Guia do Investimento em Renda Fixa: o que é, como funciona e como investir

O investimento em renda fixa está presente em estratégias para todos os perfis, entregando mais estabilidade e previsibilidade para a carteira

Nord Research 26/02/2025 15:15 14 min
Guia do Investimento em Renda Fixa: o que é, como funciona e como investir

Guardar dinheiro é essencial, mas deixá-lo parado pode significar perder oportunidades. Para quem busca segurança e previsibilidade ao investir, a renda fixa se destaca como uma alternativa confiável. Mas como ela funciona e por que tantos investidores optam por essa modalidade? Continue no conteúdo para saber a resposta.

Sumário

O que é renda fixa?

O investimento em renda fixa é uma modalidade na qual o investidor empresta dinheiro para uma instituição financeira, governo ou empresa em troca de uma remuneração predefinida, que pode ser fixa ou variável ao longo do tempo.

Essa remuneração pode ser feita por meio de juros, correção monetária ou uma combinação de ambos. No vencimento do título, a instituição deve devolver o dinheiro ao investidor, acrescido dos rendimentos acordados.

A renda fixa é conhecida ainda por oferecer maior previsibilidade de retorno, pois as condições de remuneração são conhecidas no momento da aplicação.

Rentabilidade na renda fixa: como funciona?

A rentabilidade desse tipo de ativo pode ser definida com base em indicadores de mercado ou por taxas preestabelecidas. Normalmente, corretoras, bancos ou o próprio governo já oferecem condições pré-definidas.

Principais indicadores de rentabilidade

Taxa Selic

Definida pelo Banco Central, é a taxa de juros básica da economia e também a remuneração de títulos de renda fixa como o Tesouro Selic.

Taxa DI

Utilizada por bancos, tem comportamento semelhante à Selic e é comum em CDBs.

Taxa Referencial (TR)

Aplicada na remuneração do FGTS e da poupança, é a mais baixa entre os indicadores.

IPCA-E e IGP-M

Indicadores que acompanham a inflação e são usados para corrigir o poder de compra em investimentos indexados.

Modalidades de renda fixa

A renda fixa pode ser prefixada ou pós-fixada:

  • prefixados: a rentabilidade é definida no momento da aplicação. Exemplo: Tesouro Prefixado 2028 apresenta uma rentabilidade anual já estabelecida de 14,31% — em fevereiro de 2025;
  • pós-fixados: já nesse caso, o retorno varia conforme um indicador, como a Selic. Assim, a rentabilidade do Tesouro Selic vai depender da taxa de juros ao longo do tempo.

Títulos de renda fixa são classificados como valores mobiliários, o que significa que sua emissão e negociação seguem regulamentações específicas do mercado financeiro.

Como funciona a tributação na renda fixa?

A tributação favorece investidores que mantêm os recursos aplicados por prazos mais longos, já que o imposto de renda é regressivo. As alíquotas aplicadas sobre os rendimentos são:

  • Até 180 dias: 22,5%;
  • De 181 a 360 dias: 20%;
  • De 361 a 720 dias: 17,5%;
  • Acima de 721 dias: 15%.

O imposto é cobrado apenas sobre os rendimentos, sem incidir sobre o valor investido.

Investimentos isentos de imposto de renda

  • Poupança;
  • Letras de Crédito Imobiliário (LCI);
  • Letras de Crédito do Agronegócio (LCA);
  • Certificados de Recebíveis Imobiliários (CRI);
  • Certificados de Recebíveis do Agronegócio (CRA).

Saques realizados antes de 30 dias estão sujeitos ao Imposto sobre Operações Financeiras (IOF), cuja alíquota reduz até zerar no trigésimo dia.

Fundo Garantidor de Crédito: segurança nos investimentos em renda fixa

O Fundo Garantidor de Crédito (FGC) oferece uma camada de segurança para investidores em renda fixa. 

Ele atua como um mecanismo de proteção no caso de inadimplemento por parte das instituições financeiras. Com o FGC, suas aplicações estão cobertas até o limite de R$ 250 mil por instituição e cada CPF pode acumular até R$ 1 milhão a cada quatro anos.

Quais são os ativos protegidos pelo FGC?

É possível contar com o mecanismo de proteção nos seguintes investimentos:

  • poupança;
  • certificados de depósito bancário (CDBs);
  • recibos de depósito bancário (RDB);
  • letras hipotecárias (LH);
  • letras de câmbio (LCs);
  • letras imobiliárias garantidas (LIGs);
  • letras de crédito imobiliário (LCIs);
  • letras de crédito do agronegócio (LCA).

