Alerta vermelho de tempestades no Centro Sul do Brasil. Relembre as maiores chuvas da história
Nas próximas semanas, São Paulo e grande parte do Sul, Centro Oeste e Sudeste do Brasil se preparam para enfrentar novas tempestades. A Defesa Civil e o Instituto Nacional de Meteorologia (Inmet) já emitiram alertas para chuvas intensas que podem alcançar volumes superiores a 100 mm em algumas regiões, acompanhadas de ventos de até 100 km/h. Esse cenário de alerta reacende a memória de eventos climáticos extremos, como os já vividos por várias regiões do Brasil, especialmente São Paulo, Rio Grande do Sul e o Rio de Janeiro, que ao longo dos anos têm registrado volumes impressionantes de chuva e seus consequentes desastres.
A tempestade está associada a um ciclone extratropical que se formou durante a madrugada entre o Uruguai e a Campanha.
Novos temporais
O Centro de Gerenciamento de Emergências (CGE) da Prefeitura de São Paulo prevê chuvas intensas acompanhadas de fortes rajadas de vento entre os dias 24 e 25 de outubro de 2024. Segundo o CGE, os acumulados de chuva podem chegar a 100 mm em regiões como Santa Catarina, Rio Grande do Sul, Paraná, São Paulo e Mato Grosso do Sul. A Defesa Civil já anunciou um gabinete de crise para enfrentar o risco de inundações e quedas de árvores, especialmente em áreas com histórico de alagamentos.
Histórico das maiores chuvas no Brasil
Enquanto o estado de São Paulo lida com o risco de novos temporais, é importante recordar os maiores eventos de chuvas já registrados no Brasil. As chuvas extremas não são novidade no país, com diversos episódios que provocaram grandes desastres ao longo dos anos.
- Fevereiro de 2023 – Litoral Norte de São Paulo. O mais recente e grave evento de chuvas extremas no estado ocorreu em fevereiro de 2023, quando Bertioga registrou o maior volume de chuva em 24 horas já documentado no Brasil: 683 mm. As cidades de São Sebastião e Ubatuba também foram duramente atingidas, com volumes superiores a 600 mm, resultando em deslizamentos de terra, inundações e mais de 60 mortes. O desastre mobilizou forças de resgate e assistência em massa, sendo um marco trágico na história do Litoral Norte paulista.
- Março de 2023 – Petrópolis (RJ). Petrópolis, na região serrana do Rio de Janeiro, também enfrentou uma tragédia no início de 2023, quando fortes chuvas causaram deslizamentos e enchentes. Com um acumulado de 534,4 mm em 24 horas, o evento foi devastador e deixou centenas de mortos e milhares de desabrigados. Essa região já havia sido palco de outro grande desastre climático em 2011, que resultou em 900 mortes e é considerado o maior deslizamento da história do Brasil.
- Novembro de 1991 – Florianópolis (SC). Florianópolis detém o recorde oficial de maior precipitação em 24 horas no Brasil, com 404,8 mm de chuva registrados em novembro de 1991. O volume elevado provocou inundações severas e deslizamentos, afetando diversas áreas da cidade e deixando um rastro de destruição. Essa chuva foi causada por um fenômeno de chuva orográfica, comum em áreas de relevo montanhoso como a capital catarinense.
- Janeiro de 1967 – Caraguatatuba (SP). Outro evento trágico no estado de São Paulo ocorreu em 1967, em Caraguatatuba. Após chuvas intensas, deslizamentos de terra atingiram a cidade e resultaram na morte de mais de 400 pessoas. Esse foi um dos primeiros grandes desastres ambientais associados a chuvas no Brasil e marcou a história de São Paulo.
Recordes globais de precipitação
Embora o Brasil tenha registrado eventos de chuvas impressionantes, eles ainda não se comparam aos maiores volumes de chuva do mundo. A Ilha de Reunião, localizada no Oceano Índico, detém o recorde mundial de precipitação em 24 horas, com impressionantes 1.285 mm registrados durante a passagem de um ciclone tropical em 1966. Em 2005, o furacão Wilma despejou 1.633 mm em um único dia na Península de Yucatán, no México, estabelecendo o recorde do Hemisfério Norte.
Esses números mostram a magnitude dos eventos climáticos extremos em outras partes do mundo, mas os desastres causados pelas chuvas no Brasil, devido às condições geográficas e urbanas, continuam a representar um grande desafio para as autoridades e a população.
Mudanças climáticas e o aumento das chuvas extremas no Brasil
O aumento da frequência e intensidade de eventos climáticos extremos, como as chuvas torrenciais que temos observado no Brasil, está diretamente ligado às mudanças climáticas globais. O aquecimento da atmosfera intensifica os ciclos de evaporação e precipitação, o que resulta em mais episódios de chuvas concentradas em curtos períodos. O Brasil, especialmente as regiões urbanizadas como São Paulo e Rio de Janeiro, sofre as consequências desse fenômeno devido à falta de infraestrutura adequada para lidar com grandes volumes de água.
A combinação de áreas urbanizadas densamente povoadas, solo impermeabilizado e ocupação desordenada em encostas torna cidades como São Paulo e Petrópolis particularmente vulneráveis. O planejamento urbano e as políticas de gestão de desastres precisam evoluir para atender à crescente necessidade de mitigação dos riscos de enchentes e deslizamentos.
Conclusão: a importância da prevenção e da adaptação
Com novos temporais se aproximando e o histórico recente de chuvas extremas, fica claro que o Brasil precisa de uma estratégia mais robusta de prevenção e adaptação aos desastres climáticos. O alerta da Defesa Civil para o próximo fim de semana reforça a urgência de planos de emergência bem estruturados e do investimento em sistemas de drenagem, além de medidas de conscientização e preparo da população.