ICO: o que é e como participar de uma oferta inicial de criptomoedas

Entenda como funcionam as ICOs, o papel dos tokens, riscos envolvidos e como participar dessas ofertas iniciais.

Luiz Pedro Andrade de Oliveira 23/09/2024 16:25 8 min
ICO: o que é e como participar de uma oferta inicial de criptomoedas

As ICOs (Initial Coin Offerings) têm se tornado uma forma popular de arrecadar fundos para novos projetos de blockchain.

Mas, se você quer saber exatamente como funcionam, quais os riscos e recompensas, continue neste artigo que vamos explicar todos esses pontos.

O que é ICO de criptomoedas?

A ICO (Initial Coin Offering) é a oferta inicial de criptomoedas, um método de criação e arrecadação de fundos em que novos projetos de blockchain vendem seus tokens para investidores, geralmente em troca de criptomoedas mais estabelecidas como Solana ou Ethereum. 

Funciona como uma versão cripto das IPOs (Ofertas Públicas Iniciais), permitindo que investidores adquiram tokens antes de seu lançamento oficial, com a perspectiva de que eles aumentem de valor.

Para que serve a oferta inicial de criptomoedas?

Como mencionado, ICOs servem como uma forma de arrecadação de fundos para projetos de criptomoedas. 

Esses fundos são usados para financiar o desenvolvimento da blockchain e do ecossistema do projeto

Além disso, as ICOs permitem que os investidores adquiram tokens antecipadamente, com a perspectiva de que ganhem valor à medida que o projeto se expande e se populariza. 

ICOs também oferecem uma forma de distribuição de tokens para construir uma comunidade em torno do projeto desde o início.

Como funciona uma oferta inicial de moeda (ICO)?

Uma ICO funciona da seguinte maneira: um projeto de criptomoeda cria um plano de negócios e um whitepaper, detalhando seu objetivo, tecnologia e como os fundos arrecadados serão usados. 

A empresa então oferece seus tokens ao público durante a ICO, permitindo que investidores troquem criptomoedas, como Solana ou Ethereum, por esses tokens. 

O valor arrecadado é geralmente utilizado para desenvolver a infraestrutura e promover as tecnologias do projeto, que podem até envolver a criação de uma blockchain própria. 

Caso a ICO atinja o valor mínimo estabelecido, o projeto avança. Se não atingir, os fundos podem ser devolvidos aos investidores.

Qual o papel do Whitepapper nesse processo?

O whitepaper desempenha um papel fundamental em uma ICO. Ele é o documento oficial que apresenta todos os detalhes do projeto, incluindo sua proposta de valor, a tecnologia que será utilizada, os casos de uso do token, a equipe envolvida, o plano de arrecadação de fundos e o roadmap do projeto, ou seja, os planos de desenvolvimento e implementações ao longo do tempo.

O whitepaper também define o número de tokens a serem emitidos e como eles serão distribuídos. Ele é essencial para que os investidores façam uma avaliação adequada do projeto e decidam se vale a pena participar da oferta inicial de criptomoedas.

Quem pode lançar uma oferta inicial de moeda?

Qualquer organização ou equipe de desenvolvimento com um projeto baseado em blockchain pode lançar uma ICO.

No entanto, é necessário garantir que o projeto esteja em conformidade com as leis e regulamentações locais. Dependendo do país, podem existir exigências legais, como registro de valores mobiliários e conformidade legal. 

Além disso, para aumentar a confiança dos investidores, muitas empresas optam por ter uma equipe experiente e transparente por trás da criação do projeto.

O que acontece se o valor arrecadado em uma ICO for menor que o mínimo exigido?

Se a ICO não atingir o valor mínimo estabelecido para financiar o projeto, os fundos podem ser devolvidos aos investidores. Isso geralmente é mencionado no whitepaper e faz parte dos termos da oferta inicial de criptomoedas. 

O valor mínimo é importante porque indica o montante necessário para garantir que o projeto possa ser desenvolvido e lançado conforme o planejado. Se a arrecadação for insuficiente, o projeto pode ser adiado ou até mesmo cancelado.

Existem casos em que o projeto, mesmo não atingindo o mínimo pré-definido para o ICO, continua seu desenvolvimento, utilizando recursos próprios ou de investidores privados para o desenvolvimento. Mas a taxa de sucesso nesses casos é baixa.

Como saber se uma ICO é boa para investir?

Para avaliar se uma ICO é uma boa oportunidade de investimento, é importante considerar vários fatores:

  • whitepaper bem elaborado: verifique se o whitepaper detalha claramente a proposta do projeto, sua tecnologia, a utilidade dos tokens e o uso dos fundos arrecadados;
  • usabilidade e factibilidade: analise se a proposta do projeto tem uma viabilidade real para ser criado, e se ele é útil de fato. O principal problema dos ICOs, em termos de fraudes, são propostas mirabolantes ou que não tem utilidade real para usuários;
  • equipe qualificada: pesquise a equipe por trás da ICO e sua experiência no mercado de blockchain;
  • transparência: a empresa deve ser transparente sobre seus objetivos e os riscos envolvidos;
  • conformidade legal: verifique se a ICO cumpre as regulamentações de seu país;
  • histórico do projeto: já ter um produto mínimo viável (MVP) ou parcerias estabelecidas é um sinal positivo.

