GOLL3 valoriza 58,3%. Confira maiores altas e baixas do Ibovespa em junho

Destaque para as aéreas Gol (GOLL3) e Azul (AZUL4), que decolaram +58,3% e +29,7% respectivamente

Victor Bueno 03/07/2023 13:40 8 min Atualizado em: 04/07/2023 11:09
GOLL3 valoriza 58,3%. Confira maiores altas e baixas do Ibovespa em junho

O Ibovespa subiu +9,0% em junho. O movimento foi impulsionado, novamente, pelo otimismo com o iminente ciclo de cortes na Selic, que deve ser iniciado em agosto.

A primeira semana do mês foi marcada pela divulgação do principal dado de inflação no Brasil, o IPCA, que mostrou nova desaceleração na pressão de preços e veio, mais uma vez, abaixo das expectativas do mercado (0,23% contra 0,33% das projeções).

O controle inflacionário empolgou os investidores, que seguiram precificando os juros futuros para baixo e acionando, assim, o principal gatilho para a recuperação dos ativos de risco na bolsa brasileira.

Ibovespa versus precificação juros futuros 2025
Fonte: Bloomberg

Vale lembrar que, historicamente, o mercado precifica a probabilidade de um determinado acontecimento — no caso, o corte dos juros — se concretizar (ou não) antes. Logo, mesmo que o Copom tenha mantido a Selic em 13,75% na reunião do último mês, a chance do ciclo de queda começar na próxima é alta.

Com a inflação convergindo para a meta e a sendo mantida em 3% na última reunião do CMN, os investidores começam até a especular a possibilidade de um corte maior, de 0,5 p.p., já em agosto — o que seria uma excelente notícia.

Juros em baixa, bolsa em alta. Foi exatamente o que vimos em junho e o que provavelmente veremos nos próximos meses.

Entre as 86 ações que compõem a carteira teórica do Ibovespa atualmente, 72 apresentaram desempenho positivo e apenas 14 fecharam o último mês em queda.

A alta mais relevante de junho ficou por conta da Gol (GOLL4), cujas ações subiram +58,3% no período. Na ponta negativa, o grande destaque foi para os papéis da Méliuz (CASH3), com desvalorização de -12,2%.

Confira agora as 5 maiores altas e as 5 maiores quedas em junho.

5 maiores altas da bolsa de valores
Gol (GOLL3) +58,3%

Manchete do site Poder360 diz "Brasil registra recorde de passageiros aéreos em maio"
Fonte: Poder360

Puxando o ranking das maiores valorizações do mês, está a Gol, que viu suas ações acumularem alta de impressionantes +58,3% em apenas 21 pregões.

O movimento pode ser explicado por um conjunto de fatores, em especial a melhora significativa do cenário macroeconômico, que permite uma recuperação mais acelerada de um dos setores mais afetados nos últimos anos com a pandemia.

Com a inflação pressionando menos o consumo doméstico e o barateamento do combustível de aviação, o Brasil registrou recorde de passageiros aéreos no país desde 2015 no mês anterior (o que deve se repetir nos dados de junho e posteriores).

O melhor momento setorial e individual fez com que grandes bancos, como o HSBC, elevassem suas recomendações para compra dos papéis da Gol — contribuindo ainda mais para o desempenho mensal de GOLL4.

YDUQS (YDUQ3) +40,9%

Em seu segundo mês seguido figurando no Top 5 de maiores altas do Ibovespa, as ações da YDUQS subiram +40,9% em junho. No ano, os papéis da empresa educacional já acumulam valorização expressiva de +94,9% — praticamente dobrando seu valor de mercado em apenas seis meses.

A empresa já era uma das apostas no início do ano, tendo em vista as expectativas do mercado quanto a possíveis mudanças no FIES pelo atual governo, além do crescimento do ensino a distância, que vem compensando parte da queda no volume do ensino presencial.

Além disso, a companhia, que é dona de grandes nomes do ensino superior brasileiro, como Estácio e Ibmec, se mantém como favorita entre os bancos e corretoras para se beneficiar do ciclo atual de menor pressão inflacionária e corte de juros.

Agora, depois do rali nos últimos meses, é natural que algumas instituições comecem a rebaixar suas recomendações para YDUQ3, o que pode fazer com que suas movimentações percam força daqui para frente.

Vale lembrar que os papéis da YDUQS chegaram a cair -88,3% desde as máximas pré-pandemia. Mesmo com as altas em 2023, as ações ainda precisariam valorizar cerca de +200% para retomar os patamares de 2020.

Azul (AZUL4) +29,7%

Mais uma que também estava na lista de maiores altas no mês anterior, a Azul acompanhou seus papéis valorizarem +29,7% em junho.

Assim como a Gol, a Azul também vem se beneficiando de uma melhora nas perspectivas macroeconômicas no país, que já vêm trazendo resultados positivos para o setor aéreo, principalmente na recuperação dos dados de demanda doméstica.

Manchete do site Monitor do Mercado diz 'Azul anuncia participação antecipada de 86% nas ofertas de troca de dívidas"
Fonte: Monitor do Mercado

Outro ponto importante que contribuiu para mais um forte movimento de alta de AZUL4 foi o anúncio feito pela companhia da participação antecipada de 86% nas ofertas de troca de títulos de dívidas com vencimentos em 2024 e 2026.

