Green bonds: o que são e como investir em títulos verdes
Os títulos verdes (green bonds) são instrumentos de captação de recursos financeiros para aplicação em projetos de sustentabilidade ambiental. Assim, facilitam a destinação de dinheiro para atividades que promovem o meio ambiente mais equilibrado.
Os green bonds, ou títulos verdes, são ativos ligados a atividades sustentáveis. No entanto, apesar de estarem cada vez mais presentes no mercado financeiro, ainda não são amplamente conhecidos pelos investidores.
Muitas pessoas ficaram surpresas com o anúncio de até R$10 bilhões desses títulos serão emitidos pelo governo brasileiro. Será que vale a pena investir na dívida verde?
Neste artigo, explicamos o que são green bonds para você ter mais opções na renda fixa e diversificar os investimentos. Confira um guia a respeito do tema a seguir!
Sumário
- O que são os títulos verdes (green bonds)?
- Qual foi o primeiro green bond?
- Como funcionam os green bonds?
- Quem pode emitir green bonds?
- Qual é a relação do green bond com o ESG?
- Como saber se um título é verde?
- Quais são as vantagens de investir em green bonds?
- Quais são os riscos de investir em green bonds?
- Como investir em green bonds na B3?
O que são os títulos verdes (green bonds)?
Green bonds são títulos emitidos para captar recursos coletivamente e financiar atividades ambientalmente sustentáveis. A emissão é certificada por agentes de avaliação externa, que verificam a destinação dos recursos, características e viabilidade dos projetos.
As atividades podem ser destinadas a promover um meio ambiente mais equilibrado. É o caso, por exemplo, da conservação e recuperação de rios, florestas e espécies nativas.
Além disso, podem reduzir riscos ecológicos, introduzindo projetos que minimizam o impacto ambiental das atividades econômicas. Edifícios-verdes, energia renovável e transporte limpo são exemplos.
Em resumo, os projetos conciliam atividades econômicas com o impacto ambiental. Não se trata de uma captação de doações, mas do financiamento com direito a receber a aplicação financeira com juros.
Qual foi o primeiro green bond?
O primeiro green bond foi emitido pelo Banco Europeu, em 2007, e lançado pelo Banco Mundial, em 2008. Seu objetivo era captar recursos para lidar com efeitos das mudanças climáticas, como projetos de energia limpa e gestão de resíduos.
No Brasil, a BRF emitiu o primeiro título verde, em 2017. A captação alcançou US$ 500 milhões para projetos de energia renovável nas operações da empresa.
Como funcionam os green bonds?
Os green bonds apresentam um funcionamento similar aos títulos de renda fixa em geral. No entanto, procura conciliar o retorno financeiro com a convergência de valores e maior transparência na destinação dos recursos.
Investimento em dívida pública ou privada
As aplicações são realizadas com a expectativa de receber o capital com juros na data do vencimento. Isso pode ser feito diretamente pelo investidor ou indiretamente com a compra de cotas de fundos.
Rentabilidade
A rentabilidade dos green bonds pode ser prefixada ou pós-fixada. Na pré-fixada, o título determina uma taxa de remuneração. No pós-fixado, o percentual segue indicadores de mercado, que podem oscilar ao longo do tempo. Por fim, há os títulos híbridos que combinam as duas modalidades.
Por outro lado, a renda variável com títulos verdes é comum com a aplicação indireta com fundos de investimentos em direitos creditórios (FIDC). Nesse caso, os ganhos dependem do desempenho do ativo. Se o fundo, por exemplo, apresentar lucro, a remuneração é compartilhada proporcionalmente às cotas dos investidores.
Riscos
Os riscos são similares aos demais títulos de dívida. Por isso, dizem respeito principalmente às chances de descumprimento das condições previstas, como atrasos e inadimplementos.
Na prática, o investidor se torna uma espécie de segurador da dívida. Se tudo funcionar corretamente, o dinheiro é retornado com os juros. Caso contrário, quem comprou o título pode ter prejuízos.