Por exemplo, se um investidor possui R$ 260 mil em um CDB e a instituição falir, o FGC garante o resgate de R$ 250 mil, enquanto R$ 10 mil ficam sem cobertura. Assim, é essencial planejar suas retiradas para permanecer dentro dos limites de proteção do FGC.

Vale ressaltar que o Tesouro Direto é respaldado pelo governo, oferecendo uma segurança adicional sem a proteção do FGC. Contudo, para investimentos em debêntures, letras de câmbio e certificados de recebíveis, não há garantias do governo ou do FGC, exigindo atenção redobrada do investidor.

Principais tipos de investimentos em renda fixa

O mercado financeiro oferece diversos produtos de renda fixa. A seguir, conheça os principais e suas particularidades:

Títulos do tesouro

Os títulos do tesouro funcionam como um empréstimo de dinheiro ao governo. Para isso, são emitidas ofertas em que, ao comprar o título, você receberá a aplicação com juros na data de vencimento. Existem quatro opções principais:

  • Tesouro prefixado: rentabilidade definida na aplicação;
  • Tesouro IPCA+: remuneração é a inflação (IPCA) acrescida de juros;
  • Tesouro Selic: rentabilidade baseada na taxa Selic acrescida de um percentual;
  • Tesouro Renda+:  focado na aposentadoria, com resgates em parcelas ao longo de 20 anos.

Os títulos da dívida pública demonstram que, apesar de a renda fixa ser considerada mais segura, ela ainda apresenta riscos, como o risco de crédito e o risco de liquidez, embora em menor grau. Por exemplo, o Tesouro IPCA+ oferece proteção contra a inflação, mas pode gerar um rendimento inferior caso a Selic aumente significativamente.

Além disso, também pode apresentar desafios de liquidez em momentos de necessidade de venda antecipada, especialmente se houver uma alta significativa na Selic, o que pode impactar o preço dos títulos no mercado secundário.

  • Tesouro Educa+: focado em incentivar famílias a pouparem para a educação, este título é atrelado ao IPCA. Ao investir, o governo devolve o valor acrescido de juros após alguns anos, mantendo o poder de compra.

Se você deseja garantir a educação de seu filho, pode adquirir títulos com vencimento alinhado ao início da faculdade, assegurando recursos corrigidos pela inflação e com acréscimos de juros ao longo do tempo.

Vencimento do Tesouro Direto

O vencimento dos títulos do Tesouro Direto é a data em que o investidor pode resgatar os valores investidos, acrescidos de juros. É importante entender a liquidez, que é a facilidade de converter o título em dinheiro. 

Os títulos apresentam prazos variados, como "Tesouro SELIC+ 2028" e "Tesouro IPCA+ 2028". 

Caso um investidor deseje antecipar o resgate, pode vender o título por meio de uma corretora ou para o próprio Tesouro. No entanto, é possível que o valor recebido seja inferior ao esperado devido a descontos na venda antecipada.

O Tesouro Selic possui maior liquidez, permitindo que o investidor não perceba diferenças significativas entre a compra de um título novo ou de segunda mão, resultando em um valor integral recebido antes do vencimento.

Caderneta de poupança

A caderneta de poupança é um tipo de conta bancária que permite acumular dinheiro com o pagamento de juros pela instituição financeira. Os juros da poupança variam de acordo com a Selic:

  • 6,17% a.a. e taxa referencial (TR) quando a Selic está em 8,5% ou mais;
  • 70% da Selic e taxa referencial (TR) quando a Selic está acima de 8,5%.

O teto de rentabilidade da poupança é um dos motivos pelos quais ela não é considerada um bom investimento. Com risco semelhante, o investidor pode optar pelo Tesouro Direto, que oferece maior rentabilidade, mesmo com a incidência do imposto de renda.

Debênture

As debêntures funcionam como um empréstimo do investidor a uma empresa, que emite títulos e oferece uma taxa de juros como remuneração. Os investidores podem adquirir esses títulos como forma de financiar a dívida da empresa.

Uma opção dentro dessa categoria são as debêntures incentivadas, isentas de imposto de renda, destinadas a investimentos em infraestrutura.

Existem diferentes tipos de debêntures:

  • simples: sem benefício de troca;
  • conversíveis: permitem a troca por ações em um período determinado;
  • permutáveis: possibilitam a troca por ações ou outro título da empresa.

As debêntures podem ser prefixadas ou pós-fixadas. As pós-fixadas costumam utilizar um indicador, sendo o CDI o mais comum. Por exemplo, um título que paga 110% do CDI oferece 1,1 vezes a taxa DI.

Fundos de investimento em renda fixa

Os fundos de investimentos reúnem recursos de vários investidores que compram cotas, e são geridos por profissionais do mercado financeiro. Os resultados são distribuídos proporcionalmente à participação de cada cotista.

