
Como é feita a distribuição de dividendos?
Cada Fi-Infra tem uma metodologia própria para determinar o quanto será distribuído em forma de dividendos aos seus cotistas.
As movimentações dos spreads de crédito e da curva de juros (nos casos dos Fi-Infras indexados ao Tesouro IPCA) movimentam a cota patrimonial do fundo e, em momentos desfavoráveis, um Fi-Infra pode deixar de pagar dividendos por um determinado período, como foi o caso do INFB11.
Dividendos do INFB11
O Fi-Infra INFB11 nasceu com o objetivo de distribuir, como dividendos, R$ 1 por cota por mês.
No entanto, diante do aumento do risco fiscal ao longo dos últimos meses, a curva de juros do mercado subiu significativamente, causando, portanto, marcação a mercado nos títulos prefixados e indexados à inflação.
Como a carteira do INFB11 é baseada em debêntures IPCA+, a alta do juro real causou uma reprecificação para baixo nos preços dos títulos, levando a uma queda da cota patrimonial do fundo para valores abaixo de R$ 100, para os atuais R$ 94,18.
Dessa forma, visando proteger o futuro do fundo, o INFB11 decidiu suspender temporariamente o pagamento dos dividendos mensais para que a cota patrimonial do fundo volte aos valores em torno de R$ 100 para que volte a distribuir dividendos de forma sustentável.
É a primeira vez na breve história do fundo em que isso ocorre após o pagamento de R$ 1 por cota nos meses anteriores.
INFB11: é hora de comprar, vender ou manter?
O fundo é muito novo para termos uma avaliação completa em relação à sua capacidade de entregar performances consistentes ao longo do tempo.
Ao mesmo tempo, os Fi-Infras do mercado estão sendo negociados abaixo das suas respectivas cotas de mercado (estão sendo negociados com deságio, isto é, com desconto em relação ao valor efeito das suas carteiras).
Esse é um cenário que oferece oportunidades, desde que seja aproveitado com cuidado, uma vez que os spreads de crédito estão baixos e a curva de juros do mercado pode continuar subindo a depender do risco fiscal.
No Nord Fundos, fizemos uma recomendação de um Fi-Infra recentemente para aproveitarmos esse cenário.