A procura por uma melhor gestão de sua estrutura de capital tem sido, inclusive, a principal propulsora para as ações da Azul em 2023.

Bancos e corretoras seguem com AZUL4 como sua preferência no setor, em detrimento à GOLL4, que ainda continua buscando melhorar sua situação financeira e entregar bons resultados aos seus acionistas.

Assaí (ASAI3) +27,9%

Ao contrário das anteriores, as ações do Assaí haviam participado do infeliz ranking de maiores quedas do mês de maio. Em junho, porém, veio a recuperação e seus papéis tiveram alta de +27,9%.

Além dos fatores reabilitação e melhora generalizada da bolsa brasileira, o Assaí também trouxe alguns motivos para animar seus acionistas.

O primeiro deles foi o fim da pressão vendedora nos papéis do atacarejo após a saída total do Grupo Casino, que vendeu os quase 12% que ainda possuía em ASAI3, resultando em um volume financeiro no dia da transação 8x maior que sua média diária.

Desvencilhado do Casino, o Assaí também anunciou uma nova emissão bilionária de debêntures visando à plena manutenção de suas operações, o que também impulsionou suas ações na última semana do mês.

Braskem (BRKM5) +24,0%

Apesar de um último pregão negativo em que foi puxada pela queda das ações da Petrobras, a Braskem (a estatal possui 47% da empresa) fechou a lista das 5 maiores altas do mês de junho, com valorização de +24% de seus papéis.

Manchete site Pipeline diz "Unipar faz proposta para compra do controle da Braskem"
Fonte: Pipeline

O principal fator que contribuiu para a movimentação de BRKM5 foi a proposta da Unipar (UNIP6) de comprar o controle da Braskem por R$ 10 bilhões.

Os valores e os termos foram bem recebidos pela atual controladora, a Novonor (antiga Odebrecht), e seriam superiores, inclusive, ao que foi oferecido pela Apollo e a Abu Dhabi National Oil na proposta realizada em maio.

Com uma possível saída da Novonor, que segue em recuperação judicial, e a entrada da Unipar, uma operadora histórica no mercado de petroquímicos, os investidores passaram a precificar potenciais melhorias para a Braskem e sua situação financeira atual.

As negociações seguem em andamento, mas não devem se alongar demasiadamente, tendo em vista que a proposta tem prazo de 30 dias (grande parte já passou) e, caso existam muitas dificuldades, a Unipar não deverá insistir. Aguardemos.

5 maiores quedas da bolsa de valores

Méliuz (CASH3) -12,2%

As ações da Méliuz puxaram o ranking de maiores quedas do Ibovespa em junho, com baixa de -12,2%.

Grande parte do movimento se deve à operação realizada pela companhia de agrupar e, ao mesmo tempo, desdobrar os papéis de CASH3. Isso mesmo, a Méliuz fez um grupamento de 100 ações em apenas uma e, simultaneamente, a desdobrou em 10 ações.

Com uma proposta extremamente polêmica (e danosa para os minoritários), o plano da empresa de afastar suas ações do temido fantasma do R$ 1 e atrair novos investidores acabou saindo pela culatra.

Magazine Luiza (MGLU3) -11,3%

Mesmo com as sinalizações positivas para o início de um ciclo de queda da Selic, um dos setores mais sensíveis aos juros — o varejo — emplacou quatro empresas no Top 5 de maiores quedas de junho, a começar pelo Magalu.

Os papéis da varejista apresentaram baixa de -11,3% após os pedidos desesperados de sua dona para que Campos Neto iniciasse os cortes na reunião do último mês, o que todos já sabiam que não aconteceria.

O pedido jogou ainda mais luz para os problemas que o Magalu vem enfrentando em entregar melhores resultados aos seus acionistas, que acompanharam a empresa registrar o maior prejuízo de toda a sua história no 1T23.

Alpargatas (ALPA4) -10,9%

Apesar de sua controladora (Itaúsa) ter aumentado sua “aposta” nas ações da Alpargatas recentemente, isso não impediu que os maus resultados apresentados por ela afastassem o interesse de outros investidores por ALPA4, que caiu -10,9% em junho.

Via (VIIA3) -9,7%

Ainda que a nova gestão da Via tenha anunciado a busca por uma reestruturação mais acelerada da companhia (o que incluiria até uma nova oferta de ações), o comunicado mais duro do Copom contribuiu para que suas ações caíssem -9,7% no último mês.

Além disso, Michel Klein, da polêmica família fundadora da Casas Bahia, processou a Via para que a empresa liberasse os imóveis dados como garantia de pagamento de passivos fiscais e trabalhistas, o que derrubou, novamente, VIIA3 no último pregão de junho.

Petz (PETZ3) -9,2%

Na contramão das últimas três varejistas, a Petz é uma companhia que entrega grande visibilidade de crescimento no longo prazo para seus acionistas, com planos consistentes de expansão e digitalização no mercado pet brasileiro.

No mês, porém, as ações da empresa apresentaram baixa de -9,2% — corrigindo o movimento de alta de maio, mas sem grandes novidades negativas que possam impactar a tese daqui para frente.



Tópicos Relacionados

Compartilhar