Para um fundo ser considerado de renda fixa, pelo menos 80% do patrimônio deve ser investido em ativos dessa classe, como títulos atrelados à Selic, IPCA ou IGP-M. Exemplos comuns incluem títulos do Tesouro, CDBs e letras de crédito.

A gestão é remunerada por uma taxa de administração, que pode impactar a rentabilidade.

Letra de Crédito Imobiliário (LCI)

A letra de crédito imobiliário (LCI) é um título destinado a captar recursos para o setor imobiliário, como financiamentos e reformas. A instituição financeira emite o título e paga uma taxa de juros, utilizando os recursos para oferecer crédito.

A LCI é protegida pelo Fundo Garantidor de Créditos (FGC) e oferece isenção de imposto de renda, tornando-a atraente para investidores. 

É importante não confundir a LCI com o Certificado de Recebíveis Imobiliários (CRI), que não possui a proteção do FGC e não é isento de impostos. No entanto, o CRI pode oferecer juros maiores, compensando os riscos envolvidos.

Letra de crédito do agronegócio (LCA)

A LCA é semelhante à LCI, com resgate isento do imposto de renda e proteção do FGC, mas com destinação dos recursos captados para o agronegócio. Sendo assim, as taxas de juros da LCA são influenciadas pelas atividades agropecuárias, não pelo setor imobiliário.

Também existe o Certificado de Recebíveis do Agronegócio (CRA), que, assim como o CRI, não conta com proteção do FGC nem isenção do imposto de renda.

Letras Financeiras

As Letras Financeiras são instrumentos de captação de recursos que têm como objetivo financiar instituições financeiras. Elas apresentam características específicas que as diferenciam das Letras de Crédito.

  • Utilização do capital: o dinheiro captado por meio das Letras Financeiras é utilizado para operações de crédito da instituição emissora, enquanto nas Letras de Crédito o financiamento é direcionado a setores específicos (agropecuário ou imobiliário).
  • Garantias: as Letras Financeiras não contam com a mesma proteção do FGC que as Letras de Crédito, o que pode implicar em um perfil de risco diferente.

Letra Hipotecária (LH)

A Letra Hipotecária é um título que tem como lastro a hipoteca de bens imóveis, garantindo ao investidor a possibilidade de se valer do bem em caso de inadimplência.

Letra Imobiliária Garantida (LIG)

A Letra Imobiliária Garantida (LIG) é um título de crédito que oferece segurança ao investidor, pois é lastreada por ativos imobiliários, como financiamentos e contratos de compra de imóveis.

Embora a liquidez das LIGs seja moderada, elas são mais negociáveis do que investimentos diretos em imóveis, tornando-se uma opção atrativa para aqueles que buscam diversificação e estabilidade em suas carteiras de investimento.

Letra de câmbio (LC)

A Letra de Câmbio é um título de crédito que representa uma promessa de pagamento em dinheiro, emitido por instituições financeiras e utilizado principalmente em operações de comércio exterior.

Certificado de depósito bancário (CDB)

O CDB é um investimento em renda fixa que permite aos bancos captar recursos, funcionando como um empréstimo. Os juros podem ser prefixados ou pós-fixados, sendo que a taxa DI geralmente serve como base para a remuneração dos CDBs pós-fixados.

Quando a oferta é abaixo de 100% do CDI, o rendimento tende a ser inferior à taxa Selic, tornando esses CDBs menos atraentes para investidores. No entanto, ofertas acima da taxa de juros podem ser interessantes, dependendo das condições do mercado.

Recibos de Depósito Bancário (RDB)

O RDB também serve para captação de recursos pelos bancos, mas muitas instituições digitais o utilizam automaticamente em contas correntes. Esses recibos oferecem remuneração com base no CDI e proporcionam liquidez imediata, permitindo movimentações normais.

É importante comparar as taxas de liquidez imediata com os rendimentos de títulos que oferecem retorno igual ou inferior. O RDB, por ser um recibo, não pode ser transferido para terceiros, e o resgate antecipado não pode ser feito por meio da venda.

Certificado de Recebíveis Imobiliários (CRI)

O CRI é um título de renda fixa que gera um direito de crédito ao investidor, permitindo o recebimento de uma remuneração periódica e o retorno do valor investido no vencimento. 

Ele capta recursos para financiar transações no mercado imobiliário, sendo lastreado em créditos como financiamentos residenciais e comerciais, além de aluguéis de longo prazo. Com isso, o CRI proporciona liquidez ao mercado imobiliário ao antecipar os créditos a serem recebidos.

Certificado de Recebíveis do Agronegócio (CRA)

O CRA é um título de renda fixa lastreado em recebíveis gerados por negócios entre produtores rurais e suas cooperativas. 