Certificação por agente de avaliação externa
Os green bonds recebem um selo que confirma a destinação de recursos para atividades de sustentabilidade ambiental. É o principal fator para, na prática, diferenciar um título verde de uma aplicação comum na renda fixa.
Rating verde
Os green bonds contam com rating-verde. Essa nota se refere ao atributo sustentável, sendo paralela à avaliação de crédito. Por exemplo, um título pode ser excelente do ponto de vista verde, mas oferecer alto risco de crédito.
Classes de ativos
Os títulos verdes acompanham as características de suas classes de ativos. Por exemplo, uma debênture verde é um valor mobiliário, emitido por empresas para captação de recursos.
Muitas classes de títulos verdes contam com benefícios fiscais. CRI, CRA e debêntures incentivadas são os principais exemplos no crédito privado.
Em relação aos títulos públicos, o governo brasileiro já anunciou a emissão de R$10 bilhões em green bonds. Os recursos serão destinados ao fundo do clima, gerido pelo BNDES.
Quem pode emitir green bonds?
Os green bonds são emitidos por governos, empresas ou entidades multilaterais (Banco Mundial, ONU, FMI, entre outras). Geralmente, funcionam como títulos convencionais, mas trazem a vinculação dos recursos aos projetos de sustentabilidade ambiental.
Pré-emissão
A emissão começa com uma fase preparatória. Nela, são realizadas análises de risco, desenho de projetos e adaptação aos requisitos de elegibilidade dos títulos verdes. Então, a documentação é enviada ao agente de avaliação externo para obter a certificação.
Emissão de títulos
A seguir, as empresas, governos e entidades multilaterais preparam as ofertas de títulos no mercado. Embora procurem investidores com propósito de contribuir para as questões ambientais, os títulos oferecem remuneração com juros e podem atrair o público preocupado apenas com os rendimentos.
Pós-emissão
A etapa de pós-emissão acontece com o acompanhamento do projeto. Caso os compromissos-verdes não sejam cumpridos, a emissora perde a certificação.
Qual é a relação do green bond com o ESG?
ESG é o termo utilizado no contexto empresarial para abordar o compromisso de uma empresa com questões ambientais, sociais e de governança corporativa. A sigla vem do inglês e significa Environmental, Social and Governance. Pautados nesses três pilares, as companhias passaram a lançar títulos no mercado vinculados a tais aspctos, como os green bonds.
No entanto, os títulos verdes não são os únicos papéis que derivaram do ESG. Conheça os demais abaixo!
Título social
Os projetos de desenvolvimento socioeconômico podem estar ligados à assistência básica, saúde, renda, emprego, entre outros indicadores. Nesse caso, o foco do título não é o impacto ambiental, ainda que haja a preocupação com mitigar esses riscos no projeto.
Títulos socioambientais
Os títulos socioambientais estão vinculados a projetos que combinam sustentabilidade social e ambiental. Um exemplo são projetos para atividades econômicas que convivem com a natureza, como ecoturismo e agricultura sustentável.
Títulos vinculados à sustentabilidade
Os títulos vinculados à sustentabilidade possibilitam que os emissores alcancem metas ESG. Por exemplo, uma empresa poderia buscar a redução das emissões de gases poluentes, emitindo debêntures para captar recursos para o projeto.
Os ativos ESG também podem incluir soluções de renda variável. Fundos de índice (ETFs) e Fundos de Investimento em Direitos Creditórios (FIDC) são exemplos.
Como saber se um título é verde?
As informações sobre títulos verdes podem ser encontradas nas descrições e documentações dos ativos. No caso dos fundos, os investimentos sustentáveis são identificados pela sigla “IS”.
Ao consultar as informações, é possível verificar quem é o agente externo responsável pela classificação do título verde, como Climate Bonds Initiative (CBI) e International Capital Market Association (ICMA).
Atualmente, muitas corretoras já separam títulos ESG em suas plataformas. Como resultado, é mais fácil para o investidor localizar esses ativos e aplicar recursos no segmento.
Quais são as vantagens de investir em green bonds?
Os green bonds oferecem benefícios para o investidor. Confira abaixo alguns dos principais!
