Ibovespa em 2024: veja as ações que mais subiram e caíram

Embraer (EMBR3) se destaca entre as maiores altas e sobe mais de +150%; Ibovespa fecha com queda de mais de 10%.

Hugo Cabral 02/01/2025 21:30 5 min
Ibovespa em 2024: veja as ações que mais subiram e caíram

O ano de 2024 foi marcado por um ambiente macroeconômico desafiador, com a taxa Selic interrompendo o ciclo de baixa e voltando a subir, além das expectativas de novos aumentos de +1 p.p. nas próximas duas reuniões do Copom. Como se não bastasse, o dólar alcançou o maior patamar da sua história.

Desempenho dos principais índices em 2024

Com as incertezas ainda no ambiente fiscal e um cenário de juros altos por mais tempo, todos os principais índices acionários encerraram o ano caindo. O IBOV encerrou em queda de -10,36%, enquanto o IDIV caiu -2,62% e o SMLL, -25,03%.

 IBOV x IDIV x SMLL em 2024. Fonte: Bloomberg

Das 86 ações que compõem o IBOV, 16 registraram alta no período, enquanto as outras 70 fecharam em baixa. 

O principal destaque positivo do ano foi a Embraer (EMBR3), com alta de +151,0%, enquanto a maior queda foi para as ações da Azul (AZUL4), que caíram -77,9%.

As 5 ações que mais subiram em 2024

Veja a lista das cinco maiores altas do ano.

EmpresaTickerVar. (%)
EmbraerEMBR3+151,0
MarfirgMRFG3+104,9
BRFBRFS3+88,8
JBSJBSS3+58,2
WEGWEGE3+45,5

Maiores altas do Ibovespa em 2024. Fonte: Bloomberg

1. Embraer (EMBR3) +151,0%

No topo da lista de maiores altas do ano, estão as ações da Embraer, que tiveram uma alta de mais de +150%

Além da alta do dólar, que beneficia as suas vendas, já que mais de 90% das transações são realizadas nessa moeda, a companhia também tem apresentado um excelente resultado operacional e financeiro. 

A fabricante de aviões fechou o ano com um backlog (carteira de pedidos firmes) recorde de US$ 23 bilhões, o maior dos últimos nove anos. Além disso, a sua área de serviços de manutenção avançou de forma significativa.

No momento, negociando a 16x lucros e 11x Ebitda, acreditamos que a companhia já esteja bem precificada e, assim, não temos recomendação de compra para EMBR3.

2. Marfrig (MRFG3) +104,9%

Indo contra as expectativas do mercado, as ações de frigorífico apresentaram altas significativas em 2024, já que, assim como a Embraer, também são beneficiadas pela valorização do dólar em relação ao real.

A companhia também se beneficiou com a venda de 16 plantas industriais para a Minerva (BEEF3), que contribuirá para uma redução ainda maior de sua alavancagem, além dos bons resultados da BRF (BRFS3), já que a Marfrig é o seu maior acionista.

Apesar da redução do endividamento, a sua alavancagem (dívida líquida / Ebitda) ainda se encontra em 3x. Assim, não temos recomendação de compra para MRFG3 no momento.

3. BRF (BRFS3) +88,8%

Outro frigorífico a se destacar no último ano foi a BRF, que, além do fator dólar citado acima, passou por um processo de turnaround (reestruturação), tornando-a mais eficiente, e ainda foi beneficiada pela queda nos custos de insumo, principalmente o milho, usado como alimento para as suas aves. 

Mesmo com a melhora em seus resultados, negociando a 13x lucros, não temos recomendação de compra de BRFS3.

4. JBS (JBSS3) +58,2%

Fechando a lista dos frigoríficos, a JBS subiu quase +60%

Grande parte de sua receita vem do exterior, o que deixa a empresa com uma forte exposição ao dólar. Além disso, também foi beneficiada pelos preços mais baixos dos insumos utilizados como alimento para as aves.

Assim como os outros frigoríficos, não temos recomendação de compra para JBSS3.

5. WEG (WEGE3) +45,5%

Fechando a lista de maiores altas, estão as ações da WEG. 

Em mais um ano, a companhia apresentou excelentes resultados, com crescimento consistente de receita e lucros. Ao longo do período, conquistou clientes estratégicos, aumentou participação de mercado em algumas linhas e cresceu a variedade de segmentos de atuação. Sem contar a alta do dólar, que também beneficia parte dos seus resultados.

Apesar da qualidade inquestionável da empresa, negociando a 36x lucros e 28x Ebitda, não temos recomendação de compra para WEGE3 no momento.

As 5 ações que mais caíram em 2024

Veja a lista das cinco maiores quedas do ano.

EmpresaTickerVar. (%)
AzulAZUL4-77,9
MagaluMGLU3-69,7
CognaCOGN3-68,8
YduqsYDUQ3-61,2
CVCCVCB3-60,6

Maiores baixas do Ibovespa em 2024. Fonte: Bloomberg

1. Azul (AZUL4) -77,9%

No topo da lista de maiores baixas do ano, estão as ações da Azul

Com a companhia de aviação flertando com uma recuperação judicial após enfrentar fortes dificuldades financeiras, surgiram obstáculos para negociar uma dívida bilionária. Diferentemente das empresas citadas acima, a alta do dólar prejudicou significativamente seus resultados, além da elevação no preço do petróleo, que encareceu os combustíveis. 

Devido ao cenário desfavorável que estamos passando, recomendamos que fique de fora de AZUL4.

2. Magazine Luiza (MGLU3) -69,7%

Com os juros voltando a subir — pressionando o consumo e encarecendo o crédito —, a varejista sentiu, em seus resultados, os efeitos do desafiador ambiente macroeconômico em que estamos vivendo.

Sem nenhuma perspectiva de mudança de cenário no país, não temos recomendação de compra para MGLU3.

3. Cogna (COGN3) -68,8%

O setor educacional continua sofrendo com os juros altos, com a pressão no ticket médio por aluno em razão da desaceleração econômica e com as alterações na política de financiamento estudantil. Além disso, o aumento da concorrência reduziu ainda mais as margens dessas empresas.

Além das dificuldades do seu setor, a companhia está com prejuízo acumulado e possui uma alavancagem de 3x, pressionando, assim, os seus resultados. Dessa forma, não recomendamos compra para COGN3.

4. Yduqs (YDUQ3) -61,2%

Mesmo com melhores resultados em relação a sua concorrente anterior, além de uma menor alavancagem financeira, a companhia também não escapou dos desafios que o seu setor de atuação vem enfrentando.

Assim como Cogna, não temos recomendação de compra para YDUQ3. 

5. CVC (CVCB3) -60,6%

Por fim, fechando a lista das maiores quedas do ano, as ações da CVC também foram impactadas pelas altas na taxa de juros do país, pelo encarecimento das passagens aéreas e pelas sucessivas altas do dólar, fatores que desencorajaram os turistas a viajar.

Diante das expectativas de aumento da taxa de juros, não temos, no momento, recomendação de compra para CVCB3.

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