Riscos de investir em ICOs

Investir em ICOs pode ser altamente lucrativo, mas também envolve riscos significativos, incluindo:

  • potencial de fraude: muitas ICOs podem ser fraudulentas, em que projetos levantam fundos sem a intenção de entregar um produto. O índice de fraude nas ICOs é extremamente elevado;
  • volatilidade: o valor dos tokens pode flutuar muito após o lançamento, podendo levar a perdas financeiras e riscos de ruína para o projeto e para o investidor;
  • falta de regulamentação: grande parte das ICOs não são regulamentadas, o que dificulta a proteção do investidor em caso de problemas;
  • riscos técnicos: se a tecnologia do projeto não funcionar conforme o planejado, o valor dos tokens pode despencar.

Regulamentação de ICOs no Brasil e em outros países

A regulamentação das ICOs varia significativamente de um país para outro. No Brasil, a Comissão de Valores Mobiliários (CVM) estuda a questão, mas ainda não há uma regulamentação específica para ofertas iniciais de moedas. 

A principal questão para os ativos provindos de ICOs, assim como qualquer criptoativo, no Brasil, é a oferta de valores mobiliários. Caso o criptoativo seja enquadrado como Valor Mobiliário, perante avaliação da CVM, sua circulação será restrita no país em corretoras de criptoativos.

Em outros países, como os Estados Unidos, a SEC considera algumas ICOs como ofertas de valores mobiliários e, portanto, sujeitas às mesmas regulamentações. Já na Suíça e Singapura, há regulamentações mais amigáveis e claras, incentivando a realização de ICOs sob um ambiente regulatório mais seguro.

Como participar de uma oferta inicial de criptomoedas

Para participar de uma ICO, o investidor precisa seguir os passos propostos pelo projeto. Cada ICO tem uma estrutura de pré-requisitos própria. No geral, estes passos envolvem:

  • registrar-se no projeto: acesse o site oficial da ICO e siga o processo de registro, que pode incluir verificação de identidade;
  • adquirir criptomoedas: A maioria das ICOs exige que os investidores comprem tokens usando criptomoedas como Solana ou Ethereum, a depender de qual blockchain será utilizada para o token;
  • enviar os fundos: siga as instruções da ICO para enviar os fundos para o endereço da carteira do projeto e aguarde a distribuição dos tokens após o término da oferta. Atente-se para não cair em golpes ou enviar fundos para carteiras falsas. Utilize apenas os meios oficiais dos projetos para tal ação. 

Qual é a diferença entre IPO e ICO?

A IPO (Initial Public Offering) é a oferta pública inicial de ações de uma empresa, enquanto a ICO (Initial Coin Offering) é a oferta inicial de criptomoedas. 

Existem diversas diferenças. A principal é que, nos IPOs, os investidores compram ações de uma empresa e se tornam acionistas, enquanto na ICO, eles adquirem tokens que podem representar utilidade dentro de uma blockchain ou contratos inteligentes, mas não necessariamente conferem participação societária.

Além disso, as IPOs são altamente regulamentadas, enquanto muitas ICOs ainda operam em um ambiente de regulamentação variável.

As IPOs são feitas mediante aprovação da CVM com múltiplos pré-requisitos legais para as empresas e para os investidores. Enquanto isso, os ICOs são feitos via blockchain, e podem nunca chegar a ser avaliados pela CVM. 

Como não cair em um golpe de ICO de criptomoedas?

Para evitar cair em golpes de ICO, siga estas dicas:

  • verificação de projetos de criptomoedas: pesquise profundamente o projeto, a equipe e o whitepaper;
  • desconfie de promessas irrealistas: se a ICO prometer retornos garantidos ou lucros extremamente altos, ou projetos mirabolantes que dificilmente podem ser realizados, é provável que seja uma fraude;
  • estude a equipe por trás do projeto: confira quem são os criadores e responsáveis pela criação, suas competências e suas reputações. Ter nomes e rostos críveis são um respaldo interessante para qualquer projeto de criptoativo;
  • cheque a conformidade legal: certifique-se de que a ICO está em conformidade com as regulamentações em vigor no seu país e que, caso avaliado pelo órgão responsável, ele seria aprovado como um criptoativo, não se enquadrando como valor mobiliário;
  • evite pressa: muitos golpes de ICO utilizam pressa ou ofertas limitadas para pressionar os investidores a participar rapidamente. Evite investir em qualquer coisa por pressa ou pressão;
  • pesquise sobre o Tokenomics: verifique como os tokens serão distribuídos e se o projeto tem uma estrutura de incentivos sólida e equilibrada, onde o token tem utilidade real para o projeto, e se aprecie com o crescimento da base de usuários ativos.

Por fim, vale ressaltar que as ICOs oferecem grandes oportunidades de investimento, mas é essencial avaliar com cuidado antes de participar para evitar possíveis fraudes e prejuízos.

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