Ele envolve financiamentos ou empréstimos relacionados à produção e comercialização de produtos agropecuários. 

As empresas cedem seus recebíveis a uma securitizadora, que emite os CRAs para negociação no mercado de capitais, permitindo que as empresas antecipem o recebimento desses valores.

Depósito a Prazo com Garantia Especial (DPGE)

O DPGE é um investimento em renda fixa destinado à captação de recursos de instituições financeiras menores. 

Para investir, é necessário um valor mínimo de R$ 250 mil. O investimento é garantido pelo Fundo Garantidor de Créditos (FGC), que protege os investidores em caso de insolvência das instituições, assegurando até R$ 40 milhões. O investidor realiza um depósito por um prazo determinado e com uma taxa de juros previamente acordada, tornando-o uma opção segura.

Vantagens do investimento em renda fixa

  • Previsibilidade: os ganhos são definidos na contratação do ativo.
  • Liquidez: o investimento pode ser rapidamente vendido e convertido em dinheiro.
  • Segurança: Proteção do Fundo Garantidor de Créditos (FGC) até R$ 250 mil.
  • Acessibilidade: muitos produtos permitem investimentos iniciais baixos.
  • Incentivos: alguns ativos oferecem reduções ou isenções no imposto de renda.
  • Diversidade: há uma variedade de opções disponíveis para investidores.

Além disso, o reinvestimento automático proporciona o efeito dos juros compostos. Por exemplo, se um investimento de R$ 10,00 gera R$ 1,00 de juros, o próximo cálculo de juros será sobre R$ 11,00, pois os ganhos são reinvestidos.

Pontos de atenção ao investir em renda fixa

  • Carência: muitos títulos são vendidos com desconto se resgatados antes do vencimento.
  • Inflação: a alta inflação pode reduzir a rentabilidade real dos investimentos.
  • Despesas: o investidor pode enfrentar custos com impostos e taxas administrativas.
  • Come-cotas: o imposto de renda é cobrado semestralmente nos fundos de renda fixa.

Além disso, a questão do crédito é uma desvantagem comum entre diferentes títulos. Por exemplo, uma queda na taxa Selic pode resultar na redução dos juros de todos os ativos.

Qual o perfil do investidor da renda fixa?

A renda fixa é geralmente associada ao perfil conservador, servindo como uma introdução ao mercado financeiro e destacando-se pela segurança. No entanto, investidores moderados e arrojados também utilizam esses instrumentos para diversificação.

Recomendações de investimento por perfil

  • Conservador: 90% em renda fixa, 10% em renda variável.
  • Moderado: 80% em renda fixa, 20% em renda variável.
  • Arrojado: 70% em renda fixa, 30% em renda variável.

Embora as distribuições possam variar, esses percentuais ilustram a importância da renda fixa na diversificação. Essa estratégia busca investimentos com pouca ou nenhuma correlação, evitando que um desempenho ruim em um ativo comprometa os demais, semelhante a colocar ovos em cestas diferentes.

Qual é o melhor investimento em renda fixa?

Não há uma única forma ou ativo ideal em renda fixa. É fundamental realizar análises que comparem critérios de remuneração com o cenário econômico

Uma boa prática é considerar alternativas de baixo risco, como a taxa Selic e a taxa DI, que são facilmente encontradas em produtos financeiros, como CDBs com 100% do CDI.

Se um ativo oferece retorno abaixo dessas taxas, o investidor poderia optar por um título sem esforço e obter um resultado superior. Portanto, essas taxas servem como parâmetros para avaliar a renda fixa.

O conhecimento é essencial para construir uma carteira de investimentos alinhada ao perfil do investidor. Na Nord, você pode aprender a identificar boas oportunidades em renda fixa, considerando seu perfil e o cenário econômico, para potencializar seus ganhos.

Perguntas frequentes

Quanto rende um investimento de renda fixa?

Um investimento em renda fixa tem o critério de remuneração estabelecido no momento da aplicação. Pode ser uma taxa percentual prefixada ou indicadores de mercado, como taxa DI, taxa Selic e IPCA-E.

Qual a diferença entre renda fixa e renda variável

A diferença entre renda fixa e renda variável está na forma como os investimentos são remunerados e na previsibilidade dos ganhos. 

Na renda fixa, a remuneração é definida no momento da aplicação, permitindo ao investidor saber antecipadamente a rentabilidade. Esse tipo de investimento é considerado menos arriscado, mas pode ter oscilações de preços, especialmente em títulos de longo prazo.

 Já na renda variável, a rentabilidade é imprevisível, pois os preços dos ativos oscilam de acordo com fatores econômicos e políticos, tornando-a mais volátil e sujeita a maiores riscos, mas com potencial para retornos mais altos.

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