Apoiar iniciativas de sustentabilidade ambiental
As pessoas que se identificam com os compromissos ambientais podem investir em projetos que, além de rentabilidade, geram crescimento sustentável.
Encontrar mais transparência no uso dos recursos
A destinação dos recursos é conhecida no investimento e certificada por organismos externos, o que torna o processo mais transparente.
Contar com isenções do imposto de renda
Os títulos verdes, quase sempre, se enquadram em classes de ativos com incentivos fiscais, como CRA, CRI e debêntures incentivadas.
Encontrar opções com ótima avaliação de crédito
Geralmente, os emissores são entidades que apresentam baixo risco de crédito, tais como companhias de saneamento, água, energia, infraestrutura e governos.
Quais são os riscos de investir em green bonds?
Os títulos verdes também contam com alguns pontos de atenção para o investidor. Saiba mais sobre esses aspectos a seguir.
Investir sem a segurança do FGC
Os títulos verdes geralmente adotam classes de ativos sem a proteção do Fundo Garantidor de Crédito (FGC) em caso de inadimplemento. Dessa forma, não há resguardo ao investidor no cenário onde o emissor do papel não cumpre sua responsabilidade.
Não haver penalização para o descumprimento do projeto
O green bond perde o certificado se os recursos não forem para o projeto, mas não há penalidades específicas para os emissores. Dessa forma, um investidor pode adquirir um título pensando na proposta ambiental, mas ela pode ser dissolvida com o tempo.
Comprar títulos com juros mais baixos
Os títulos verdes podem ser emitidos com o objetivo de crédito mais barato para empresas e governos, o que, muitas vezes, os tira das opções rentáveis.
Como investir em green bonds na B3?
Os green bonds podem ser encontrados nas corretoras de valores e no mercado de balcão da B3. Na prática, são títulos de renda fixa com certificações específicas quanto à destinação dos recursos. Você pode aplicar nesses ativos a partir das diferentes classes de produtos financeiros abaixo.
Debêntures verdes
As debêntures verdes captam recursos para projetos empresariais. Se o título for do tipo incentivado, como os títulos de infraestrutura, o Imposto de Renda (IR) não é cobrado do investidor.
Certificado de Recebíveis do Agronegócio (CRA)
O CRA é um instrumento emitido por empresas do agronegócio por meio de securitizadoras. Uma vantagem desses ativos é a isenção do IR. Por outro lado, diferentemente da Letra de Crédito do Agronegócio (LCA), não existe a proteção do FGC.
Certificado de Recebíveis Imobiliários (CRI)
Os Certificados de Recebíveis Imobiliários têm emissão similar a CRA, mas os recursos são voltados para projetos imobiliários. É um setor que pode se beneficiar bastante dos títulos verdes com a captação de recursos para construção de edifícios sustentáveis.
Fundos de Investimento em Direitos Creditórios (FIDC)
O FIDC investe em direitos de crédito do comércio, indústria, construção civil, entre outros. Para receber o selo-verde, os ativos do portfólio do fundo precisam estar relacionados aos projetos sustentáveis. Além disso, esse tipo de fundo é um exemplo de aplicação em green bonds de renda variável, pois a lucratividade do investidor depende do desempenho do fundo.
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Os green bonds podem se transformar em uma tendência de investimentos, considerando a importância do ESG nos dias atuais. Com as análises e recomendações, você acompanhará as mudanças no mercado financeiro, encontrando as melhores oportunidades e mitigando os riscos nos investimentos.
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Resumindo
O que significa green bonds?
Green bonds são instrumentos emitidos no mercado financeiro para captar recursos para projetos com impacto ambiental positivo. Eficiência energética, gestão de resíduos e restauração da biodiversidade são alguns exemplos. No Brasil, eles são chamados pela tradução literal do termo em inglês, ou seja, títulos verdes.
Quem são os emissores de green bonds?
Os green bons podem ser emitidos por governos, empresas privadas e entidades multilaterais. Antes da emissão, os títulos verdes são submetidos a agentes externos de avaliação, que reconhecem a destinação dos recursos para projetos sustentáveis.